A trégua humanitária decretada no Iêmen foi violada neste sábado poucas horas depois de entrar em vigor, pela falta de vontade das partes no conflito.
Segundo a ONU, 80% da população, ou seja 21 milhões de pessoas, precisa de ajuda ou proteção e mais de 10 milhões têm problemas para obter alimentos ou água potável em consequência da guerra, que já deixou mais de 3.200 mortos, metade deles civis, desde o fim de março.
Esta trégua é "nossa última esperança", declarou à AFP a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PAM), Abeer Etefa. Na semana passada, o PAM conseguiu transportar 9.000 toneladas de alimentos a seu depósito no Iêmen e a agora precisa distribuir os mantimentos.
Mas a coalizão árabe liderada por Riad, que ataca desde 26 de março os rebeldes xiitas huthis para impedir que assumam o controle do Iêmen, afirmou que não se sente envolvida por esta trégua por considerar que a milícia huthi não se comprometeu" a respeitá-la.
Também alega "não ter recebido um pedido do governo iemenita legítimo", no exílio na Arábia Saudita, para aplicá-la, nem ter participado em uma reunião com representantes da ONU para coordenar a mesma.
Assim, neste sábado o país voltou a ser cenário de combates e bombardeios da coalizão árabe.
Aviões da coalizão liderada pela Arábia Saudita atacaram posições dos rebeldes na cidade de Taez, onde continuam os confrontos entre os insurgentes apoiados pelo Irã e os combatentes partidários do presidente iemenita no exílio Abd Rabo Mansour Hadi
Duas operações atingiram posições dos rebeldes xiitas huthis na rua Arbaeen de Taez, onde prosseguiam os combates.
A trégua humanitária entrou em vigor às 23h59 de sexta-feira (17h59 de Brasília), com o objetivo de permanecer até o fim do Ramadã, em 17 de julho, e possibilitar que uma ajuda de urgência chegue aos civis vítimas do violento conflito no país, que enfrenta a ameaça da fome.
O anúncio da trégua ocorreu oito dias após as Nações Unidas declararem no Iêmen o nível 3 de emergência humanitária, o maior em sua escala, com cerca da metade das regiões do país enfrentando uma crise alimentar.
"É imperativo e urgente que a ajuda humanitária chegue às pessoas vulneráveis do Iêmen sem obstáculos e através de uma pausa humanitária incondicional", disse na quinta-feira o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu garantias dos rebeldes xiitas huthis e de outras partes de que a pausa seria respeitada completamente e que não iriam ocorrer violações de nenhum combatente sob seu comando.
O caos no Iêmen se aprofundou depois que a coalizão árabe lançou bombardeios no fim de março para evitar o avanço dos rebeldes huthis.
A Arábia Saudita e seus aliados do Golfo exigem que os huthis retrocedam no território tomado em sua ofensiva e que Abedrabbo Mansour Hadi volte ao poder.
Paralelamente, 10 integrantes da Al-Qaeda morreram na sexta-feira à noite em dois ataques de drones americanos no sudeste do Iêmen, segundo uma autoridade local. A rede extremista tenta aproveitar-se da guerra para conquistar mais territórios.
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