quarta-feira, 11 de setembro de 2019

O VARÃO

Moro autorizou operação contra filha de investigado, apontam mensagens

Sergio Moro em visita à sede da Superintendência da Polícia Federal no Rio - Wilton Junior/Estadão Conteúdo-26.ago.2019Novas mensagens vazadas dos procuradores da Lava Jato mostram que o Ministério Público Federal (MPF) pediu duas vezes ao então juiz Sergio Moro medidas contra a filha de um alvo da operação, um empresário radicado em Portugal, como forma de forçá-lo a se entregar. Ela não era suspeita de quaisquer crimes. Os diálogos no aplicativo Telegram, obtidos e publicados hoje pelo site The Intercept Brasil, revelam que a ideia dos procuradores era chegar ao paradeiro do empresário Raul Schmidt por meio da filha, Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe.

Em um trecho da conversa, o procurador Diogo Castor de Mattos afirma que a ação visava criar um "elemento de pressão" no empresário.
Schmidt é apontado como operador de propinas para ex-dirigentes da Petrobras. Ele foi preso na 25ª fase da Lava Jato, mas foi liberado para responder ao processo em prisão domiciliar.
Em um primeiro momento, Moro recusou o pedido do MPF e alegou que não havia provas claras de que Nathalie sabia que as contas em seu nome no exterior receberam propinas.
"Apesar dos argumentos do MPF, não há provas muito claras de que Nathalie Angerami Priante Schmidt Felippe tinha ciência de que os valores tinham origem ilícita e/ou eram fruto de atos de corrupção", despachou o então juiz.
Porém, três meses depois, o MPF voltou a pedir operação contra Nathalie para capturar Schmidt. Desta vez, mesmo sem qualquer mudança no pedido, Moro acatou.
A operação de busca e apreensão na casa de Nathalie, no Rio de Janeiro, reteve o seu passaporte. No mesmo dia, o pedido de extradição de Schmidt foi cancelado em Portugal. Segundo o Intercept, "Nathalie foi denunciada pela Lava Jato por lavagem de dinheiro pela compra do imóvel em Paris no final de 2018, mas o caso corre, até hoje, sob sigilo".
Leia os diálogos, mantidos na versão original e sem alterações ou correções ortográficas.

1º de fevereiro de 2018 - Grupo Filhos do Januário 2

Diogo Castor de Mattos - 16:52:58 - prezados, gostaria de submeter à analise de todos a questão da operação na filha do raul schmidt.. basicamente, ela esta envolvida em algumas lavagens por ser beneficiária de uma offshore do pai.. pensamos em fazer uma operação nela para tentar localizá-lo.. oq acham?
Paulo Roberto Galvão - 16:56:11 - pegar o celular?
Castor de Mattos- 16:57:53 - eh
Deltan Dallagnol - 17:05:13 - Nse fizer, ele some no mesmo dia…
Dallagnol - 17:05:21 - ele muda de lugar
Castor de Mattos- 17:10:47 - mas ela mandou renovar o passaporte e entoru com pedido de visto em portugal..
Castor de Mattos- 17:11:04 - se nao fizermos nada ela foge do país e nunca mais achamos
Dallagnol - 17:14:04 - mas o que ganha? -salvo se realmente achar que ela tá envolvida nos crimes, não haverá provas deles -quanto à loalização dele, pode até achar, mas terá poucas horas pra prendê-lo, ou menos de poucas horas, tendo de mobilizar polícia fora em país que não sabemso qual em território de fronteiras abertas UE…
Castor de Mattos- 17:15:36 - na minha perspectiva, ela nao poder sair do país é um elemento de pressão em cima dele
Castor de Mattos- 17:15:57 - e ai estamos falando de imóveis adquiridos em nome dela no exterior de USD 2 milhoes
Athayde Ribeiro Costa - 17:25:22 - Intercepta ela. Se ela habilitar o cel e usar la, tem a erb
Castor de Mattos- 17:26:22 - mas o cara tá na europa

