domingo, 12 de julho de 2015

Trégua humanitária no Iêmen violada poucas horas depois do início

Iemenitas armados caminham entre escombros em Sanaa em 10 de julho de 2015A trégua humanitária decretada no Iêmen foi violada neste sábado poucas horas depois de entrar em vigor, pela falta de vontade das partes no conflito.
Segundo a ONU, 80% da população, ou seja 21 milhões de pessoas, precisa de ajuda ou proteção e mais de 10 milhões têm problemas para obter alimentos ou água potável em consequência da guerra, que já deixou mais de 3.200 mortos, metade deles civis, desde o fim de março.
Esta trégua é "nossa última esperança", declarou à AFP a porta-voz do Programa Mundial de Alimentos (PAM), Abeer Etefa. Na semana passada, o PAM conseguiu transportar 9.000 toneladas de alimentos a seu depósito no Iêmen e a agora precisa distribuir os mantimentos.
Mas a coalizão árabe liderada por Riad, que ataca desde 26 de março os rebeldes xiitas huthis para impedir que assumam o controle do Iêmen, afirmou que não se sente envolvida por esta trégua por considerar que a milícia huthi não se comprometeu" a respeitá-la.
Também alega "não ter recebido um pedido do governo iemenita legítimo", no exílio na Arábia Saudita, para aplicá-la, nem ter participado em uma reunião com representantes da ONU para coordenar a mesma.
Assim, neste sábado o país voltou a ser cenário de combates e bombardeios da coalizão árabe.
Aviões da coalizão liderada pela Arábia Saudita atacaram posições dos rebeldes na cidade de Taez, onde continuam os confrontos entre os insurgentes apoiados pelo Irã e os combatentes partidários do presidente iemenita no exílio Abd Rabo Mansour Hadi
Duas operações atingiram posições dos rebeldes xiitas huthis na rua Arbaeen de Taez, onde prosseguiam os combates.
A trégua humanitária entrou em vigor às 23h59 de sexta-feira (17h59 de Brasília), com o objetivo de permanecer até o fim do Ramadã, em 17 de julho, e possibilitar que uma ajuda de urgência chegue aos civis vítimas do violento conflito no país, que enfrenta a ameaça da fome.
O anúncio da trégua ocorreu oito dias após as Nações Unidas declararem no Iêmen o nível 3 de emergência humanitária, o maior em sua escala, com cerca da metade das regiões do país enfrentando uma crise alimentar.
"É imperativo e urgente que a ajuda humanitária chegue às pessoas vulneráveis do Iêmen sem obstáculos e através de uma pausa humanitária incondicional", disse na quinta-feira o porta-voz da ONU, Stephane Dujarric.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, recebeu garantias dos rebeldes xiitas huthis e de outras partes de que a pausa seria respeitada completamente e que não iriam ocorrer violações de nenhum combatente sob seu comando.
O caos no Iêmen se aprofundou depois que a coalizão árabe lançou bombardeios no fim de março para evitar o avanço dos rebeldes huthis.
A Arábia Saudita e seus aliados do Golfo exigem que os huthis retrocedam no território tomado em sua ofensiva e que Abedrabbo Mansour Hadi volte ao poder.
Paralelamente, 10 integrantes da Al-Qaeda morreram na sexta-feira à noite em dois ataques de drones americanos no sudeste do Iêmen, segundo uma autoridade local. A rede extremista tenta aproveitar-se da guerra para conquistar mais territórios.

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