domingo, 3 de julho de 2016

Atentado com carro-bomba mata 75 no Iraque; EI reivindica ataque

Pelo menos 75 pessoas morreram e 135 ficaram feridas em um atentado com um carro-bomba realizado na madrugada deste sábado em uma área comercial do centro de Bagdá, no Iraque. O ataque foi reivindicado pelo grupo terrorista Estado Islâmico (EI).
Bombeiros e iraquianos observam destruição deixada após explosão de carro-bomba no centro de Bagdá (Foto: Sabah Arar / AFP Photo)Um suicida detonou o veículo que conduzia no meio de uma multidão reunida perto da sorveteria Yabar Abu al Sharbat, localizada na região de Al Karrada, informou a polícia.
A sorveteria mais popular e antiga da capital iraquiana estava muito movimentada à 1h (horário local, 19h em Brasília).
A explosão destruiu e incendiou várias lojas em Al Karrada, onde a maioria da população é xiita.
O EI assumiu a autoria do atentado em comunicado assinado e divulgado nas redes sociais, no qual garantiu que o alvo eram os xiitas. O grupo terrorista, que avaliou em 40 o número de mortos e em 80 o de feridos, advertiu que "com a permissão de Deus prosseguirão os ataques dos mujahedins contra os renegados".O primeiro-ministro iraquiano, Haidar al Abadi, foi para o local do atentado e afirmou que os terroristas "após terem sido esmagados nos campos de batalha cometem ataques com explosivos em uma tentativa desesperada".
A população não recebeu bem a visita do chefe do governo e atirou pedras n
o combio.
Além disso, outro carro bomba explodiu no mercado popular Shalal, situado na região de Al Shaab, no nordeste de Bagdá e de população também majoritariamente xiita. Este atentado causou a morte de um civil e feriu a cinco, além de danificar várias lojas.
O Iraque trava uma luta contra o EI desde junho de 2014, quando o grupo terrorista assumiu amplas regiões do norte e do centro do país e proclamou um califado.

sábado, 2 de julho de 2016

STF julgará ações que podem reverter execução de pena após 2ª instância

Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília, decide sobre necessidade de aprovação prévia para publicação de biografias (Foto: André Dusek/Estadão Conteúdo)O Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para a próxima quarta-feira (22) o julgamento de duas ações que buscam reverter decisão recente da Corte que admitiu o cumprimento de penas de prisão após decisão da segunda instância da Justiça.

Em fevereiro, por 7 votos a 4, o STF permitiu o início de punições a partir condenação de um Tribunal de Justiça estadual (TJ) ou de um Tribunal Regional Federal (TRF). Até então, um réu podia recorrer em liberdade até a decisão final pelos tribunais superiores: o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o próprio Supremo Tribunal Federal (STF).
No julgamento de abril, a Suprema Corte alterou entendimento que vigorava desde 2009, pelo qual um condenado deveria continuar livre até que se esgotassem todos os recursos no Judiciário, ou seja, até o chamado "trânsito em julgado" do processo. A jurisprudência anterior se baseava na “presunção de inocência”.

A decisão de autorizar as prisões depois de condenações em segunda instância foi duramente criticada por advogados criminalistas, que apontaram uma "antecipação da pena".
No fim de maio, veio à tona uma gravação na qual o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ataca a mudança de jurisprudência em uma conversa com o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado. No diálogo, o senador do PMDB – investigado pela Lava Jato – afirma que o Congresso Nacional precisa aprovar uma nova lei para restabelecer as prisões somente após o trânsito em julgado.

"A lei diz que não pode prender depois da segunda instância, e ele [STF] aí dá uma decisão, interpreta isso e acaba isso", reclamou Renan em um dos áudios gravados pelo ex-presidente da Transpetro.
A fala do presidente do Senado foi interpretada por procuradores da República como indício de uma tentativa de atrapalhar as investigações do caso e chegou a embasar o pedido de prisão apresentado ao Supremo contra Renan por Janot. Relator da Lava Jato no STF, o ministro Teori Zavascki rejeitou o pedido de prisão.
A irritação de Renan Calheiros foi motivada, em parte, pelo fato de que a decisão do Supremo de rever a regra de execução das prisões serviu como estímulo às delações premiadas, na medida em que, temendo a prisão mais rápida, muitos investigados acabaram fechando acordos de colaboração com a Justiça em troca do abrandamento da pena.

