domingo, 30 de maio de 2021

Participante de ato bolsonarista em Brasília morre de Covid

 A servidora aposentada do Tribunal de Justiça  de Mato Grosso (TJMT), Jane Toniazzo, morreu vítima de complicações da Covid-19 poucos dias de depois de retornar de Brasília, onde participou das manifestações do Movimento Brasil Verde e Amarelo, no último dia 15 de maio,  em apoio ao presidente da República Jair Bolsonaro. 

Moradora de Campo Novo do Parecis (a 391 km de Cuiabá), ela embarcou para o Distrito Federal no dia 13, junto com os filhos e outros bolsonaristas, em ônibus bancado pelo Sindicato Rural do município, com apoio da Aprosoja e incentivado pelo prefeito Rafael Machado e pelo vice Toninho Brolio, ambos do PSL.

Além de apoiar Bolsonaro, os manifestantes defendiam o voto impresso, independência entre os Poderes e protestavam contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e as medidas restritivas adotadas pelos governadores contra a Covid-19. Os mais radicais são contra até mesmo o uso da máscara facial.

Na internet,  Jane Toniazzo defendia o  tratamento precoce contra a Covid-19 com  medicamentos sem eficácia comprovada  como hidroxicloroquina, azitromicina e ivermectina. Além disso, atacava adversários de Bolsonaro e tinha diversas postagens com “alerta de fake news” aferidos pelo  próprio Facebook.

Jane Toniazzo deixa dois filhos:  Dóris Aline e  filho Patrick Toniazzo.

Além disso, há notícias de participantes do Movimento Brasil Verde e Amarelo de outros municípios infectados pela  Covid-19. Em Sinop,  já há hospitalizações.

terça-feira, 25 de maio de 2021

O jovem cientista que estudava impacto do coronavírus no cérebro e morreu de covid

 O novo coronavírus pode ter interrompido abruptamente a vida do paraense Nilton Barreto dos Santos, morto aos 34 anos na noite do último dia 4, mas não seu propósito de vida: o jovem biomédico de carreira meteórica que, coincidentemente, investigava o impacto do novo coronavírus no sistema nervoso central teve parte dos tecidos do pulmão, do coração e do cérebro coletados após a morte para que a pesquisa desenvolvida por ele e seus colegas continue avançando.

A família de Santos, que autorizou a autópsia, quer ajudar a decifrar os mistérios de um vírus que já matou milhões em todo mundo e deixa sequelas ainda não totalmente entendidas pela ciência.

"Autorizamos a coleta do material tecidual dos pulmões, do coração e cérebro do Nilton para entender melhor essa doença. Por exemplo, por que ela está acometendo jovens sem comorbidades como ele, e evitar que outras famílias passem pelo sofrimento que estamos passando", diz à BBC Brasil a engenheira Sâmia Maracaípe, viúva de Nilton.

"Quero poder continuar o legado dele de alguma forma", acrescenta.

Um legado de amor à pesquisa e à ciência.

Natural de Abaetetuba, no interior do Pará, Nilton mudou-se para os subúrbios da capital, Belém, onde conheceria a futura mulher Sâmia - os dois eram vizinhos e estudavam na mesma escola. Começaram a namorar no Ensino Médio e estavam juntos havia 16 anos.

Na capital paraense, Nilton cursou graduação e mestrado em neurociência e biologia celular pela Universidade Federal do Pará. Em 2012, mudou-se para São Paulo, onde ingressou no ICB (Instituto de Ciências Biomédicas) da USP.

Ali, foi aprovado no doutorado e em dois pós-doutorados. Investigava o processo de inflamação do cérebro, principalmente gerado pelo estresse, e como isso modifica o funcionamento das células, contribuindo para o desenvolvimento de doenças como a depressão.

Bolsa no exterior

O esforço com o qual se dedicava à essa pesquisa foi recompensado no ano passado: Nilton foi aprovado em um intercâmbio no hospital Mount Sinai, um dos mais prestigiados dos Estados Unidos.

Mas a pandemia de covid-19 mudaria seus planos. A viagem, que aconteceria em janeiro de 2020, foi remarcada para janeiro do ano que vem.

