terça-feira, 11 de agosto de 2015

Enfermeira saudável se mata em “clínica de suicídio” na Suíça por não querer dar trabalho aos filhos na velhice

Uma inglesa de 75 anos chocou o mundo após optar por eutanásia em idade avançada.Apesar de estar em bom estado de saúde, a enfermeira aposentada decidiu acabar com sua vida, porque ela não podia suportar a ideia de envelhecer e ficar frágil. Antes de sua morte, Gill Pharaoh declarou que não queria dar trabalho aos filhos.
Gill era especializada em enfermagem para idosos. Ela, aparentemente, desenvolveu uma aversão pela vida na velhice, tendo testemunhado outros exemplos. Para o fim de sua vida, ela tinha verificado uma clínica de suicídio na Suíça, e, em sua última entrevista, revelou ter perdido o interesse na vida. Ela já não tinha vontade para fazer tarefas simples e ouvia zumbidos. "Eu não acho que a velhice é divertida. Ela não vai começar a ficar melhor. Eu percebi que as pessoas envelhecem por dentro e por fora”, disse ela.
Gill deu seu último suspiro no dia 21 de julho, na Lifecircle, uma clínica de morte assistida, na Basileia, onde as leis liberais de suicídio do país são colocadas em prática. Ela vivia com seus dois filhos e o parceiro de 25 anos, John Southall. Em sua entrevista final, a idosa revelou que sua família apoiava seu desejo de morrer, embora não gostassem da ideia. Sua filha, Caron, era a que mais lutava contra a decisão da mãe, e seu parceiro também estava angustiado.
No entanto, ela escolheu a eutanásia, porque não queria tornar-se um fardo para a família ou para a sociedade. "Eu tenho muitos amigos com parceiros que, claramente, são uma responsabilidade. Eu sei que você não deveria dizer isso, mas eu tenho essa imagem mental na minha cabeça de tudo o que pode acontecer, na minha idade, como quebrar um quadril, sendo dependente o resto da vida”, relatou.
Morte assistida é, supostamente, uma opção popular entre um número crescente de britânicos idosos. De acordo com um estudo, uma em cada cinco pessoas que foram para a Suíça acabar com suas vidas, entre 2008 e 2012, eram do Reino Unido. A história de Gill teve repercussão polêmica no Reino Unido.
Ativistas de direitos da vida se irritaram com a questão. "Este é outro caso profundamente preocupante e envia uma mensagem assustadora sobre como estão os valores da sociedade e o cuidado de pessoas idosas, no Reino Unido", disse um porta-voz da instituição Care Not Killing.
Michael Irwin, coordenador da Sociedade de Suicídios Racionais na Velhice, que ajudou Gill em sua decisão, disse: "Alguns dirão que Gill estava errada por evitar a decrepitude esperada da velhice, mas, tendo visto muito sofrimento como enfermeira de cuidados paliativos, ela tomou a decisão racional de preferir um suicídio assistido por um médico”.
A mulher não sofria qualquer doença terminal no momento da sua morte, ela simplesmente não queria tornar-se uma idosa dependente. Seu marido viajou para a Suíça na véspera de sua morte e passou o último dia junto de sua esposa andando pela cidade às margens do rio Reno.
Toda a noite foi muito tranquila e agradável. Eu acho que chegamos a um consenso. Gill pensava nisso há anos e eu não tinha intenção de refutá-la, era algo emocional e pesado”, descreveu. Southall falou brevemente com seus filhos, no telefone, depois da morte de Gill. A família está planejando um serviço póstumo em sua memória, no final deste mês.
Dois meses antes de sua morte, Gill tinha escrito um artigo intitulado 'My Last Word’ (Minha última palavra). Ele dizia: “Dia após dia, eu estou curtindo minha vida. Eu simplesmente não quero seguir esta deterioração natural até o último estágio, exigindo de cuidados. Eu tenho que tomar medidas anteriores, pois ninguém será capaz de tomar medidas por mim. O pensamento de que eu possa precisar da ajuda de meus filhos me apavora. Sei que muitas pessoas velhas esperam, até mesmo exigem, a ajuda de seus filhos, mas eu acho que esta é uma visão muito egoísta e irracional”.

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