BRASÍLIA. O ministro das Relações Exteriores, José Serra (PSDB-SP), entregou carta de demissão na noite dessa quarta-feira (22) ao presidente Michel Temer, que aceitou o pedido. O tucano apresenta um problema na coluna cervical. Em dezembro, ele se submeteu a cirurgia no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, mas não se recuperou.
Na época, a unidade médica informou que o tucano sofreu de “instabilidade segmentar vertebral e estenose foraminal”. A equipe médica o aconselhou a realizar um tratamento intensivo de quatro meses, sem poder inclusive andar de avião no período sob o risco de lesão na medula.
Temer foi pego de surpresa com o pedido de demissão. Ele chegou a pedir ao tucano que não deixasse o cargo e apenas se licenciasse. Serra, contudo, mostrou os exames médicos a Temer e argumentou que deveria se dedicar integralmente nos próximos quatro meses ao tratamento.
Com o pedido inesperado, o peemedebista ainda não tem um substituto para o tucano. Segundo assessores e auxiliares presidenciais, contudo, ele deve manter a pasta sob o controle do PSDB. O principal cotado até o momento é o líder do governo no Senado Federal, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP).
Na carta, Serra afirma que pediu a exoneração do cargo em razão de problemas de saúde, os quais o “impedem de manter o ritmo de viagens internacionais inerentes à função de chanceler”.
“Para mim, foi motivo de orgulho integrar sua equipe. No Congresso, honrarei meu mandato de senador trabalhando pela aprovação de projetos que visem à recuperação da economia, ao desenvolvimento social e à consolidação democrática do Brasil”, escreveu Serra. Ele voltará a ser senador por São Paulo, na vaga ocupada hoje pelo suplente José Aníbal (PSDB-SP).
Nas palavras de um auxiliar presidencial, a ideia é que Temer espere o feriado do Carnaval para anunciar o substituto, dando posse ao mesmo tempo para os novos ministros de Relações Exteriores e Justiça.
Lava Jato. Mesmo após pedir demissão do ministério, Serra mantém a prerrogativa de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal caso venha a responder a inquéritos na operação Lava Jato, em que é citado por delatores. Isso porque, ao deixar o Executivo, Serra reassume sua cadeira no Senado.
O tucano é um dos citados nas delações da construtora Odebrecht. O senador estaria ligado a um esquema de caixa 2 em sua campanha presidencial no ano de 2010. Executivos da Odebrecht afirmaram aos investigadores da Lava Jato que a campanha do ex-ministro recebeu R$ 23 milhões em doações ilícitas.
VIAGENS
Analgésicos. Antes de embarcar para seu último compromisso internacional, um encontro para discutir políticas públicas na Alemanha, José Serra (PSDB) tomou uma injeção com analgésicos para aliviar as dores que sentia na coluna.
Saída. Em conversas com pessoas próximas, Serra vinha dizendo que o quadro beirava o insuportável. Há cerca de 20 dias confidenciou que pensava em deixar o Ministério das Relações Exteriores. Temia, porém, que a decisão irritasse Michel Temer, fragilizasse o governo e desse margem a especulações sobre uma motivação política.
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