Em um dos trechos, Joesley fala que perdeu contato com Geddel quando o ex-ministro de Temer começou a ser investigado e que, por isso, estava sem interlocutor no governo para falar sobre os assuntos de interesse do grupo.
Em seguida, Joesley disse a Temer que zerou suas pendências com Eduardo Cunha e, assim, tirou da frente. Nesse ponto, Joesley também disse que com isso conseguiu ficar de bem com Cunha e então ouviu de Temer a frase “tem que manter isso, viu”.
A Procuradoria-Geral da República afirma que existe a suspeita do crime de obstrução de justiça. Temer está sendo investigado por isso e deve ser denunciado em breve por esse crime.
Joesley diz: “Mas com o Geddel também com esse negócio, eu perdi contato porque ele virou investigado. Agora eu não posso... Também...”.
Temer comenta: “É complicado, é complicado”.
Joesley emenda: “Eu não posso encontrar ele”.
Temer alerta ao empresário que o contato dele com Geddel pode parecer obstrução de justiça: “É porque parecer obstrução de justiça, viu?”.
Joesley concorda: “Isso, isso, isso, isso”.
Temer conclui: “Perigosíssima essa situação”.
Joesley diz: “Negócio dos vazamentos... O telefone lá do Eduardo, com Geddel, volta e meia citava alguma coisa meio tangenciando a nós, a não sei o que... Eu estou lá me defendendo. Como é que eu... O que eu mais ou menos dei conta de fazer até agora: eu estou... Eu estou de bem com o Eduardo”.
Em um novo trecho esclarecido pela perícia, Temer responde: “Muito bem”.
Joesley diz: “E...”.
Ao que Temer completa: “Tem que manter isso, viu?”.
Em outro trecho da conversa, Joesley também disse que vinha falando através de Geddel e que não queria incomodar o presidente. Na denúncia contra Temer, o procurador Rodrigo Janot afirma que foi nesse ponto da conversa que Temer autorizou que Joesley conversasse a partir de então com Rodrigo Rocha Loures.
Joesley diz: “Pra mim falar contigo, qual é a melhor maneira? Porque eu vinha falando através do Geddel, através... Eu não vou lhe incomodar, evidente. Se não for algo assim...”.
Temer responde: “As pessoas ficam.. Sabe como é...”.
Joesley segue: “Eu sei disso. Por isso é que...”.
Temer diz após um trecho ininteligível: “Um pouco”.
Joesley pergunta: “É o Rodrigo?”.
Temer confirma em novo trecho ouvido pelos peritos: “O Rodrigo”.
Joesley fala: “Ah, então tá ótimo”.
Geddel Vieira Lima foi ministro da Secretaria de Governo de Temer até novembro de 2016 quando pediu demissão. Saiu acusado pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero de tê-lo pressionado para liberar uma obra em Salvador, na qual Geddel seria dono de um apartamento.
No Congresso, a repercussão da prisão de Geddel foi imediata. A oposição acha que enfraquece a base do presidente no Congresso.
“Quanto mais as denúncias surgem, quanto mais os crimes aparecem perante a população, os parlamentares vão percebendo que não dá mais para segurar uma situação gravíssima como essa e vão acabar abandonando o presidente onde a maioria de seus assessores diretos estão denunciados e muitos presos”, disse o senador Paulo Paim, do PT-RS.
O líder do governo lamentou: “Eu lamento, claro. Volto a dizer. Acho que a prisão deve ser sempre o último recurso. Eu não conheço o processo, não conheço o recurso. Então, fica difícil falar”, disse o senador Romero Jucá, do PMDB-RR.
A defesa de Geddel Vieira Lima afirmou que considera absolutamente desnecessário o decreto de prisão preventiva, que Geddel sempre se colocou à disposição das autoridades para apresentar os documentos que lhe fossem solicitados, inclusive abrindo mão do passaporte e dos sigilos bancário e fiscal.
A defesa afirmou ainda que Joesley Batista foi enérgico em pontuar que jamais pagou propina ou qualquer tipo de vantagem indevida a Geddel Vieira Lima. A defesa disse que Geddel é inocente e que tem confiança na Justiça.
O Palácio do Planalto não quis comentar a prisão de Geddel.
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