Diz sua orientadora, Carolina Munhoz, professora do Departamento de Farmacologia do ICB/USP: "O consulado americano suspendeu a emissão dos vistos e, logo depois, as fronteiras foram fechadas. O sonho do Nilton, desde que ele veio para São Paulo, era fazer um estágio no exterior".

"Ele era brilhante e sensacional, uma pessoa com quem adorávamos trabalhar. Ele sempre pensava no coletivo", acrescenta.

Carolina lembra que Nilton havia acabado de publicar um estudo do qual era coautor na aclamada revista científica Nature Neuroscience.

"O que me dói mais nisso tudo é que ele realmente estava no auge da carreira dele e a ponto de colher os frutos de seu trabalho árduo", lamenta ela.

"Ele estava se preparando para poder prestar concurso. Tinha um currículo imbatível, mas até os concursos foram suspensos. Não tinha vaga."

Mas Nilton não esmoreceu. Apesar da frustração diante da mudança forçada de planos, ele passou a se dedicar a pesquisar, com outros colegas, o impacto do coronavírus no sistema nervoso central.

O objetivo era entender se o vírus, que ataca e mata os neurônios, pode aumentar a propensão para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas, como demência, por exemplo.

"Nilton era muito curioso, característica primordial para qualquer cientista. Quando a pandemia chegou ao Brasil e as coisas se agravaram, nossas atividades foram suspensas. E começamos, dentro das nossas limitações, a investigar o assunto", conta Carolina.

"Estávamos tentando correlacionar se a gravidade da infecção no sistema nervoso central correspondia à gravidade da infecção no pulmão, mas não conseguimos comprovar isso pelas amostras que tínhamos", explica.

Infecção e hospitalização

Apesar de o coronavírus ter interrompido temporariamente os planos do casal de passar uma temporada no exterior, Nilton e Sâmia viviam o "melhor momento" de suas vidas, diz ela.

"Quando Nilton veio para São Paulo, em 2012, passamos dois anos à distância. Em 2014, vim para cá. Sou engenheira de formação, mas por necessidade trabalhei em shopping e padaria. Quando o Nilton conseguiu a bolsa e eu passei no mestrado, foi a primeira vez que a gente conseguiu sair do sufoco", conta.

Sâmia não sabe como Nilton foi infectado pela covid. Tampouco por que ele foi o único da família que vive em São Paulo a desenvolver os sintomas mais graves da doença.

"Éramos muito cuidadosos. Nunca deixávamos de usar máscara, evitávamos aglomerações e lavávamos todos os alimentos. Mas Nilton foi o único a agravar. Ele era extremamente saudável e não tinha nenhuma comorbidade", diz.

"Ele teve 90% dos pulmões comprometidos e seu quadro se agravou muito rapidamente."

Nilton ficou internado por dois meses no Hospital Emílio Ribas, em São Paulo, referência para o tratamento de covid, e morreu no último dia 5 de maio.

"Algumas semanas antes da morte dele, pudemos visitá-lo na UTI. Ele estava muito cansado, mas interagindo. Ele se mostrava preocupado com a situação política do Brasil. Sempre fomos muito progressistas. Sempre lutamos pela educação pública de qualidade e ele, pela pesquisa, e esse foi um setor que vem sofrendo seguidos cortes", conta.

"Ele também ficou feliz ao saber que os pais dele finalmente haviam sido vacinados."

Luto e revolta

Sâmia ainda tem dificuldades para enfrentar a dor do luto.

"Nilton é meu esteio. Sempre me apoiou profissionalmente, me engrandeceu, conhecia cada sorriso e cada sentimento que eu tinha, era a pessoa que certamente melhor me conhecia. A gente dormia abraçado todos os dias e para mim está sendo muito difícil. Não sei como vai ser a minha vida daqui para frente, como vou continuar na minha casa rodeada de memórias dele todo o tempo", diz ela.

"Ele foi o meu primeiro namorado, meu marido, o amor da minha vida. Tive a sorte de ter um amor seguro, tranquilo, por 16 anos e só tenho que agradecer a Deus pela oportunidade", acrescenta.

O sentimento é compartilhado pela irmã de Nilton, Neucy, que vive em Belém.

"Ele continua vivo em cada um de nós. Era um irmão maravilhoso, um filho excelente, sempre preocupado com todo mundo", diz.

