sábado, 5 de setembro de 2015

Americana pode ser julgada por incentivar suicídio do namorado

"Aqui você não é feliz e jamais será. No céu, você será feliz. Faça-o, simplesmente".Em uma troca de mensagens, Michelle parece tentar convencer namorado a desistir de abortar plano de se envenenar com monóxido de carbono  (Foto: Peter Pereira/The New Bedford Standard Times via AP)
Foi que escreveu Michelle Carter, uma jovem americana de 17 anos, durante uma conversa eletrônica com seu namorado, Conrad Roy, em julho do ano passado - ele morreu sufocado por monóxido de carbono dentro de seu próprio carro.
Ela sabia que Roy não estava passando por um bom momento. O rapaz sofria de depressão e pensava em se matar, o que acabou acontecendo naquele mesmo mês.
Liminar
E, agora, Carter se vê acusada de incitar o suicídio, e poderá ir a julgamento por homicídio involuntário.
Segundo a promotoria da cidade de Bristol, no Estado americano de Massachusetts, a jovem convenceu o namorado a tirar a própria vida. Como prova, os advogados obtiveram mais de mil mensagens trocadas pelo casal, inclusive algumas momentos antes do suicídio.
Os dois tinham se conhecido em 2012. Roy contou-lhe sobre problemas pessoais, tinha um relacionamento complicado com os pais. E falou com Carter em suicídio como forma de escape.
"Carter ajudou Conrad a cometer suicídio, ajudando-o a superar suas dúvidas e pressionando-o para levar a cabo o ato em um curto espaço de tempo", explicou, em um comunicado, a promotoria.
Segundo as conversas eletrônicas divulgadas esta semana, Carter manteve contato constante com o namorado até nos momentos finais de sua vida. Em uma troca de mensagens ela parece convencer Roy a desistir de abortar o plano de se envenenar com monóxido de carbono - o rapaz teria saído de dentro do carro quando percebeu que estava ficando sufocado.
A namorada o incentivou a voltar para o interior do veículo. "Você está preparado e pronto. Tudo o que você precisa fazer é ligar o motor para ser feliz e livre. Chegou a hora de parar de esperar".
As mensagens foram divulgadas pela promotoria quando o advogado de defesa de Carter, Joseph Cataldo, entrou com uma liminar pedindo que as acusações fosse retiradas, alegando que as mensagens estavam protegidas pelo direito a liberdade de expressão garantido pela Constituição americana.
O pedido foi negado pelo juiz e uma nova audiência está marcado para 2 de outubro.
Fiança
Em algumas das mensagens obtidas pela polícias, Carter parece admitir o incentivo
A jovem foi indiciada em fevereiro.
"As provas mostras que não estamos falando de homicídio. Minha cliente tentou consolar Roy em várias ocasiões e o aconselhou a procurar ajuda. Este é um caso perigoso, que sugere que apenas palavras causaram o suicídio desse rapaz", disse Cataldo à rede de TV americana CNN no início da semana.
No entanto, a polícia encontrou nas mensagens enviadas pela jovem até instruções sobre como preparar o suicídio - em especial a quantidade de monóxido de carbono que Roy deveria inalar para morrer. Após a morte do namorado, Carter criou uma conta no Twitter para celebrar sua memória e até organizou uma partida beneficente de beisebol para arrecadar fundos para entidades de assistência a jovens com depressão.
A jovem espera pelo julgamento em liberdade, sob fiança. Foi proibida pelas autoridades de usar mídias sociais.
Segundo o jornal americano Washington Post, a polícia também teria obtido mensagens enviadas por Carter para amigos em que a jovem admitia que o conteúdo de sua comunicação com o namorado poderia lhe causar problemas.
À polícia, a jovem disse que tentou avisar à mãe de Roy sobre os planos do filhos, mas que não tinha seu contato. No entanto, quando a polícia examinou seu celular, descobriu que Carter tinha apagado, após a morte de Roy, mensagens que tinham sido trocadas com a mãe dele, dizendo que Roy gostava dela.

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