Outro lado

Em resposta ao Intercept, o MPF disse que "os procuradores da força-tarefa Lava Jato formulam pedidos cautelares ou denúncias apenas quando estão presentes os requisitos legais". A nota ainda diz que "Nathalie Schmidt foi beneficiária de contas secretas que receberam milhões de dólares ilícitos no exterior, podendo estar sujeita, por tais condutas, a sanções criminais".
Atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, Moro não comentou o caso.

sábado, 31 de agosto de 2019

Filósofo morador da Amazônia relata o caos na Região, após eleição de Bolsonaro


“madeireiros, fazendeiros, latifúndios se sentem livres para fazer seus crimes ambientais”

grilagem desmatamento amazoniaViraliza nas redes sociais um relato gravíssimo de um suposto filósofo de nome Elias Flexa acusando ruralistas amazônicos de atuarem com liberdade na floresta do Amazonas, onde cometem os mais variados crimes ambientais ‘garantidos’ por Bolsonaro
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Pessoal, eu moro em Porto de Moz – Pará, no rio Xingu. Estou no meio da Amazônia e vocês não tem ideia do que está acontecendo aqui.
A imprensa está mostrando a questão das queimadas, mas isso é apenas um dos fatos que estão ocorrendo. É horrorizante saber que é muito pior.
Desde que Bolsonaro foi eleito presidente, parece que os madeireiros, fazendeiros, latifúndios e demais devastadores se sentem livres para fazer seus crimes ambientais. Eles encontraram no discurso do presidente um incentivo a destruir a natureza com a certeza da impunidade.
Nos governos do PT, a política ambiental incomodou essa turma. Nesse período foram criadas várias unidades de conservação em toda a Amazônia, inclusive aqui no meu município foi criada a maior reserva extrativista, a Verde para Sempre. Espalhou-se para todos os lados iniciativas de projetos que combina desenvolvimento com preservação ambiental, o que nós chamamos de desenvolvimento sustentável.
Só dentro da Verde para Sempre temos 6 projetos de manejo florestal comunitário, um modelo de desenvolvimento sustentável que se confronta com a exploração devastadora daqueles que são contra preservação ambiental.
Os devastadores estão derrubando áreas enormes por conta própria sem nenhuma legalidade ambiental e vocês sabem que com isso vai junto toda a natureza daquela área: plantas, animais e toda a biodiversidade. Depois eles tocam fogo que queima tudo e fica somente as cinzas.
Isso nos preocupa muito, pois os primeiros afetados somos nós que aqui moramos. Há também uma explosão de garimpos ilegais que estão contaminando os rios e o subsolo. A pesca predatória voltou e isso ameaça o futuro das espécies. A grilagem de terras também voltou. E nós quando questionamos toda essa destruição somos ameaçados e corremos sérios riscos.
Bolsonaro não conhece a Amazônia e não tem nenhuma responsabilidade com o povo que aqui mora. Ele acusa as ONGs de causarem as queimadas, é um cara de pau de um presidente mentiroso. Ele sabe quem são os destruidores, mas ele prefere inverter as coisas e acusar quem luta em defesa da Amazônia. É típico dele fazer isso.
Nós convivemos com o medo constante quando se trata de meio ambiente. Bolsonaro é a certeza da impunidade para o que está acontecendo na Amazônia. Não é a toa que ele desmonta o IBAMA e o ICMBio. Os ruralistas da Amazônia querem que Bolsonaro revogue as reservas nesta região.
Ainda essa semana um grupo da região Norte se reuniu com a secretária de agricultura e pediram a revogação das reservas.
Bolsonaro tem culpa sim do que está acontecendo na Amazônia, o discurso dele incentiva essas práticas. Não é só as queimadas, a destruição é muito maior!
Elias Flexa, filósofo e ribeirinho amazônida!

