quarta-feira, 20 de maio de 2015

Turca é baleada na cabeça por participar de um ‘reality show’


KAYALondres, Reino Unido. Uma jovem turca que participava de um reality show musical levou um tiro na cabeça enquanto ensaiava em casa, informou a imprensa turca. Segundo o último boletim médico, o estado de saúde de Mutlu Kaya, 19, é crítico.
O ataque aconteceu na cidade de Diyarbakir, no sudeste do país, na manhã desta segunda. Diyarbakir é uma região conservadora no sudeste da Turquia e Kaya já havia recebido ameaças de morte por cantar no programa Sesi Cok Guzel. As informações são da rede britânica de televisão BBC.
Um homem, cuja identidade ainda não foi revelada, foi preso por envolvimento no ataque. Segundo relatos, o atirador estava no jardim da casa e efetuou os disparos contra Kaya através da janela.
Sesi Cok Guzel é um reality show musical popular na Turquia, em que os participantes se apresentam ao vivo e disputam a preferência do público. A mentora de Kaya era Sibel Can, uma das mais conhecidas cantoras de folk do país.
Acompanhada da equipe de produção do programa, Can havia visitado Kaya na cantina da escola onde ela trabalhava em março, de modo a assegurar a presença da jovem em sua equipe.
No entanto, o jornal turco “Posta” informou no domingo que Kaya vinha recebendo ameaças de morte após aparecer no programa. “Estou com medo”, teria dito a jovem a integrantes da produção do reality show.
O pai de Kaya, Mehmet Kaya, afirmou à imprensa que sua filha vinha ensaiando para retornar ao programa quando ela foi vítima dos disparos em sua casa, no distrito de Ergani. “Eu só queria ver minha filha saudável e nada mais”, disse ele.
“Espero que Sibel Can possa ajudá-la de alguma forma; ela é como se fosse uma mãe para Mutlu”, acrescentou. “Minha princesinha, como eles puderam machucá-la? Estou muito triste”, escreveu Can em sua conta no Instagram, informou a agência de notícias France Presse.
Curdas. O ataque a Mutlu Kaya aconteceu em Diyarbakir, uma cidade onde o movimento das mulheres curdas é muito forte. A cidade tem uma prefeita e quase metade dos parlamentares são do sexo feminino. Mas, apesar do papel preponderante na sociedade e na política, as mulheres ainda sofrem pressão das estruturas tradicionais da sociedade conservadora.
Por essa razão, as notícias sobre os proeminentes combatentes nas regiões curdas da Turquia e da Síria caminham de mãos dadas com as notícias de “assassinatos de honra”.
Essas contradições são mais visíveis nas camadas mais pobres da sociedade – de onde, aliás, a família de Mutlu Kaya veio. Para uma menina pobre morando com sua família em um apartamento de um único quarto caindo aos pedaços, atrair os holofotes da mídia pode ter desencadeado uma reação social conservadora e fatal.
Em fevereiro deste ano, o estupro e assassinato de Ozgecan Aslan, 20, motivou onda de protestos no país, com adesão, inclusive, dos homens, que saíram às ruas de saia.
O corpo foi encontrado próximo da margem de um rio em Mersin, cidade localizada cerca de 500 quilômetros de Ancara. Ela foi esfaqueada e espancada na cabeça com um cano de ferro ao se defender com um spray de pimenta. As ruas da Turquia foram tomadas por protestos.
Malala
2012. Nobel da Paz em 2013, a paquistanesa Malala Yousafzai, 16, foi baleada na cabeça por talibãs ao sair da escola. Seu crime: se destacar entre as mulheres e lutar pela educação das meninas no Paquistão.
Alguns países onde a vida das mulheres é um tormento

No Líbano, uma sociedade moderna convive com costumes medievais. Lá, as mulheres, depois do casamento, passam a ser propriedade dos maridos e podem ser agredidas, presas e até estupradas sem ter a quem recorrer.

Na Arábia Saudita, nos Emirados Árabes e no Sudão, vítimas de estupro que procuram a polícia podem ser presas, por adultério.

No Egito, dados da ONU mostram que desde a queda do ditador Hosni Mubarak em 2011, mais de 90% das mulheres foram expostas a algum tipo de assédio sexual.

A Turquia está no 125º lugar entre 142 países que mais tratam homens e mulheres como iguais, diz a ONU.


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