terça-feira, 12 de janeiro de 2016

O que se sabe sobre os autores dos ataques sexuais em massa que chocaram a Alemanha

Onze dias após os ataques sexuais em série contra mulheres na cidade alemã de Colônia, autoridades divulgaram detalhes sobre os suspeitos.
Segundo o relatório do ministério do Interior, os homens "quase exclusivamente" tinham algum histórico de imigração em suas vidas, especialmente do norte da África e de países árabes.
O documento afirmava ainda que a polícia de Colônia cometeu "erros graves” ao não chamar reforços para lidar com os ataques e também por não ter informado o público sobre o que havia ocorrido.Mais de 500 reclamações foram registradas, sendo que 40% delas eram relativas a ataques sexuais.
Grupos coordenados
Segundo as autoridades, cerca de mil homens agiram de forma coordenada para assediar e roubar múltiplas vítimas no dia 31 de dezembro.
Os homens formavam grupos menores, cercavam as mulheres e as ameaçavam ou as atacavam.
Uma das vítimas, identificada como Katja L., contou que os homens escolhiam as mulheres e as cercavam para abusar sexualmente delas ou roubar seus pertences.
Ela disse à agência de notícias alemã DPA que, ao sair da estação, ela e suas amigas foram forçadas a caminhar por um corredor de homens.
"Passaram a mão em mim em todos os lugares. Foi um pesadelo. Nós gritávamos e batíamos neles, mas eles não paravam", afirmou.
"Estava desesperada. Acho que me tocaram umas cem vezes nos 200 metros que caminhamos (entre eles)."
Pelo menos um estupro foi registrado.
O relatório descreveu o modus operandi dos ataques como "taharrush gamea", que em árabe significa assédio sexual em multidões e os comparou aos ocorridos na Praça Tahir, no Cairo, durante as revoluções no Egito.
Os crimes em Colônia geraram ainda mais indignação por ter ocorrido no centro da cidade, em torno da estação central de trens e perto da histórica catedral gótica da região.
Norte da África
Segundo o documento do ministério do Interior, o grupo era formado predominantemente por homens com origem do norte da África, que haviam viajado para Colônia a partir de outras cidades.
"Após se intoxicarem com drogas e álcool, veio a violência", afirmou o ministro do Interior estadual, Ralf Jaeger. "E isso culminou com eles impondo suas fantasias de onipotência sexual. É preciso haver punição severa."
Ao menos 19 pessoas estão sendo investigadas no momento por conexões com os ataques. Desses, 14 são homens vindos do Marrocos ou da Argélia. Dez dos suspeitos são pessoas que pediram asilo na Alemanha, nove deles chegaram no país após setembro de 2015. Os outros podem estar vivendo na Alemanha ilegalmente.
Cerca de 1,1 milhão de estrangeiros em busca de asilo chegaram à Alemanha em 2015. A política de imigração da chanceler Angela Merkel vem sendo duramente criticada desde os ataques em Colônia.
Ataques similares, porém em menor grau, também foram registrados em cidades como Hamburgo e Stuttgart.
Papa
Ataques em retaliação foram registrados em Colônia no domingo contra paquistaneses e sírios – e foram criticados pelo governo.
O papa também se pronunciou, dizendo que o "espírito humanista" da Europa estava sob o risco de ser minado.
Segundo o pontífice, o "imenso fluxo" de migrantes estava causando problemas. Mas ele disse que o continente tem maneira para obter o balanço necessário para proteger seus cidadãos e ajudar os refugiados.

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