"Nilton era muito protetor, sempre esteve do meu lado."

Sâmia, com o apoio da família, decidiu autorizar a doação de órgãos de Nilton. Partes do tecido do pulmão, coração e cérebro dele foram coletadas para que a pesquisa desenvolvida por ele continue. O objetivo é tentar entender por que que um paciente sem nenhuma comorbidade evoluiu tão gravemente.

"A saudade nunca vai passar. Mas temos muito orgulho dele. E a sensação de que ele cumpriu o papel dele e continua sua missão. Mesmo depois de sua morte, a pesquisa vai continuar e esperamos que isso possa a salvar outras pessoas", diz Neucy.

Mas não é o só a dor do luto que Sâmia e a família têm que enfrentar, mas também a revolta.

"Estou extremamente revoltada. Nilton morreu de uma doença para a qual já há vacina. Ele foi assassinado por um governo genocida", diz ela, em alusão à gestão do presidente Jair Bolsonaro.

"Temos um governo que não acredita na ciência, que não investe em pesquisa, que odeia professor. É muito cruel", finaliza.

Nilton deixa os pais, Nilton e Maria Nércia, duas irmãs, Nádia e Neucy, e a esposa Sâmia, assim como uma dezena de amigos, muitos cientistas como ele.

quarta-feira, 19 de maio de 2021

Carlos Bolsonaro intervém em compra de sistema de espionagem e expõe crise militar

  A disputa existente entre o alto comando militar brasileiro e o vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro (Republicanos), filho do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), ficou exposta nesta semana por conta de uma licitação para compra de uma ferramenta de espionagem.


Licitações desse tipo geralmente envolvem órgãos oficiais brasileiros de investigação a serem beneficiados, como o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) e a Abin (Agência Brasileira de Informações), mas desta vez eles não aparecem no edital e nas tratativas.


O edital 03/21 do Ministério da Justiça possibilita um gasto de R$ 25,4 milhões, previsto para esta quarta-feira, 19. A intenção é a contratação do programa de espionagem Pegasus, desenvolvido pela empresa israelense NSO Group.

O Pegasus é muito avançado e polêmico, por já ter sido usado para espionar celulares e computadores de jornalistas e críticos de governos em todo o mundo.

Segundo o The New York Times, o software foi usado pelo governo do México, na gestão de Enrique Peña Nieto, para espionar ativistas contrários à sua gestão. O governo chegou a gastar US$ 80 milhões para o uso da ferramenta desde 2011 até 2017.

De acordo com o portal UOL, Carlos Bolsonaro vem tentando diminuir o poder dos militares na área de inteligência e, por isso, articulou com o novo ministro da Justiça, Anderson Torres, excluir o GSI da licitação. O órgão, que é responsável pela Abin, é chefiado pelo general Augusto Heleno e tem muitos militares em seu quadro.

O objetivo do vereador é usar as estruturas do Ministério da Justiça e da Polícia Federal para expandir uma "Abin paralela", onde tenha influência.

Carlos Bolsonaro não se pronunciou sobre o tema. O Ministério da Justiça e Segurança Pública emitiu uma nota dizendo que o processo de licitação visa a "aquisição de ferramenta de busca e consulta de dados em fontes abertas para ser usado, pelo ministério e órgãos de segurança pública, nos trabalhos de enfrentamento ao crime organizado" e que "a referida licitação não tem nenhuma relação com o sistema Pegasus".

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Acadêmicos e advogados pedem ao STF afastamento de Bolsonaro por incapacidade mental

 Um grupo de advogados e professores pediu ao Supremo Tribunal Federal, nesta quinta-feira (13/5), que o presidente Jair Bolsonaro seja submetido a exames para avaliar se ele tem condições mentais de exercer as funções de presidente. Se não for o caso, eles pedem que a Corte declare Bolsonaro incapaz e, consequentemente, o afaste da Presidência da República.



São autores da ação civil os professores de Filosofia Renato Janine Ribeiro (Universidade de São Paulo), que já foi ministro da Educação, e Roberto Romano (Universidade Estadual de Campinas); os professores de Direito Pedro Dallari (USP) e José Geraldo de Sousa Jr. (Universidade de Brasília); e os advogados Alberto Zacharias Toron, Fábio Gaspar e Alfredo Attié, presidente da Academia Paulista de Direito. Eles são representados pelos advogados Mauro de Azevedo Menezes e Roberta de Bragança Freitas Attié.

