quinta-feira, 17 de setembro de 2015

O botão Dislike, o tiro no pé

Mesmo que não conte, o simples fato de ter muitos dislikes vai falar contra o conteúdo. Imagina a nossa maravilhosa imprensa divulgando "o post X da marca/pessoa Y teve milhares de dislikes e fez feio no Facebook". Parece bobagem, né? Não é nãoQuantas vezes você não viu alguém postando sobre a morte de um parente, da perda de um emprego, do fim de uma relação e, sem jeito de comentar, desejou ter um botão que indicasse que compartilhava daquele sentimento ruim, mostrar empatia. O botão like, que muitas vezes cabe como um "eu li isso", parece cretino, um botão dislike faria sentido. Sim, faria… no mundo de Polianna e seu jogo do contente.

É bom observar que já existe uma forma de demonstrar que não gostou de determinado conteúdo: não dando like. E de filtrar também, tá lá.
Particularmente acredito que o botão dislike não será usado pra demonstrar empatia, bem distante disso. Sou capaz de apostar que será usado como elemento de guerrilha negativa contra pessoas, conteúdos e marcas. Hoje já vemos movimentações nesse sentido de grupos que militam por temas bem específicos contra páginas de marcas. Em grupos podemos encontrar convocações para avaliar mal determinada página de determinada marca que entendem ter se posicionado contra ou ofendido sua causa. O curioso é que como não é um hábito do brasileiro avaliar bem (é, temos esse ligeiro defeito de nos mobilizarmos mais para o mal que para o bem) algumas vezes bastam algumas dezenas de avaliações negativas pra mandar o rating de uma página lá pra baixo. Um detalhe importante? Isso não pode ser recuperado.
O botão de dislike irá se tornar a principal ferramenta de trolls, militantes e idiotas pra tentar prejudicar seus "adversários". Não faço ideia de como um dislike vai pesar no algoritmo de relevância do Facebook mas espero problemas. Fico imaginando na próxima eleição… meu Deus, além do clássico — e completamente ineficaz — tuitaço teremos também a movimentação para negativar conteúdo do adversário. "Ah, Eden, mas já não faziam isso nos comentários?". Tentavam, mas comentários podem ser apagados ou ocultados e além disso a ação de comentar exige mais energia que o simples clicar de um botão que pode, em tese, reduzir o alcance de determinado conteúdo.

Atualização


Muita gente tem dito "ah, Eden, vai ser meramente ilustrativo, não contará pro algoritimo" como se isso tornasse a discussão inócua. Não torna. Mesmo que não conte, o simples fato de ter muitos dislikes vai falar contra o conteúdo. Imagina a nossa maravilhosa imprensa divulgando "o post X da marca/pessoa Y teve milhares de dislikes e fez feio no Facebook". Parece bobagem, né? Não é não. Seguimos.
No Youtube, por exemplo, existe a opção de bloquear as avaliações positivas e negativas — nada democrático, assumo, mas muitas vezes necessário — e quando o tema é mais espinhoso (ou quando o conteúdo é ruim mesmo) vemos marcas e pessoas utilizando o artifício para não sofrerem com a rebordosa por parte de críticos ou malucos.
Eu era responsável pelo planejamento de diversas contas da Unilever em redes sociais quando um grupo de militância pró-animais resolveu promover um ataque maciço às páginas da marca no Brasil exigindo o fim dos experimentos com animais — que ela não faz no país. Foram quase 15 dias de milhares de comentários, fotos de animais mortos e coisas do tipo em várias páginas da marca. Tentar o diálogo não funcionou, criar um espaço para discutir o tema também não, queriam MESMO fazer barulho nas páginas, queriam palco, não atenção. Tema louvável, atitude nem tanto, mas, convenhamos, cada um luta com as armas que tem… agora imagina como o dislike pode ser utilizado nesse contexto.
Será que vai demorar pra aparecer gente chantageando marcas?
PS. Enquanto isso ficamos na espera de outros botões importantes lembrados pela sempre genial Camila Menezes:
“é memo?”
“macejura?”
“num creio”
“num fode”
“taqueopariu”
“MEDEUSDOCEU”
“apenas pare”
“sai já dai”
“inda bem que não te conheço mermo”
É esperar pra ver.

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