sábado, 5 de setembro de 2015

MPF denuncia José Dirceu e mais 16 pessoas no escândalo da Petrobras

Condenado no processo do mensalão, o ex-ministro José Dirceu, que está preso em Curitiba, agora foi denunciado na Operação Lava Jato, a que apura a roubalheira na Petrobras. A denúncia contra Dirceu e outras 16 pessoas é por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa.
Os procuradores utilizaram como base apenas a investigação relacionada à construtora Engevix e disseram que só nessa parte do esquema foram desviados R$ 60 milhões da Petrobras.
R$ 11,8 milhões de reais ficaram com o ex-ministro José Dirceu e com parentes dele, sustenta a denúncia. Os pagamentos de propina a Dirceu foram por meio de contratos com a consultoria dele, a JD, e continuaram durante e depois do processo do mensalão do PT, quando Dirceu já estava preso.
R$ 14 milhões foram para o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, parte desse dinheiro como doação ao partido. É a primeira denúncia contra José Dirceu nas investigações da Lava Jato. Os crimes são organização criminosa, corrupção e lavagem de dinheiro.
Entre as outras 16 pessoas denunciadas estão o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, o ex-diretor Renato Duque e o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que já respondem a outros processos. O irmão e sócio de José Dirceu, Luis Eduardo, a filha dele, Camila, e a arquiteta que reformou imóveis do ex-ministro também foram denunciados.
Além dos contratos forjados de consultoria, parte da propina a Dirceu foi paga com a reforma de dois imóveis e com viagens em um jatinho pago por um operador do esquema.
"Mensalão e petrolão são um só e mesmo esquema, e as investigações estão em expansão. Esse é um esquema político partidário de corrupção que alimenta não só financiamento de campanhas políticas caríssimas, mas também o próprio bolso dos corrompidos e dos corruptores", afirma o procurador Deltan Dallagnol.
Na Justiça Federal foi ouvido o doleiro Alberto Youssef em um processo em que o doleiro é réu junto com o ex-deputado Luiz Argôlo. Youssef confirmou que mantinha negócios com Argolo e que fazia pagamentos ao político com dinheiro obtido nas fraudes da Petrobras.
“Ele [Argôlo] tinha conhecimento do esquema da Petrobras. Ao meu ver tinha porque esse comentário dentro do partido era unânime”, disse o doleiro Alberto Youssef.
Youssef também afirmou que também deu dinheiro vivo ao ex-ministro das Cidades Mário Negromonte. A entrega teria sido testemunhada por Luiz Argolo.
Sérgio Moro: Que Luiz Argolo presenciou algumas oportunidades em que o depoente entregou dinheiro para Mário Negromonte.
Alberto Youssef: Confirmo.
Sérgio Moro: Esse dinheiro vinha do esquema criminoso da Petrobras?
Alberto Youssef: Sim, senhor.
O ex-ministro Mário Negromonte disse que jamais recebeu dinheiro de Alberto Youseff.
A defesa de José Dirceu, do irmão dele, Luiz Eduardo, e da filha, Camila, só vai se pronunciar depois da análise do juiz sobre a denúncia.
As defesas de Pedro Barusco e da Engevix afirmaram que estão colaborando com a Justiça.
O Partido dos Trabalhadores e o ex-tesoureiro João Vaccari Neto não quiseram  se pronunciar.
O Jornal da Globo não conseguiu contato com a defesa de Renato Duque e da arquiteta Daniela Facchini.

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