Prisões após decisão do STF

O novo entendimento da mais alta corte do país levou à prisão nos últimos meses condenados notórios, cujos processos se arrastavam por anos, graças aos recursos.
Foi o caso do ex-senador Luiz Estevão, preso em março, por uma condenação de 2006. Ele pegou 31 anos de prisão por corrupção, estelionato, peculato, quadrilha e uso de documento falso, acusado no escândalo de superfaturamento na construção do TRT de São Paulo.

Pelo mesmo motivo, foi encarcerado, em fevereiro, o ex-seminarista Gil Grego Rugai, condenado em 2013. Ele pegou pena de 33 anos e 9 meses de prisão pelo assassinato, em 2004, de seu pai, Luiz Carlos Rugai, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitino.

Cunha recebia 80% da propina paga em esquema na Caixa, diz delator

O ex-dirigente da Caixa Fábio Cleto, um dos delatores da Operação Lava Jato, afirmou em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ficava com 80% da propina paga em suposto esquema para a liberação de recursos do Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS), administrado pela Caixa Econômica Federal.
Fábio Ferreira Cleto, vice-presidente da Caixa (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)A informação foi citada pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em documento enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no qual pediu a prisão do doleiro Lúcio Funaro, alvo da Operação Sépsis, uma nova etapa da Operação Lava Jato. Preso na ação, ele é apontado por delatores da Lava Jato e pela Procuradoria-Geral da República como operador de propina no esquema ligado a Cunha.Por meio de nota divulgada pela assessoria Cunha negou ter combinado ou recebido qualquer vantagem indevida. "Desconheço o conteúdo da delação, porém quero desmentir com veemência os supostos fatos divulgados e desafio a provarem", afirmou o presidente afastado da Câmara (leia a nota na íntegra ao final da reportagem).
Na delação, Cleto afirmou que a propina paga representava 1% do valor dos contratos com recursos do Fundo de Investimentos do FGTS. A divisão deste valor era a seguinte, de acordo com o ex-dirigente da Caixa:
- 80% eram repassados a Cunha;
- 12% ficavam com Lúcio Funaro;
- 4% ficavam com Fábio Cleto;
- 4% eram repassados ao empresário Alexandre Margotto.
Segundo o delator, Lúcio Funaro usava as empresas de Margotto para movimentar valores.
"[Cleto disse] Que era Funaro o responsável por repassar a Margotto os valores que lhe eram devidos; [...] Que sabe que Funaro se utilizava das contas e empresas de Margotto para movimentar valores", diz termo da delação.
Por meio de nota oficial, a Caixa informou que não houve prejuízo ao FI-FGTS e que vai continuar ajudando nas investigações.
Por telefone, o advogado Daniel Gerber, que defende Lúcio Funaro, disse que ainda não tem conhecimento sobre os detalhes da operação pois não teve acesso aos documentos. “A única coisa que posso afirmar é que meu cliente (Lucio Funaro) é inocente e vamos provar que o delator Fabio Cleto mentiu em suas acusações”, disse.Indicação
No mês passado, Cunha afirmou que deu apoio à indicação de Cleto pela bancada do PMDB do Rio de Janeiro. Em dezembro do ano passado, Cleto foi exonerado da Caixa por determinação da atualmente presidente afastada Dilma Rousseff.
Na delação, o ex-dirigente afirma que, logo que assumiu o posto de vice da Caixa, foi convidado a se encontrar com Cunha em um apartamento em Brasília. Nesta reunião, segundo a delação, o peemedebista disse ter "grande interesse" no FI-FGTS, e que caberia a Cleto encaminhar demandas de acordo com os interesses de Cunha.
"Que nesta primeira reunião, Eduardo Cunha disse que o grande interesse dele era no Fundo de Investimento FI-FGTS, onde empresas privadas tomam recursos para obras de infraestrutura; que nesta reunião, Eduardo Cunha disse que apresentaria demandas para o depoente e cabia ao depoente analisar e encaminhar de acordo com os interesses de Cunha", diz o termo de delação de Fábio Cleto.
De acordo com investigadores, Fábio Cleto informava os nomes das empresas que pediam financiamento com recursos do FGTS a Lúcio Funaro, que procurava as empresas e pedia propina para agilizar a liberação do dinheiro. Segundo Cleto, Cunha também negociava propina diretamente com as empresas.
"Que depois de aprovadas as operações, Eduardo Cunha confirmava ao declarante [Cleto] se havia sido cobrada propina e qual valor. [...] Que Funaro informou sobre o pagamento de propina logo após a posse do depoente na CEF, bem no início; Que Eduardo Cunha também confirmou o pagamento de propina para o depoente", diz trecho do termo de delação de Fábio Cleto.
"Que as pessoas responsáveis por negociar a propina com as empresas era Lúcio Bolonha Funaro e Eduardo Cunha, [...] que variava quem solicitava a propina a depender da proximidade com a empresa; Que quem tivesse mais proximidade com a empresa ficaria encarregado de solicitar a propina; Que, de qualquer forma, em todos os casos, Funaro e Cunha estavam acertados e alinhados em relação à solicitação de propina; [... ] Que nesta época, portanto, o declarante recebia orientações de como proceder e agir dentro da CEF tanto de Eduardo Cunha quanto de Lúcio Bolonha Funaro", relatam os investigadores em outro termo de delação.
O que é o fundo FI-FGTS
O FI-FGTS é um fundo de investimento bilionário administrado pela Caixa Econômica Federal que aplica recursos do trabalhador em projetos de infraestrutura. No final de 2015, o patrimônio do fundo acumulou patrimônio de R$ 31,9 bilhões.
Entre os projetos que receberam investimentos do fundo estão a Sete Brasil, empresa criada para construir e administrar as sondas do pré-sal e que entrou em recuperação judicial após a Operação Lava Jato.
No ano passado, auditores da KPMG informaram que do total de R$ 21,65 bilhões em investimentos do FI-FGTS, R$ 4,12 bilhões foram para projetos de empresas investigadas na Lava Jato ou companhias ligadas a elas.
Nota de Eduardo Cunha
"Em relação aos fatos hj divulgados, tenho a esclarecer o que se segue:
1) Desconheço o conteúdo da delação, porém quero desmentir com veemência os supostos fatos divulgados e desafio a provarem.
2) Não recebi e nem combinei com quem quer que seja qualquer vantagem indevida de nenhuma natureza.
3) O delator, ao que parece, é réu confesso de práticas irregulares, as quais cabe a ele responder por elas.
4) Não tenho operador, gestor financeiro ou qualquer coisa do gênero e também não autorizei ninguém a tratar qualquer coisa em meu nome
5) Lamento que todas as denúncias formuladas são baseadas em palavras de delator, com histórias fantasiosas, onde não tive nem o direito de ser ouvido em sede de inquérito para estabelecer o contraditório.
Ass: Eduardo Cunha"
 

