quinta-feira, 19 de março de 2015

Número de estrangeiros mortos em ataque na Tunísia sobe para 20

O número de turistas estrangeiros que morreram no ataque desta quarta-feira (18) ao Parlamento e ao museu nacional da Tunísia cresceu para 20, informou o governo do país nesta quinta-feira (19). Três cidadãos tunisianos também morreram no ataque.
Nesta quarta, as autoridades haviam contabilizado 17 estrangeiros e dois tunisianos mortos, além dos dois suspeitos. As novas vítimas haviam ficado feridas na ação.
Dois homens armados abriram fogo contra um ônibus de turistas no Museu Bardo, que fica no mesmo complexo que o Parlamento, e fizeram reféns no local. Eles foram mortos após horas de operação. O ataque foi o pior realizado no país em mais de uma década.
Os dois homens foram identificados pelo governo como Yassine Abidi e Hatem Khachnaoui, dois nomes tipicamente tunisianos. O porta-voz do ministério do Interior afirmou que "provavelmente" os responsáveis pelo ataque são tunisianos. Um deles seria conhecido das forças de segurança. As autoridades destacaram a possibilidade de que eles teriam dois ou três cúmplices.
Entre os estrangeiros mortos, segundo informações da Tunísia e dos países de origem das vítmas, estão quatro italianos, dois franceses, dois colombianos (um deles com dupla nacionalidade australiana), três japoneses, dois poloneses, dois espanhóis e um britânico. A nacionalidade de quatro pessoas ainda é desconhecida. Eles estavam em um tour de um cruzeiro que havia feito escala no país.
Também morreram três tunisianos, sendo um policial, um motorista de ônibus e o terceiro ainda não identificado. As autoridades locais trabalhavam nesta quinta-feira (19) na identificação das vítimas.
A agência Efe afirma que um brasileiro estaria entre as vítimas, de acordo com fontes consulares latino-americanas. No entanto, a informação não é confirmada oficialmente. Procurado pelo G1, o Itamaraty disse que "não há brasileiros entre as vítimas fatais nem entre os feridos que portavam alguma documentação", segundo averiguou o Encarregado de Negócios do Brasil em Túnis, mas observou que ainda há corpos que não foram identificados. O funcionário também verificou que "não há brasileiros ausentes nos dois cruzeiros de onde procedem as vítimas estrangeiras identificadas", segundo nota.
Turistas correm enquanto policiais armados dão cobertura durante tiroteio no complexo do Parlamento da Tunísia em Túnis, em imagem reproduzida de um vídeo. Pelo menos 20 pessoas foram mortas no ataque de militantes que não foram inicialmente identificados (Foto: Reuters/Tunisia TV)Turistas correm enquanto policiais armados dão cobertura durante tiroteio no complexo do Parlamento da Tunísia em Túnis, em imagem reproduzida de um vídeo. Pelo menos 20 pessoas foram mortas no ataque de militantes que não foram inicialmente identificados (Foto: Reuters/Tunisia TV)
Cruzeiros
O navio da MSC Cruzeiros, um dos dois cruzeiros cujos passageiros foram afetados no ataque partiu nesta quinta-feira do porto da cidade, informou a companhia.
Trata-se do "MSC Splendida", que saiu do porto de La Golette, nos arredores da capital da Tunísia, após receber as permissões das autoridades, segundo a fonte.
O navio, junto a outro da companhia Costa Cruzeiros, o "Costa Fascinosa", estavam atracados ontem em Túnis e alguns de seus viajantes realizavam passeios no centro da capital quando aconteceu o ataque jihadista.
O "Costa Fascinosa", no qual viajam mais de 3.000 pessoas em uma rota de uma semana por diversos cidades do Mediterrâneo, também já deixou o porto tunisiano.
Nove dos 17 turistas que morreram eram passageiros do cruzeiro MSC Splendida. As vítimas fatais do cruzeiro eram dois colombianos, dois franceses, três japoneses e dois espanhóis, segundo a MSC.
Outros 12 passageiros ficaram feridos no ataque e seis ainda não retornaram à embarcação: dois espanhóis, um belga, um britânico, um francês e um japonês.
Segundo informaram à Agência Efe fontes da MSC, a companhia decidiu deixar em Túnis um agente que se ocupará de buscar os passageiros ainda não localizados.
Também se encarregará de realizar todas as gestões para completar a identificação dos mortos e dos feridos que permanecem no país norte-africano, no total cerca de 50 pessoas, segundo as fontes.
O ataque
O premiê tunisiano informou que os atacantes, vestindo uniforme militar, abriram fogo contra os turistas, enquanto estes desciam de ônibus, antes de persegui-los dentro do prédio. Uma centena de turistas estava no museu quando "dois homens ou mais, armados com kalashnikov" lançaram o ataque.
As autoridades informaram que os dois atacantes morreram durante o ataque, no qual 44 pessoas ficaram feridas.
Este ataque terrorista, segundo o ministério do Interior, afeta o país pioneiro da Primavera Árabe que, ao contrário dos demais Estados que viveram movimentos contestatórios em 2011, conseguiu escapar até então da onda de violência ou de repressão.
"A operação terminou", anunciou o porta-voz do ministério Mohamed Ali Arui às 15h GMT (12h de Brasília), quatro horas após o início da crise.
"Vimos que não eram foguetes, mas terroristas que atiravam em todo o mundo que caminhava pela praça. Depois entraram no museu', disse à rádio espanhola Cadena Ser, Josep Lluis Cusidó, um turista que sobreviveu ao ataque.
O turista disse que depois conseguiu se refugiar atrás de uma coluna e que precisou ficar no chão por três horas.
Uma funcionária do museu disse ter ouvido "intensos disparos" por volta do meio-dia.
"Meus amigos gritavam: 'fujam, fujam, são tiros'", relatou à AFP Dhuha Belhaj Alaya.
Policiais são vistos do lado de fora do Parlamento da Tunísia nesta quarta-feira (18) (Foto: Zoubeir Souissi/Reuters)

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