quarta-feira, 8 de julho de 2015

'Não temos o direito de sonhar nesse momento', diz grego

Gabriel Diacakis conta que o desemprego e o risco de corte nos salários são as principais preocupações entre os gregos (Foto: Arquivo Pessoal)Segundo Diacakis, o tempo gasto em filas de caixas bancários desde que o governo iniciou uma restrição bancária no país varia entre 2 e 3 horas. A decisão aconteceu após muitos gregos, assustados com a crise, correrem para os bancos para retirar seu dinheiro. O governo decretou feriado bancário para evitar que os bancos quebrassem.O limite é de € 60 diários por pessoa, mas Diacakis conta que há dificuldades para conseguir esse valor.

“Os gregos têm que esperar duas ou três horas para receber € 50, porque não temos mais notas de € 20 agora. Há notas somente de € 50.”
Aqui você pode ver taxistas que têm diploma de engenheiro. As pessoas têm que viver"
Gabriel Diacakis, operador de turismo
Diacakis explica que, desde que a Grécia entrou para a União Europeia, o meio mais comum de pagamento em estabelecimentos comerciais é o cartão bancário. Mesmo assim, o bloqueio dos bancos tem prejudicado o dia a dia, diz ele.
“Está prejudicando porque com o cartão de crédito não se pode pagar em alguns lugares, não se pode transferir dinheiro, não se pode fazer pagamentos em bancos estrangeiros”, afirma.

“Se eu recebo meu salário em uma conta bancária, por exemplo, e tenho meu cartão de crédito em outro banco, não posso pagar minhas coisas. Não posso usar esse cartão porque não tenho como passar o dinheiro de uma conta para outra.”
Diacakis diz que os principais prejudicados têm sido os aposentados, que não têm o hábito de utilizar cartão bancário. “Algumas pessoas tiraram dinheiro antes que os bancos fechassem, mas a maioria está sofrendo”, diz ele. Perguntado sobre o que pretendem fazer, o grego responde: “e agora? E agora nada. Estamos esperando.”

Impostos e salários
Vendedor de frutas em um mercado de Atenas, nesta terça-feira (7) (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)Vendedor de frutas em um mercado de Atenas, nesta terça-feira (7) (Foto: REUTERS/Jean-Paul Pelissier)
Diacakis afirma que os gregos não têm condições de pagar mais impostos ao governo. Segundo ele, se as taxas subirem as pessoas terão que simplesmente parar de consumir. “A União Europeia quer aumentar o IVA dos hotéis de 6% para 13% e depois 23%. E queria aumentar também as taxas com comidas de supermercado e restaurantes de 13% a 23%. E isso inclui coisas muito necessárias, como leite.”

“Se um restaurante tem que aumentar seus preços para pagar impostos, o governo não vai receber mais taxas porque o consumo vai cair muito. Os gregos não vão mais comer fora.”

O operador de turismo reclama que, com impostos mais altos, o valor do dinheiro das famílias cairia. “Isso não é um corte de salário, mas é um aumento de gastos para todas as famílias gregas. Se tem um aumento com o mesmo salário, isso praticamente é um corte de salário. Isso não ajuda a economia, não ajuda o progresso”, argumenta. “As pessoas não querem pagar mais taxas, receber cortes de salários, cortes de pensões. Elas querem trabalho.”

Turismo
'Eu não vendo para alemães', diz cartaz feito por vendedor de miniaturas em região turística em Atenas, na Grécia (Foto: Thanassis Stavrakis / AP)'Eu não vendo para alemães', diz cartaz feito por vendedor de miniaturas em região turística em Atenas, na Grécia (Foto: Thanassis Stavrakis / AP)
Um dos pilares econômicos da economia grega, o turismo continua aquecido, segundo Diacakis.No Brasil, agências de turismo disseram ao G1 que a procura de clientes pela Grécia como destino diminuiu.
Diacakis é dono da agência Grand Star Hellenic, que segundo ele tem 5 unidades e 50 funcionários. Ele nega que haja queda no movimento. “A Grécia está cheia de turistas em todas as partes. Os turistas não têm problemas para tirar dinheiro dos caixas eletrônicos e nem para pagar com seus cartões de crédito. O turismo não baixou porque a Grécia não tem perigos. Meus filhos podem caminhar às 2h da manhã em Atenas porque não há perigo. Isso é muito importante em comparação a outros países.”

No entanto, Diacakis conta que há no setor a preocupação de que as exigências dos credores europeus possa afetar o movimento. “Os clientes são estrangeiros, mas os hotéis e agências estão contra um aumento tão grande (de impostos) porque temos que ser competitivos em um mercado de turismo no mundo. Temos que ter preços mais baixos ou competitivos”, diz. “Nós queremos promoção para o turismo, não queremos essas coisas que criam medo nos turistas porque eles não sabem como é a situação.”
O novo ministro das Finanças da Grécia, Euclidis Tsakalotos (à direita) é recebido pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em reunião nesta terça-feira (7) (Foto: Yves Herman/Reuters)O novo ministro das Finanças da Grécia, Euclidis Tsakalotos (à direita) é recebido pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, em reunião nesta terça-feira (7) (Foto: Yves Herman/Reuters)




Idoso chora e é amparado em frente a agência bancária em Thessaloniki; saques foram limitados pelo governo e cartão de débito não é comum entre aposentados (Foto: Sakis Mitrolidis / AFP)
Idoso chora e é amparado em frente a agência bancária em Thessaloniki; saques foram limitados pelo governo e cartão de débito não é comum entre aposentados (Foto: Sakis Mitrolidis / AFP)

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