Ao menos 20 reféns foram mortos em café de Bangladesh

O ataque a um café em Daca, capital de Bangladesh, deixou 26 mortos, informou o Exército neste sábado (2). As vítimas fatais são seis terroristas e 20 reféns. Não estão somadas as mortes de dois policiais que ocorream no início da operação, na sexta-feira (1º). 
Homem ferido é carregado perto do estabelecimento vítima de ataque terrorista em Daca, Bangladesh  (Foto: AFP)A maior parte dos reféns mortos é composta por estrangeiros, entre eles italianos e japoneses.
O diretor da operação militar, general Nayeem Ashfaq Chowdhury, afirmou que os reféns foram "executados" em sua maioria com armas afiadas, provavelmente facões.
Entre os reféns resgatados estariam: um japonês, dois cidadãos do Sri Lanka e dez bengalis. Uma tropa de elite libertou o grupo, após um drama de 12 horas.
"Abatemos seis terroristas. A área foi liberada", disse o comandante do Batalhão de Ação Rápida, Tuhin Mohammad Massud, que liderou o assalto ao restaurante.
A primeira-ministra de Bangladesh, Sheikh Hasina, confirmou as mortes de seis dos insurgentes e também a prisão de um integrante do grupo. Não há informações sobre o homem preso.O porta-voz do Exército, coronel Rashidul Hassan, confirmou que a operação terminou e a situação está sob controle.
Segundo um oficial da polícia, cerca de dez homens haviam invadido o restaurante, às 21h20 local (12h20, horário de Brasília) de sexta, aos gritos de "Allahu Akbar" ("Alá é grande").
O ataque ao restaurante foi reivindicado pelo grupo jihadista EI, que informou "mais de 20 mortos, de diferentes nacionalidades", segundo um comunicado da agência de notícias Amaq, ligada à organização.
Após mais de dez horas de impasse, as forças especiais decidiram lançar o assalto para libertar os reféns. Essa ação durou quase duas horas.
Policiais perto do restaurant atacado em Daca, Bangladesh  (Foto: AP Photo)Policiais perto do restaurante atacado em Daca, Bangladesh (Foto: AP Photo)
O restaurante era frequentado por diplomatas e empresários estrangeiros que vivem em Bangladesh.
O embaixador italiano, Mario Palma, disse que os sequestradores não tinham o "desejo de negociar" e estavam em "missão suicida".
De acordo com a rede de televisão Ekattur, 40 pessoas foram tomadas como reféns, a metade estrangeiros. Já Sumon Reza, um dos gerentes do estabelecimento que conseguiu escapar pelo telhado para uma loja vizinha, relatou que os invasores fizeram cerca de 20 reféns.
No momento do ataque dos sequestradores, dois policiais foram mortos, ao que parece atingidos por balas ou estilhaços de granadas", segundo o comissário de polícia Sheik Nazmul Alam.
Diego Rossini, um chef argentino que trabalha no restaurante, contou que os sequestradores "entraram carregando explosivos e granadas". "Foi um massacre, chegaram atirando". Ele escapou pelo terraço do restaurante, com um grupo de pessoas, após um agressor atirar contra ele "e não acertar".
Bangladesh vem sofrendo uma onda de assassinatos dos defensores da laicidade, de intelectuais e de integrantes das minorias religiosas. Esses ataques têm sido atribuídos a grupos extremistas. Foram mais de 50 mortes em três anos.