Bolsonaro diz que Queiroz eximiu Flávio em depoimento por escrito e o chama de 'nota dez'

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que conhece Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, desde 1984 e que Queiroz "é um cara sem problema, nota dez" e prestou depoimento por escrito, no qual eximiu seu filho de culpa.
O presidente Jair Bolsonaro e o filho, senador Flávio Bolsonaro Foto: Divulgação / PSL— Eu conheço o Queiroz desde 1984. Ele era um soldado da brigada de paraquedista. Entrou na Polícia Militar, veio trabalhar na minha família. É um cara sem problema, nota dez. Teve esse problema. Quem responde por ele é ele, não sou eu — afirmou o presidente.
Em fevereiro, Queiroz depôs por escrito ao Ministério Público do Rio e admitiu que ficava com parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio, mas garantiu que o parlamentar não tinha conhecido das suas ações. O depoimento, no entanto, não sanou todas as dúvidas dos investigadores.
Bolsonaro disse neste sábado que não tem mais nenhum contato com o ex-assessor de Flávio e que sequer conhece o paradeiro dele.
— Não existe telefonema para ele, nada. Não sei onde ele está. Parece que a Veja descobriu, como se estivesse foragido. E, pelo que eu sei, ele já prestou depoimento por escrito. E, pelo que eu fiquei sabendo também, exime o meu filho de culpa. Ele responde pelos atos dele — defendeu Bolsonaro.
Apesar de não ser considerado foragido pela Justiça e nem esperado para depor às autoridades, Queiroz desapareceu por meses e aumentou a a desconfiança que paira sobre ele diante dos indícios investigados pelo Ministério Público de que administrava uma “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), recolhendo de funcionários parte de seus salários como condição para que fossem contratados.
Meses depois da última aparição, Queiroz foi localizado pela revista "Veja" esta semana. A publicação diz que ele hoje é morador do Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, e segue em tratamento contra o câncer num dos hospitais mais caros do Brasil, o Albert Eistein.

Explicações

O presidente tentou explicar a movimentação financeira em torno de R$ 1 milhão que seria referente a um apartamento adquirido por Flávio em 2017.
A transação foi incluída em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas o parlamentar afirma que se tratava do pagamento de um título bancário da Caixa Econômica Federal emitido para pagar o apartamento. Flávio não havia, no entanto, mencionado publicamente que teria recebido o dinheiro de Queiroz antes de repassá-lo ao banco.
— Vou repetir para vocês: R$ 1 milhão, o Queiroz tinha dado para ele. Quem pagou essa conta para a construtora foi a Caixa Econômica Federal. Documentado. Passa por ele porque a Caixa comprou a dívida dele. E ele, em vez de dever para a construtora, passa a dever para a Caixa. Isso é uma operação normal — disse o presidente.
Flávio Bolsonaro e Queiroz em campanha Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) 26/12/2018 Foto: Reprodução/SBT
Foto: Reprodução/SBT
O ministro do STF Marco Aurélio Mello Foto: Jorge William / Agência O Globo
Foto: Jorge William / Agência O Globo
A sede do Ministério Público do Rio de Janeiro Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Fachada da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante audiência pública no Senado Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/09-05-2019
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/09-05-2019
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, durante internação no Hospital Alberta Einstein Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Quebra de sigilo mira negócios imobiliários de Flávio Bolsonaro: na foto, a fachada de uma das empresas sob sigilo, a Linear Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro Foto: Jorge William / Agência O Globo
Foto: Jorge William / Agência O Globo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Foto: Agência Senado
Foto: Agência Senado
Bolsonaro também mencionou os depósitos fracionados de R$ 2 mil que Flávio recebeu na própria conta entre junho e julho de 2017. O montante chegou a cerca de R$ 96 mil e também foi identificado pelo Coaf. Segundo o presidente, as frações apenas respeitam o limite dado pelo banco o número máximo de cédulas dentro de um envelope.
— A questão de depósito de R$ 2 mil. O depósito no envelope lá o limite é R$ 2 mil. Não é para fugir do clássico. Valor de imóveis, comprou imóveis na planta. Os dez. Foi pagando — disse Bolsonaro, em referência aos imóveis do filho que entraram no radar do Ministério Público.
Já em relação aos depósitos de funcionários na conta de Fabrício Queiroz, Bolsonaro disse que isso “é problema dele”.
— No restante, se funcionária botava dinheiro na conta de outro, é problema dele, pô. Ele que responda. Eu nunca tive problema com o Queiroz — finalizou o presidente.