— Eu conheço o Queiroz desde 1984. Ele era um soldado da brigada de paraquedista. Entrou na Polícia Militar, veio trabalhar na minha família. É um cara sem problema, nota dez. Teve esse problema. Quem responde por ele é ele, não sou eu — afirmou o presidente.
Em fevereiro, Queiroz depôs por escrito ao Ministério Público do Rio e admitiu que ficava com parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio, mas garantiu que o parlamentar não tinha conhecido das suas ações. O depoimento, no entanto, não sanou todas as dúvidas dos investigadores.
Bolsonaro disse neste sábado que não tem mais nenhum contato com o ex-assessor de Flávio e que sequer conhece o paradeiro dele.
— Não existe telefonema para ele, nada. Não sei onde ele está. Parece que a Veja descobriu, como se estivesse foragido. E, pelo que eu sei, ele já prestou depoimento por escrito. E, pelo que eu fiquei sabendo também, exime o meu filho de culpa. Ele responde pelos atos dele — defendeu Bolsonaro.
Apesar de não ser considerado foragido pela Justiça e nem esperado para depor às autoridades, Queiroz desapareceu por meses e aumentou a a desconfiança que paira sobre ele diante dos indícios investigados pelo Ministério Público de que administrava uma “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), recolhendo de funcionários parte de seus salários como condição para que fossem contratados.
Meses depois da última aparição, Queiroz foi localizado pela revista "Veja" esta semana. A publicação diz que ele hoje é morador do Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, e segue em tratamento contra o câncer num dos hospitais mais caros do Brasil, o Albert Eistein.
Explicações
O presidente tentou explicar a movimentação financeira em torno de R$ 1 milhão que seria referente a um apartamento adquirido por Flávio em 2017.
A transação foi incluída em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas o parlamentar afirma que se tratava do pagamento de um título bancário da Caixa Econômica Federal emitido para pagar o apartamento. Flávio não havia, no entanto, mencionado publicamente que teria recebido o dinheiro de Queiroz antes de repassá-lo ao banco.
— Vou repetir para vocês: R$ 1 milhão, o Queiroz tinha dado para ele. Quem pagou essa conta para a construtora foi a Caixa Econômica Federal. Documentado. Passa por ele porque a Caixa comprou a dívida dele. E ele, em vez de dever para a construtora, passa a dever para a Caixa. Isso é uma operação normal — disse o presidente.
Bolsonaro também mencionou os depósitos fracionados de R$ 2 mil que Flávio recebeu na própria conta entre junho e julho de 2017. O montante chegou a cerca de R$ 96 mil e também foi identificado pelo Coaf. Segundo o presidente, as frações apenas respeitam o limite dado pelo banco o número máximo de cédulas dentro de um envelope.
— A questão de depósito de R$ 2 mil. O depósito no envelope lá o limite é R$ 2 mil. Não é para fugir do clássico. Valor de imóveis, comprou imóveis na planta. Os dez. Foi pagando — disse Bolsonaro, em referência aos imóveis do filho que entraram no radar do Ministério Público.
Já em relação aos depósitos de funcionários na conta de Fabrício Queiroz, Bolsonaro disse que isso “é problema dele”.
— No restante, se funcionária botava dinheiro na conta de outro, é problema dele, pô. Ele que responda. Eu nunca tive problema com o Queiroz — finalizou o presidente.
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