Dono da Delta, Fernando Cavendish é preso ao chegar no Rio

Fernando Cavendish chegou antes das 6h ao presídio Ary Franco, em Água Santa (Foto: Pedro Figueiredo)Segundo os agentes da PF, Cavendish já sabia que era aguardado pela polícia no aeroporto. Ele teve prisão pedida pela Justiça, mas, nesta sexta (1°), o desembargador Ivan Athié, do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), transformou em prisão domiciliar. De acordo com o advogado de Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira, que também foi preso na operação, os presos aguardam a chegada das tornozeleiras eletrônicas para deixar a unidade prisional.
A decisão sobre a prisão domiciliar vale também para outros quatro réus: Carlinhos Cachoeira, e os empresários Adir Assad, Marcelo Abbud e Cláudio Abreu, que assim como Cachoeira foram presos na quinta.
Uso de tornozeleira
A GloboNews teve acesso ao despacho do juiz. Foram estabelecidas sete medidas cautelares: afastamento da direção das empresas envolvidas nas investigações; recolhimento domiciliar integral até que demonstre ocupação lícita; comparecimento quinzenal em juízo; obrigação de comparecimento a todos os atos do processo; proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte em até 48 horas; e monitoração por meio de tornozeleira eletrônica.

Procurador critica decisão
Em nota, o procurador-regional da República, José Augusto Vagos, chefe da Procuradoria-Geral da República da 2ª Região, disse que a decisão de reverter a prisão preventiva "beira o abolicionismo penal", considerando que permite prisão domiciliar "num contexto de desvios de quase 400 milhões".

O procurador classificou como "um desprestígio aos órgãos de persecução que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos, concederem-se prisões domiciliares em série". Vagos afirmou que irá recorrer da decisão.

Denúncia aceita
Nesta sexta, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia contra os 22 acusados de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Fernando Cavendish chega ao presídio Ary Franco no carro da Polícia Federal (Foto: Reprodução / TV Globo)Na quinta (30), agentes do MPF e da PF do Rio foram às ruas em três estados para operação que foi batizada de Saqueador, que tinha o objetivo de combater a lavagem de dinheiro e o desvio de verbas em obras públicas.
A PF chegou de madrugada aos endereços em três capitais. Um dos alvos, o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, não estava em casa, no Rio de Janeiro. Ele mora de frente para o mar, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais caros do país.
Cavendish estava fora do Brasil desde 22 de junho. Os agentes apreenderam um cofre no apartamento dele e documentos na sede da Delta, no Centro da cidade.
Em Goiânia, os policiais prenderam o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-diretor da Construtora Delta para a região Centro-Oeste, Cláudio Dias Abreu.