Na ação, os autores dizem que Bolsonaro não só deixa de tomar medidas para combater a epidemia de Covid-19 como estimula a população a adotar comportamentos que facilitam a contração do coronavírus e recomenda tratamentos ineficazes, como a cloroquina. Além disso, sustentam que o presidente não demonstra empatia nem sentimento de humanidade. Tanto que frequentemente minimiza os danos da epidemia.

Os professores e advogados citam psicólogos e psiquiatras que afirmam que Bolsonaro apresenta indícios de transtorno de personalidade paranoide. Tal condição faz com que a pessoa tenha "um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas", segundo o Manual Estatístico e Diagnóstico (DSM) da Associação Psiquiátrica Americana.

"No caso de Jair Bolsonaro, a fantasia é a de um complô sempre preparado contra si mesmo, levado a cabo por inimigos imaginários, cujos fundamentos ele busca fundar em apreciações pseudocientíficas da realidade, levadas a efeito por arremedos de pensadores que, em verdade, importam, servilmente, no velho comportamento colonialista brasileiro, doutrinas místicas, sob a capa de saberes filosóficos ou sociológicos. Há, nessa imaginação autodestrutiva — e que deseja destruir a sociedade brasileira, sua riqueza, sua democracia e sua soberania — a fantasia de um 'vírus chinês', que deseja controlar o mundo, um apego e uma entrega ao 'ombro amigo americano'", apontam os autores.

Segundo eles, Bolsonaro não tem os mínimos conhecimentos da realidade brasileira e internacional. Pior: o presidente "possui incapacidade de adquirir esses conhecimentos e incapacidade de escolher como auxiliares quem tenha capacidade de suprir essa incapacidade". "Ele se cerca daqueles em que possa abrigar sua autoimagem, de espelhos com os quais dialoga de modo absurdo, (...) repetindo constantes estereótipos de si e do mundo, cuja complexidade o sufoca".

O chefe de Estado e governo deve ter as funções mentais íntegras, como estabilidade emocional, autocontrole, flexibilidade, ajuizamento adequado da realidade, capacidade de discernir críticas de ataques e clareza de raciocínio, destacam os professores e advogados.

"Considerando a alta probabilidade de Jair Bolsonaro apresentar um transtorno de personalidade paranoide, e considerando os prejuízos que tal diagnóstico traz para as funções mentais mínimas para o exercício da função de tão alta responsabilidade, há mais do que razoável suspeita de que ele não seja apto para ser presidente em função de sua condição mental".

Dessa maneira, eles pedem que Jair Bolsonaro seja submetido a exames para avaliação de sua capacidade de praticar atos relativos à função de presidente da República. Se os resultados apontarem sua inaptidão para o cargo, os autores pedem o afastamento liminar de Bolsonaro. Nesse caso, os professores requerem que, ao final do processo, o Supremo declare a incapacidade do presidente.

terça-feira, 11 de maio de 2021

Após mais de 1 ano e 421 mil mortes, Bia Kicis faz sugestão “excelente” a Queiroga: ampliar a testagem da população

 A deputada bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), defensora do tratamento precoce e da cloroquina, que não tem eficácia comprovada contra a Covid-19, parece estar tentando rever seus conceitos com relação à pandemia e fez, neste sábado (8), uma sugestão ao ministro da Saúde, Marcelo Queiroga.

A ideia, classificada como “excelente” pelo ministro, no entanto, chega com um tanto de atraso de mais de 1 ano e após 421 mil mortes em decorrência da doença do coronavírus no país. Ela sugere ampliar a testagem da população, algo que é defendido por especialistas desde os primeiros meses da crise sanitária e que não foi encampado pelo governo que a deputada defende.

Sem máscara, Bia Kicis gravou um vídeo afirmando que Queiroga tem “uma boa notícia”, ao que o ministro disse: “Encontrei nossa querida deputada e conversávamos aqui, ela trouxe uma sugestão, uma sugestão excelente, que é ampliar a testagem da população contra a Covid. Hoje temos os testes rápidos que são muito importantes para a gente selecionar aqueles que tem a doença daqueles que não tem com isso promover o retorno rápido da nossa economia. Então, já estamos com esse projeto em andamento”.

