sábado, 31 de agosto de 2019

Bolsonaro diz que Queiroz eximiu Flávio em depoimento por escrito e o chama de 'nota dez'

BRASÍLIA - O presidente Jair Bolsonaro disse neste sábado que conhece Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, desde 1984 e que Queiroz "é um cara sem problema, nota dez" e prestou depoimento por escrito, no qual eximiu seu filho de culpa.
O presidente Jair Bolsonaro e o filho, senador Flávio Bolsonaro Foto: Divulgação / PSL— Eu conheço o Queiroz desde 1984. Ele era um soldado da brigada de paraquedista. Entrou na Polícia Militar, veio trabalhar na minha família. É um cara sem problema, nota dez. Teve esse problema. Quem responde por ele é ele, não sou eu — afirmou o presidente.
Em fevereiro, Queiroz depôs por escrito ao Ministério Público do Rio e admitiu que ficava com parte dos salários dos funcionários do gabinete de Flávio, mas garantiu que o parlamentar não tinha conhecido das suas ações. O depoimento, no entanto, não sanou todas as dúvidas dos investigadores.
Bolsonaro disse neste sábado que não tem mais nenhum contato com o ex-assessor de Flávio e que sequer conhece o paradeiro dele.
— Não existe telefonema para ele, nada. Não sei onde ele está. Parece que a Veja descobriu, como se estivesse foragido. E, pelo que eu sei, ele já prestou depoimento por escrito. E, pelo que eu fiquei sabendo também, exime o meu filho de culpa. Ele responde pelos atos dele — defendeu Bolsonaro.
Apesar de não ser considerado foragido pela Justiça e nem esperado para depor às autoridades, Queiroz desapareceu por meses e aumentou a a desconfiança que paira sobre ele diante dos indícios investigados pelo Ministério Público de que administrava uma “rachadinha” no gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), recolhendo de funcionários parte de seus salários como condição para que fossem contratados.
Meses depois da última aparição, Queiroz foi localizado pela revista "Veja" esta semana. A publicação diz que ele hoje é morador do Morumbi, bairro nobre da zona sul de São Paulo, e segue em tratamento contra o câncer num dos hospitais mais caros do Brasil, o Albert Eistein.

Explicações

O presidente tentou explicar a movimentação financeira em torno de R$ 1 milhão que seria referente a um apartamento adquirido por Flávio em 2017.
A transação foi incluída em um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), mas o parlamentar afirma que se tratava do pagamento de um título bancário da Caixa Econômica Federal emitido para pagar o apartamento. Flávio não havia, no entanto, mencionado publicamente que teria recebido o dinheiro de Queiroz antes de repassá-lo ao banco.
— Vou repetir para vocês: R$ 1 milhão, o Queiroz tinha dado para ele. Quem pagou essa conta para a construtora foi a Caixa Econômica Federal. Documentado. Passa por ele porque a Caixa comprou a dívida dele. E ele, em vez de dever para a construtora, passa a dever para a Caixa. Isso é uma operação normal — disse o presidente.
Flávio Bolsonaro e Queiroz em campanha Foto: Arquivo pessoal
Foto: Arquivo pessoal
Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) 26/12/2018 Foto: Reprodução/SBT
Foto: Reprodução/SBT
O ministro do STF Marco Aurélio Mello Foto: Jorge William / Agência O Globo
Foto: Jorge William / Agência O Globo
A sede do Ministério Público do Rio de Janeiro Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Fachada da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) durante audiência pública no Senado Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/09-05-2019
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/09-05-2019
O ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, durante internação no Hospital Alberta Einstein Foto: Reprodução
Foto: Reprodução
Quebra de sigilo mira negócios imobiliários de Flávio Bolsonaro: na foto, a fachada de uma das empresas sob sigilo, a Linear Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
Foto: Márcio Alves / Agência O Globo
O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro Foto: Jorge William / Agência O Globo
Foto: Jorge William / Agência O Globo
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli. Foto: Agência Senado
Foto: Agência Senado
Bolsonaro também mencionou os depósitos fracionados de R$ 2 mil que Flávio recebeu na própria conta entre junho e julho de 2017. O montante chegou a cerca de R$ 96 mil e também foi identificado pelo Coaf. Segundo o presidente, as frações apenas respeitam o limite dado pelo banco o número máximo de cédulas dentro de um envelope.
— A questão de depósito de R$ 2 mil. O depósito no envelope lá o limite é R$ 2 mil. Não é para fugir do clássico. Valor de imóveis, comprou imóveis na planta. Os dez. Foi pagando — disse Bolsonaro, em referência aos imóveis do filho que entraram no radar do Ministério Público.
Já em relação aos depósitos de funcionários na conta de Fabrício Queiroz, Bolsonaro disse que isso “é problema dele”.
— No restante, se funcionária botava dinheiro na conta de outro, é problema dele, pô. Ele que responda. Eu nunca tive problema com o Queiroz — finalizou o presidente.

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