Ex-dono da Delta chegou ao aeroporto Tom Jobim por volta das 5h deste sábado (Foto: Fernanda Rouvenat / G1)



























Em São Paulo, a operação buscava os chamados operadores financeiros do esquema. Marcelo José Abbud não foi encontrado de manhã, mas se entregou no fim da tarde, como mostram imagens exclusivas obtidas pelo Jornal Nacional.
Adir Assad estava em casa, até porque cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, depois que foi condenado na Operação Lava Jato. Carlinhos Cachoeira e os outros presos foram transferidos para a sede da PF no Rio de Janeiro.
Foi o Ministério Público Federal do Rio que investigou o esquema de lavagem de dinheiro. Os procuradores descobriram que, entre 2007 e 2012, a Delta faturou quase R$ 11 bilhões, só com verbas públicas, o que representa 96,3% de tudo que ganhou nesse período. Desse total, o MPF conseguiu comprovar que pelo menos R$ 370 milhões foram desviados.
Segundo a denúncia, o esquema da organização criminosa funcionou com a Delta repassando os valores para 18 empresas de fachada, fazendo contratos fictícios. Depois, tudo era sacado em dinheiro vivo para fazer pagamentos de propina a agentes públicos, inclusive políticos.
A denúncia cita casos já investigados como prova do desvio de dinheiro público. Entre eles, fraudes em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para obras em rodovias no Ceará e no Maranhão; a transposição de um rio que nunca aconteceu no estado do Rio; e a contratação da Delta sem licitação para obras no Parque Aquático Maria Lenk, construído para o Pan e que vai ser usado na Olimpíada.
O MP diz que além do empresário Fernando Cavendish, diretores e até funcionários administrativos participavam do esquema pelo lado da empreiteira e que as empresas e os contratos eram criados por Carlinhos Cachoeira e os operadores financeiros Adir Assad e Marcelo Abbud.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso de trechos da delação de executivos da Andrade Gutierrez. O MPF diz que não pode falar sobre o conteúdo, mas o Jornal Nacional mostrou no mês passado que os delatores contaram que o ex-governador Sérgio Cabral cobrou propina das empresas que faziam parte do consórcio que reformou o Maracanã. A cobrança teria sido de 5% do valor total do contrato. A obra custou R$ 1,2 bilhão, R$ 480 milhões além do valor previsto, que era de R$ 720 milhões.
As investigações sobre quem foi beneficiado e quanto recebeu no esquema de lavagem de dinheiro vão continuar. O MPF pediu a condenação de todos os envolvidos pela prática de lavagem de dinheiro e associação criminosa, além da reparação dos danos causados em duas vezes o valor desviado.
A defesa de Fernando Cavendish declarou que tomará as providências judiciais contra o que chamou de “ilegalidade”, e que, num inquérito que tramita há mais de três anos, Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial.
O advogado do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu preferiu se pronunciar depois que tiver mais detalhes sobre as denúncias.
A Construtora Andrade Gutierrez declarou que mantém o compromisso de colaborar com as autoridades sobre os assuntos pertinentes à Lava Jato e que a empresa tem prestado todos os esclarecimentos devidos.
O ex-governador Sérgio Cabral disse que desconhece qualquer envolvimento do nome dele na Operação Saqueador e que jamais solicitou qualquer tipo de contribuição ilegal a qualquer empresa. Cabral disse ainda que o nome dele sequer foi citado na CPI de que decorre dessa investigação.