Entre os 15 países em todo o mundo que mais foram afetados pela pandemia, o Brasil é atualmente o país que menos realiza a testagem da Covid.

A sugestão atrasada de Bia Kicis propondo ampliar os testes contrasta com seu negacionismo. Em janeiro, por exemplo, a deputada ensinou um “truque maravilhoso” para burlar o uso obrigatório de máscara de proteção em locais públicos.

Em vídeo postado pela DJ e influenciadora Pietra Bertolazzi, que nas redes se define como “antifeminista” e “anticomunista”, Kicis endossa a ideia de andar com uma garrafa d’água nas mãos para poder não usar a proteção contra a Covid-19. O vídeo não está mais disponível no perfil de Pietra, mas o perfil Brazil CovidFest, que vem denunciando situações do tipo, salvou e divulgou as imagens.

“Gente, a Bia tem um truque maravilhoso para quem não quer usar máscara. Ela tá sempre com uma garrafinha de água. Aí quando falam: ‘senhora, a senhora tem que usar máscara’. Ela fala: ‘só estou tomando uma aguinha, já ponho’. Aí ela nunca põe”, afirma a influenciadora no vídeo, ao que a deputada responde: “É o jeito, né, gente. Não dá. Eu quero respirar, eu preciso respirar”.

sexta-feira, 7 de maio de 2021

Pazuello é aconselhado a ir fardado à CPI e teme ser abandonado por Bolsonaro

 O general Eduardo Pazuello receia acabar como um cão sarnento, daqueles que ninguém quer por perto. Com o avanço da CPI da Covid, o ex-ministro da Saúde teme ficar sem o apoio do governo a que serviu e da corporação a que ainda pertence.

Ilustra essa situação a questão em torno de como ele deverá ir trajado ao depoimento adiado para o dia 19, se de farda ou à paisana.

O comando do Exército já sinalizou preferir que o general se apresente à comissão em trajes civis, de modo a não associar o evento à Força. Amigos, no entanto, vêm aconselhando Pazuello a fazer justamente o contrário: aparecer fardado e com as suas três estrelas sobre os ombros.

A ideia é “amarrar” sua imagem à do Exército para, assim, desencorajar “avanços” de parlamentares, cujos ataques poderiam ser lidos como agressões aos militares.

quinta-feira, 6 de maio de 2021

Apresentador do Manhattan Connection pede demissão em solidariedade a Diogo Mainardi

 O jornalista e comentarista Pedro Andrade anunciou sua saída do “Manhattan Connection”. Segundo o site “O Antagonista”, ele tomou essa decisão em solidariedade a Diogo Mainardi, que pediu demissão do programa na última terça-feira.

Lucas Mendes e Caio Blinder, por razões contratuais, ainda estão à disposição do “Manhattan Connection”. Não se sabe, porém, se o formato permanecerá na TV pública.

O desmonte do “Manhattan Connection” é resultado do intenso burburinho do episódio “vai tomar no c*, Kakay”, registrado na edição da semana passada. (…)

quarta-feira, 5 de maio de 2021

Ao colocar Carlos em cena, Mandetta mira calcanhar de Aquiles de Bolsonaro

 De todos os petardos que o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta disparou ontem da CPI da Covid na direção do Palácio do Planalto, um foi especialmente endereçado ao presidente Jair Bolsonaro.


Com a frieza de político experiente que é, adoçada por um jeito de quem nada quer, o ex-ministro mencionou que Carlos Bolsonaro, o filho mais instável do presidente, ficava "atrás do pai" em diversas reuniões de que participou no Planalto, incluindo aquela em que foi instado a apoiar um decreto presidencial mudando a bula da cloroquina, de modo a incorporá-la como medicamento anti-covid no sistema público de saúde.


Senadores da oposição já haviam apresentado requerimento de convocação de três assessores da Presidência próximos a Carlos Bolsonaro: Tércio Arnaud Tomaz, José Matheus Gomes e Mateus Matos Diniz — todos apontados como integrantes do "gabinete do ódio". O segundo filho do presidente não constava da lista.

