A proposta do vereador Mizair Lemes Júnior (PMDB), que torna obrigatória a leitura da Bíblia em escolas públicas e privadas, faculdades, universidades e instituições de cursos profissionalizantes de Goiânia tem provocado críticas de especialistas políticos e religiosos.
O projeto de lei foi apresentado por Mizair na última sessão plenária antes do recesso, dia 2 de julho. A matéria ainda não foi apreciada, o que só deve ocorrer em agosto, quando os parlamentares retomarem os trabalhos na Câmara de Goiânia. Com a simpatia da maioria, a tendência é de que seja aprovada sem dificuldades na Casa.
Para o professor e jornalista Luiz Signates, que atua na área de consultoria política e faz pesquisa de religião em comunicação, a propositura afronta a individualidade do cidadão que tem o direito de decidir se quer ou não fazer a leitura bíblica.
“É uma apropriação indevida do espaço público, uma imposição completamente ilícita. Não há sentido algum uma organização do Estado, como a Câmara de Goiânia, impor a leitura de determinado texto sagrado. A pessoa tem direito e liberdade de expressão religiosa”, avalia, acrescentando que em um País desenvolvido esta proposta geraria escândalo de proporções inéditas.
O professor de pós-graduação em Ciências da Religião da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GO), Valmor da Silva, questiona o efeito da leitura da bíblia na vida do estudante e diz achar complicada a mistura dos espaços das igrejas com ambientes escolares.
“Que efeito teria para pessoas que acreditam em outros livros sagrados, com igual fé, na revelação e na utilidade deles para a vida? Devíamos então ler também textos dos Vedas, do Alcorão, ou, mais condizentes com a cultura goiana, ler textos de tradições indígenas e africanas?”
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