sexta-feira, 1 de julho de 2016

Pentágono revoga proibição para militares transgêneros

O Secretário de Defesa americano Ash Carter durante o anúncio no Pentágono  (Foto: Alex Brandon/AP)O Pentágono revogou sua proibição a militares transgêneros, anunciou o Secretário da Defesa Ash Carter em um comunicado nesta quinta-feira (30).
"Estamos fazendo o correto para o nosso povo e para as nossas Forças Armadas", indicou o secretário em um comunicado."Estamos falando de talentosos americanos que servem com distinção ou que aspiram a ter a oportunidade de servir. Não podemos permitir a existência de barreiras sem relações com as qualificações e que impeçam contratar e manter aqueles que melhor possam cumprir a missão", ressaltou.
Quando, a partir de 1º de outubro próximo, um médico reconhecer que uma mudança de identidade sexual é "medicamente necessária" para um militar, as Forças Armadas darão a essa pessoa "os cuidados e o tratamento adequados para conseguir isso", declarou o Pentágono.
O Departamento da Defesa preparava essa decisão histórica há um ano. Carter havia pedido a sua assessoria que estudasse o tema, depois de ter emitido uma opinião favorável.
O secretário repete, com frequência, que pretende abrir ao máximo o leque para captar novos recrutas e atrair os melhores talentos.
Mulheres e homossexuais
Em janeiro deste ano, foram suspensas as últimas barreiras para o acesso de mulheres a postos de combate.
Em 2011, o governo de Barack Obama já havia outorgado aos homossexuais o direito de servir no Exército, abolindo a lei "Don't Ask, don't Tell" ("não pergunte, não conte", em tradução livre) de 1993.
Segundo a Human Rights Campaign, a principal associação de defesa dos direitos das pessoas transgênero, elas chegariam a cerca de 15 mil nas fileiras do Exército, de um efetivo total de 1,3 milhão de militares.
O anúncio se dá pouco mais de um mês depois de o Exército norte-americano receber formalmente o seu novo secretário, Eric Fanning, que se tornou o primeiro líder abertamente gay de uma das forças militares na história dos EUA.
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EUA têm primeiro acidente fatal em carro com sistema semiautônomo

Um motorista morreu quando o carro em que estava, um Tesla Model S, colidiu com um caminhão na Flórida, nos Estados Unidos. O veículo estava no modo semiautônomo ou "Autopilot", em que o carro dirige sozinho dentro de algumas restrições.
Tesla S (Foto: Divulgação)Este é o primeiro acidente fatal com o uso desse tipo de recurso, disse a Tesla, em comunicado divulgado nesta quinta-feira (30).O caso aconteceu em maio passado, mas só foi divulgado com a abertura de uma investigação pela agência de segurança de transporte do país (NHTSA) e a nota da Tesla. A fabricante disse que só soube do ocorrido na última quarta (29).
O que é semiautônomo
Apesar de diversas montadoras testarem veículos totalmente autônomos, inclusive nas ruas, nenhum país vende carros que dispensam motorista completamente.
Mas alguns modelos, como o elétrico Model S, permitem esse tipo de condução sob certos limites, de tempo e velocidade, por exemplo, e regras, como a de que o motorista mantenha as mãos aos volante, para reassumir o controle a qualquer momento.
Vítima tinha elogiado sistema
O site "The Verge" publicou que, em abril último, o motorista Joshua Brown, que morreu no acidente, tinha postado um vídeo no YouTube (assista aqui) em que dizia que o "Autopilot" o salvou da batida em outro caminhão que tentou pegar a mesma pista em que o carro dele estava.
Ele gravou o momento em que o veículo se aproxima pela esquerda e o Tesla subitamente desvia para o lado, evitando a colisão.Um mês antes de acidente fatal, motorista postou vídeo elogiando o sistema Autopilot, da Tesla (Foto: Reprodução/YouTube)"Eu não estava olhando naquela direção (de onde vinha o caminhão) e a Tessy (nome que dou para o meu carro) estava no comando, com o Autopilot ativo. Percebi o perigo quando a Tessy me alertou com um alerta para 'assumir o comando imediatamente' e com o carro desviando para a direita para evitar a batida lateral", descreveu Brown.
"Você pode ver (no vídeo) quando eu retomei o controle (do carro), há um leve som no volante. A Tessy já tinha movido o carro para evitar a colisão", completou.
O vídeo tinha mais de 1,7 milhão de visualizações até a noite desta terça.Como foi o acidente
O acidente com o Model S aconteceu em uma rodovia de in Williston e os sensores do carro não perceberam que uma carreta fez uma curva para a esquerda à sua frente, em um cruzamento.
O Tesla acabou entrando embaixo o caminhão e o teto foi arrancado, segundo descreveu o jornal local "The Levy Count". O carro continuou se arrastando até sair da pista e bater em uma cerca.
Brown, de 45 anos, morreu na hora. O condutor do caminhão não se machucou.
"Foi o primeiro acidente fatal em 130 milhões de milhas percorridas com o Autopilot. Entre todos os veículos nos Estados Unidos, há, em média, um acidente fatal a cada 94 milhões de milhas. No mundo, a cada 60 milhões de milhas, aproximadamente", disse a Tesla, na nota. "É importante enfatizar que a ação da NHTSA é simplesmente uma avaliação premilinar para determinar se o sistema funcionou conforme o esperado."