Isso até Mandetta colocá-lo dentro da cena. Com o depoimento de ontem, as chances de aprovação de um pedido de convocação do Zero Dois passaram a ser reais.

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) é solitário, introvertido, desconfiado e tem dificuldades de se expressar e de se relacionar.

Mas mantém um vínculo estreito com o pai, que tem para com o filho número dois uma preocupação especial, e vê nele um conselheiro político confiável.

Ultimamente, Carlos tem sido um dos interlocutores mais frequentes do presidente na discussão sobre o partido que ele deve escolher para disputar a reeleição. Foi contra o ingresso do pai no PP, de Arthur Lira, e defende que ele vá para um partido pequeno, em que possa ter o controle da máquina.

O direito de não atender a um chamado das CPIs está restrito aos investigados. Convocados na qualidade de testemunhas, como deverá ser o caso de Carlos Bolsonaro, têm o dever legal de atender o chamado, embora possam se recusar a responder às perguntas dos parlamentares.

O senador Humberto Costa (PT) confirmou ontem que irá apresentar o pedido de convocação do vereador.

Se o Planalto temia pelo desequilíbrio emocional do ex-ministro Eduardo Pazuello, agora é que está mesmo em maus lençóis. Terá que incluir no radar um filho e também um pai.

terça-feira, 4 de maio de 2021

Livre, leve e solto, Queiroz tira onda na praia do Rio

 O miliciano Fabrício Queiroz, apontado pelo Ministério Público como operador do esquema de corrupção da rachadinha do clã Bolsonaro, que consiste no desvio de parte dos salários de servidores, está de bem com a vida. É o que aponta reportagem do jornal O Globo. "Aproveitando a liberdade concedida em março pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), após nove meses em prisão preventiva, Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos), tem utilizado as redes sociais — mais precisamente sua conta no Instagram — para registrar idas à praia e demonstrar apoio a manifestações populares favoráveis ao governo de Jair Bolsonaro", aponta o texto.

"No último fim de semana, Queiroz publicou vídeos no Instagram que mostram bolsonaristas nas ruas ao longo do dia 1º de maio, Dia do Trabalho, cantando o hino nacional e soltando um balão onde o rosto de Jair Bolsonaro. Na legenda de uma publicação, escreveu: 'Subindo rumo a 2022! Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!!'”, indica ainda o repórter.

Grupo entra em igreja católica e destrói imagens religiosas em Osasco (SP)

 Um grupo de quatro pessoas — com dois homens e duas mulheres — entrou na Paróquia Nossa Senhora dos Remédios e destruiu sete imagens religiosas, vasos de flores e banheiros na noite de ontem em Osasco, na região metropolitana de São Paulo. Um dos padres da igreja católica conseguiu questionar um dos suspeitos e o homem teria respondido que praticou a ação "em nome de Jesus". Os suspeitos conseguiram fugir e ainda não foram identificados.

De acordo com uma postagem no Facebook da paróquia, a igreja foi invadida às 21h30 e os vândalos destruíram sete imagens religiosas, entre elas, a de Nossa Senhora dos Remédios, Nosso Senhor dos Passos, Santa Cecília, Sagrado Coração de Jesus e Santo Ubaldo. O grupo também depredou os banheiros do local e quebrou vasos de flores da paróquia. Uma das imagens religiosas destruídas veio da Itália e estava na igreja há 60 anos, segundo o Bom Dia SP, da TV Globo.

Dois dos padres que moram no fundo da paróquia se deslocaram para o local ao ouvirem o barulho da depredação e se depararam com a vandalização no espaço e a fuga dos vândalos por uma porta lateral.

Um dos padres conseguiu alcançar um dos vândalos, que foi abordado por um senhor que estava na avenida durante a fuga, e questionou por que eles tinham destruído a paróquia e ele respondeu que tinha feito isso "em nome de Jesus".

Os suspeitos correram ainda mais e conseguiram entrar em um ônibus da EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos de São Paulo). O padre ainda conseguiu avisar o motorista do transporte que o grupo destruiu a igreja e o motorista teria dito que tinha horário para cumprir e seguiu o trajeto normalmente. "Eu não pude fazer nada", disse o padre da paróquia, Amauri Baggio.

