Um dos quatro navios que se dirigiam para Gaza, foi bloqueado em águas internacionais e escoltado para Israel. Embarcações queriam “chamar a atenção” internacional para o bloqueio israelita “ilegal” do território palestiniano.
A marinha israelita interceptou a traineira Marianne, esta segunda-feira, uma das quatro embarcações que pretendia furar o bloqueio israelita e tentar chega à Faixa de Gaza. Israel interceptou o barco em águas internacionais, sem necessidade de recorrer à violência, e escoltou-o para o porto israelita de Ashod, depois de esgotados “todos os canais diplomáticos”.
Netanyahu descreveu a pretensão dos activistas como uma “demonstração de hipocrisia”“De acordo com o direito internacional, a marinha Israelita avisou várias vezes o navio [Marianne] para mudar o seu rumo”, informou a o exército de Israel, em comunicado. “Na sequência da sua recusa, a marinha visitou e revistou o navio, em águas internacionais, de modo a impedir a intenção [do navio] de romper o bloqueio marítimos da Faixa de Gaza”, explicaram as autoridades. A traineira foi, de seguida, escoltada pelas forças israelitas para o porto de Ashod, no sul do Estado de Israel.
O Marianne de Gotemburgo, que esteve em Lisboa recentemente, a caminho do território palestiniano, liderava uma flotilha de quatro barcos que se dirigia para Gaza, levando consigo medicamentos e painéis solares. A bordo viajavam, ao todo, cerca de 50 pessoas, entre as quais o antigo Presidente da Tunísia, Moncef Marzouki, o deputado israelo-árabe Basel Ghattas e ainda um político europeu, cuja identidade não foi revelada. Face à intercepção da traineira Marianne, os restantes barcos voltaram para a Grécia, onde tinham atracado, antes do último troço da longa viagem que iniciaram, desde a Suécia, em Maio de 2015.
“Pedimos, uma vez mais, ao Governo de Israel para levantar o bloqueio a Gaza”, partilhou, através de um comunicado, um dos barcos da flotilha. “O nosso destino continua a ser a consciência da humanidade”, foi outra das frases fortes da tomada de posição dos activistas, numa tentativa de “chamar a atenção da comunidade internacional para o bloqueio ilegal de Gaza”.O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, também emitiu um comunicado, no qual congratulou a marinha pelo sucesso da missão e descreveu a actuação do Marianne e dos restantes barcos como uma “demonstração de hipocrisia”, que “apenas tem como objectivo ajudar a organização terrorista do Hamas e ignorar os horrores da nossa região [Israel]”. Netanyahu referiu ainda que o procedimento de Israel foi realizado “de acordo com o direito internacional e recebeu o apoio de uma comissão do Secretário-Geral das Nações Unidas.”
Já o Ministro da Defesa, Moshe Yaalon, disse, citado pelo jornal britânico The Guardian, que os barcos não eram “humanitários nem procuravam ajudar ninguém”, apenas pretendiam “continuar a campanha de deslegitimação de Israel”.
O bloqueio israelita à Faixa de Gaza foi imposto em 2006 e tem vindo a ser progressivamente mais apertado, ano após ano, com Israel e o Hamas a extremarem cada vez mais as suas posições.
O bloqueio marítimo imposto por Israel impede a entrada de qualquer navio nas águas que envolvem o território de Gaza, sob ameaça de uma intervenção militar da marinha israelita.Desde que foi decretado o bloqueio, foram várias as tentativas, por parte de embarcações de activistas, de tentarem chegar à Faixa de Gaza, tendo sido sempre interceptadas pelas autoridades israelitas.
Em 2010, nove activistas turcos foram mortos pela marinha de Israel a bordo de um navio que também pretendia romper o bloqueio, situação que levou a um elevado clima de tensão entre a Turquia e Israel, e que terminou com a intervenção do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em 2013.
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