As oitivas dos três foram autorizadas pelo ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), após parecer favorável do procurador-geral da República Rodrigo Janot. Preso desde junho de 2015 em Curitiba, Odebrecht se tornou delator do petrolão depois da avalanche de provas recolhidas contra o conglomerado do qual é herdeiro.
Nos depoimentos, Marcelo e os demais ex-executivos abordarão temas relacionados aos ainda sigilosos depoimentos de delação da Odebrecht e falarão de como o conglomerado atuou no financiamento da chapa formada por Dilma Rousseff e Michel Temer nas eleições de 2014. Os depoimentos dos 77 delatores da Odebrecht ainda são confidenciais e devem se tornar públicos dias após o feriado de Carnaval.
“Após a divulgação (…) da homologação (…) da colaboração premiada de 77 executivos da empresa Odebrecht, tida, em tese, como uma das principais envolvidas no sistema de corrupção desenvolvido na denominada Operação Lava-Jato, configura-se essencial para a instrução [da ação contra a chapa Dilma-Temer] a oitiva dos colaboradores que sugeriram, ainda que de forma indiciária, a participação da empreiteira no financiamento da chapa Dilma-Temer em 2014”, disse o ministro Herman Benjamin.
Em dezembro, VEJA publicou a íntegra dos anexos da delação de Claudio Melo Filho, que decidiu colaborar com a justiça depois de trabalhar por doze anos na cúpula da Odebrecht. Em 82 páginas, ele conta como a maior empreiteira do país comprou, com propinas milionárias, integrantes da cúpula dos poderes Executivo e Legislativo. O relato atinge o presidente Michel Temer, que pediu 10 milhões de reais a Marcelo em 2014. Segundo o delator, esse valor foi pago, em dinheiro vivo, a pessoas da estrita confiança de Temer, como Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, e José Yunes, amigo há cinquenta anos de Temer e ex-assessor especial do presidente. A delação de Melo também inclui políticos que integram a base de sustentação do governo Temer no Congresso, todos identificados com codinomes na lista de pagamentos – “Justiça” é o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), “Caju” é o senador e líder do governo Romero Jucá (PMDB-RR), “Índio” é o atual presidente do Senado Eunício Oliveira e “Botafogo”, o presidente da Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ).
As oitivas de Marcelo Odebrecht e de seus ex-subordinados devem ser uma das últimas etapas antes de o ministro Herman Benjamin liberar para julgamento o processo que pode resultar na cassação de Temer e na declaração de inelegibilidade do peemedebista e da presidente cassada Dilma Rousseff.
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