A capela possui câmeras de segurança, no entanto, um dos padres da igreja informou que elas não estão funcionando por estarem em manutenção. A expectativa é que os membros da capela façam um boletim de ocorrência ainda hoje.

Ao UOL, a SSP (Secretaria de Segurança Pública) informou que a Polícia Militar foi acionada na noite de ontem para "atender uma ocorrência de vandalismo em uma igreja localizada na Rua Santa Erotildes, na Vila dos Remédios, em Osasco".

"No local, um padre informou que dois homens e duas mulheres danificaram sete obras e fugiram. As equipes iniciaram buscas na região para localizar os autores do crime e o representante da igreja foi orientado a realizar o registro de boletim de ocorrência", declarou a pasta.

UOL entrou em contato com a EMTU e a Arquidiocese de São Paulo, mas não teve retorno de nenhuma até a última atualização desta matéria.

Paróquia e fiéis lamentam

No Facebook, a paróquia postou vídeos da igreja destruída e escreveu: "Atos de vandalismo têm acontecido pelo mundo todo e dessa vez nossa paróquia foi alvo desse tipo... Graças a Deus todos os padres estão bem, mas infelizmente destruíram praticamente todas as imagens de nossa paróquia que ficavam expostas".

"Não tem como expressar a dor que a gente sente, mas tenho certeza de que a IGREJA VIVA, essa não foi destruída, pelo contrário, sairá mais fortalecida. Com a fé em Deus, a intercessão de Nossa Senhora e a dedicação de todos, vamos reconstruir e deixar nossa igreja melhor", declarou o padre Amauri Baggio em outra postagem no Facebook.

A Diocese de Osasco pediu orações no Facebook para lidar com este momento. "Oremos em desagravo por este ato de vandalismo e profanação da Casa de Deus."

Diversos fiéis também lamentaram a situação na rede social. "Estou MUITO TRISTE. Me casei nessa igreja e batizei meu filho mais velho e minhas sobrinhas. [Essa paróquia] faz parte da minha caminhada de fé. Deus está no comando e nossa igreja está viva!!", escreveu uma.

"Por favor, conte conosco pra ajudar na reconstrução das imagens e com certeza faremos uma ação de graças pra celebrar a reforma de tudo que foi danificado. Eu estou muito triste, fui batizada e me casei nessa igreja, antes disso meus pais trocaram votos nesse altar. Esse lugar tem os votos mais sagrados da minha vida, é importante demais pra mim eu quero ajudar de alguma maneira", comentou outra.

segunda-feira, 3 de maio de 2021

Direita neoliberal já trabalha com hipótese de Bolsonaro nem ir para o segundo turno em 2022

 O articulador de uma candidatura de direita já avalia que, com a CPI da Covid, Bolsonaro pode nem chegar ao segundo turno das eleições de 2022.

É o que diz a coluna do Estadão, que chama essa candidatura de “centro”, que, como se sabe, é o nome que a direita envergonhada dá a uma uma terceira candidatura competitiva em 2022 — Lula é nome certo no segundo turno, caso se candidate e não vença no primeiro turno.

"A preço de hoje, a CPI da Covid deverá ter impacto imobilizador no governo se escancarar erros e omissões no combate à pandemia, avaliam os políticos mais rodados de Brasília. Em um cenário de inflação crescente e postos de trabalho fechados, vai se consolidando o sentimento de que Jair Bolsonaro pode enfrentar dificuldades de chegar ao segundo turno em 2022, algo inimaginável até bem pouco tempo atrás. No centro partidário, presidenciáveis já se movimentam com base nesse novo cenário, o de enfrentar Lula na fase decisiva da eleição”, diz a nota.

O tal articulador diz que o governo é um avião perdendo altitude e sem motor para arremeter: gastou mal no passado e agora não tem “motor” para alavancar Bolsonaro.

A definição de centro torna-se a cada dia mais elástica: Ciro Gomes (PDT), Luiz Henrique Mandetta (DEM), Luciano Huck (sem partido), João Doria (PSDB) e Eduardo Leite (PSDB). Aliás, o grupo de WhatsApp desses presidenciáveis já foi pro brejo.

Todos esses nomes hoje trabalham para a direita.

