sexta-feira, 10 de julho de 2015

Cometa 67P poderia abrigar vida? Novos dados sugerem que características distintas podem ter sido criadas por seres microscópicos

As características distintas do cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko, tais como a sua crosta orgânica negra, são melhores explicadas pela presença de organismos vivos debaixo de uma superfície gelada, dizem eles. Os peritos sugerem que o cometa é mais propício para a vida do que as regiões polares da Terra.
Rosetta, a nave espacial europeia que orbita e explora o cometa, também detectou fragmentos estranhos de materiais orgânicos que parecem partículas virais. Infelizmente, Rosetta e Philae não estão equipados para procurar evidências diretas de vida, após uma proposta para incluir a habilidade na missão ser vetada por um tribunal.
O astrobiólogo Chandra Wickramasinghe, que estava envolvido no planejamento da missão há 15 anos, disse: "Eu queria incluir um experimento de detecção de vida muito barato. Na época, pensava-se que era uma proposta bizarra”. Ele e seu colega, Max Wallis, da Universidade de Cardiff, acreditavam que 67P e outros cometas semelhantes poderiam fornecer ambientes ideais para micróbios similares aos "extremófilos", que habitam as regiões mais inóspitas da Terra. Os cometas podem ter ajudado a semear a vida na Terra, e, possivelmente, de outros planetas, como Marte no início da vida do sistema solar, eles argumentam.
Os astrônomos vão apresentar as descobertas do cometa 67P na Assembleia Nacional de Astronomia da Royal Astronomical Society, em Llandudno, País de Gales.
O cometa, descrito como parecendo um “pato de borracha”, encontra-se a 284.4 milhões de quilômetros da Terra e viaja a mais de 117,482 km/h.
Wickramasinghe e Wallis realizaram simulações de computador que sugerem que os micróbios poderiam habitar regiões lacrimejantes do cometa. Organismos que contêm sais anticongelantes poderiam estar ativos em temperaturas tão baixas quanto -40 °C, revelou a pesquisa.
O cometa tem uma crosta negra cobrindo gelo de hidrocarboneto e crateras de fundo chato contendo “lagos” de águas congeladas com detritos orgânicos. “O material escuro está sendo constantemente reabastecido ao ferver por conta do calor do sol. Alguma coisa deve estar fazendo isso em um ritmo bastante prolífico”, revelou Wickramasinghe.
Os mecanismos biológicos foram a explicação provável para as grandes quantidades de gases orgânicos que tinham sido observados em torno de cometas, juntamente com a água que ele continha.
Uma descoberta tentadora foi a de que 'grupos de partículas' orgânicos nos gases que cercam o cometa são semelhantes a partículas virais coletadas da atmosfera superior da Terra. "Elas podem ser partículas virais", disse o professor Wickramasinghe.
Como o cometa atinge o seu ponto mais próximo do Sol a uma distância de 195 milhões de km, é provável que seus microrganismos tornem-se mais ativos, disseram os cientistas.
Wickramasinghe, diretor do Centro de Astrobiologia de Buckingham, acredita que é hora de mudar o pensamento sobre o assunto, pensando na possibilidade da existência de vida alienígena. “A atual estimativa para o número de planetas extra-solares na galáxia é de 140 bilhões ou mais. Os planetas que podem abrigar vida são realmente muito abundantes na galáxia, e o próximo sistema vizinho está apenas a uma distância mínima. Eu acho que é inevitável que a vida seja um fenômeno cósmico. Quinhentos anos atrás era uma luta para que as pessoas aceitassem que a Terra não era o centro do universo”, disse.
Missões futuras no 67P e outros cometas devem incluir instrumentos de busca de vida, disse ele. Mas as agências espaciais parecem relutantes em se envolver em uma busca séria por vida, por conter “um paradigma estabelecido há muito tempo”.
Rosetta já mostrou que o cometa não pode ser visto como um corpo inativo ultracongelado, suportando processos geológicos, podendo ser mais hospitaleiro para a micro-vida do que nossas regiões árticas e antárticas”,finalizou Wallis.

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