Segundo a coluna, o governador Renato Casagrande (PSB-ES) passou a ser cotado como novo presidenciável.


“Estou sendo apedrejada na cadeia”, diz mãe de Henry, que acusa Jairinho de farsa

Em nova carta divulgada pelo programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (2), Monique Mendeiros, presa acusada de matar o filho Henry Borel juntamente com o vereador Jairo Souza Santos, o doutor Jairinho, diz que está “sendo apedrejada na cadeia” porque as detentas acreditam que ela permitia que o menino fosse agredido.

“Eu estou sendo apedrejada na cadeia! Todos os dias elas gritam dizendo que vou morrer e que irão me matar, pois acreditam que eu deixava o Jairinho bater no Henry”, diz trecho da carta.

No texto, a mãe de Henry relata uma nova versão – diferente de seu depoimento à polícia – e acusa seu primeiro advogado de de ter montado uma farsa para proteger Jairinho.

Na carta, Monique diz que o primeiro advogado só aceitaria o caso se eles se unissem e combinassem uma versão inventada. A defesa do casal custaria R$ 2 milhões.

“O Dr. André (Barreto, advogado) se apresentou, disse que era casado, que tinha 4 filhos, que estudou para ser padre, que era religioso e que não pegava casos de homicídios se não acreditasse na inocência dos seus clientes e nos separou. Fez uma entrevista particular comigo (…). E depois, fez a mesma coisa com Jairinho separado. No dia seguinte, o Dr. André foi até a casa do pai do Jairinho para conversarmos, mas que só aceitaria o caso se nos uníssemos e combinássemos uma versão inventada (…). Na mesma hora eu questionei por que eu não poderia dizer o que realmente tinha acontecido, já que tinha sido um ‘acidente doméstico’ (…). Eu ainda não estava satisfeita e disse que falaria a verdade, que eu não via problema algum (…). Foi quando a família dele disse que aquela seria a única versão! Que o Dr. André era um excelente criminalista, que ele teria cobrado 2 milhões de reais pelo casal (mas que só depois percebi que a defesa era apenas do Jairinho)”, diz ela, na carta.

Monique ainda afirma que recebeu as informações sobre o laudo do Instituto Médico Legal (IML), que apontam sinais de espancamento e tortura, de Leniel Borel, pai de Henry.

“Leniel me ligou dizendo que havia alguma coisa errada com o exame do Henry. Que estava constando: laceração hepática, por uma ação contundente e hemorragia interna”.

Leniel confirmou ao Fantástico que indagou a esposa sobre o laudo do IML.

“E aí eu mostrei pra ela e falei: olha só, Monique. Tá vendo aqui. Isso aqui não é natural. O policial tava próximo e eu falei: isso é natural? Não. Isso é uma agressão. Ela não falou nada, Carlos. Nada ela falou naquele momento. Ficou quieta. Depois foi pra fora do IML ali e ficou chorando com o irmão mas não falou nada”, disse Leniel. 

Renan: Não podemos ignorar quem diz que vai transformar a PF em polícia política

 Relator da CPI da Pandemia, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) afirmou à CNN neste domingo (2) que a Comissão Parlamentar de Inquérito “não pode fechar os olhos para quem diz que vai transformar a Polícia Federal em polícia política”. A declaração faz referência à convocação do ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, para prestar depoimento na comissão.

“Não podemos fechar os olhos para quem diz que vai transformar a Polícia Federal em polícia política, deixando claro que o objetivo é desviar o foco das investigações para os estados. Esse não é o fato determinado da CPI”, disse Renan.

Vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) protocolou neste domingo um requerimento de convocação do ministro da Justiça. A informação de que Torres havia entrado na mira da comissão foi antecipada neste sábado (4) pelo analista de política da CNN, Caio Junqueira.

No pedido, Randolfe diz ser necessário que o ministro explique suas falas em entrevista à revista Veja, “quando informou que vai solicitar à Polícia Federal informações sobre
os inquéritos que envolvem governadores em desvios de dinheiro da saúde”.

“É necessário entender se essas acusações se estendem ao governo do Distrito Federal, uma vez que até recentemente o Ministro era Secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, órgão competente para investigação de eventuais condutas ou desvios”, justifica Randolfe.

Procurado, o Ministério da Justiça não quis se manifestar.