A decisão sobre a prisão domiciliar vale também para outros quatro réus: Carlinhos Cachoeira, e os empresários Adir Assad, Marcelo Abbud e Cláudio Abreu, que assim como Cachoeira foram presos na quinta.
Uso de tornozeleira
A GloboNews teve acesso ao despacho do juiz. Foram estabelecidas sete medidas cautelares: afastamento da direção das empresas envolvidas nas investigações; recolhimento domiciliar integral até que demonstre ocupação lícita; comparecimento quinzenal em juízo; obrigação de comparecimento a todos os atos do processo; proibição de manter contato com os demais investigados; proibição de deixar o país, devendo entregar o passaporte em até 48 horas; e monitoração por meio de tornozeleira eletrônica.
Procurador critica decisão
Em nota, o procurador-regional da República, José Augusto Vagos, chefe da Procuradoria-Geral da República da 2ª Região, disse que a decisão de reverter a prisão preventiva "beira o abolicionismo penal", considerando que permite prisão domiciliar "num contexto de desvios de quase 400 milhões".
O procurador classificou como "um desprestígio aos órgãos de persecução que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos, concederem-se prisões domiciliares em série". Vagos afirmou que irá recorrer da decisão.
Denúncia aceita
Nesta sexta, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia contra os 22 acusados de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Procurador critica decisão
Em nota, o procurador-regional da República, José Augusto Vagos, chefe da Procuradoria-Geral da República da 2ª Região, disse que a decisão de reverter a prisão preventiva "beira o abolicionismo penal", considerando que permite prisão domiciliar "num contexto de desvios de quase 400 milhões".
O procurador classificou como "um desprestígio aos órgãos de persecução que trabalharam duro para essa operação, gasto enorme de tempo e dinheiro para, sem maiores considerações e aprofundamentos, concederem-se prisões domiciliares em série". Vagos afirmou que irá recorrer da decisão.
Denúncia aceita
Nesta sexta, o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal, aceitou a denúncia contra os 22 acusados de participar de um esquema que desviou R$ 370 milhões dos cofres públicos.
Na quinta (30), agentes do MPF e da PF do Rio foram às ruas em três estados para operação que foi batizada de Saqueador, que tinha o objetivo de combater a lavagem de dinheiro e o desvio de verbas em obras públicas.
A PF chegou de madrugada aos endereços em três capitais. Um dos alvos, o empreiteiro Fernando Cavendish, dono da Construtora Delta, não estava em casa, no Rio de Janeiro. Ele mora de frente para o mar, na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos endereços mais caros do país.
Cavendish estava fora do Brasil desde 22 de junho. Os agentes apreenderam um cofre no apartamento dele e documentos na sede da Delta, no Centro da cidade.
Em Goiânia, os policiais prenderam o bicheiro Carlinhos Cachoeira e o ex-diretor da Construtora Delta para a região Centro-Oeste, Cláudio Dias Abreu.
Em São Paulo, a operação buscava os chamados operadores financeiros do esquema. Marcelo José Abbud não foi encontrado de manhã, mas se entregou no fim da tarde, como mostram imagens exclusivas obtidas pelo Jornal Nacional.
Adir Assad estava em casa, até porque cumpre prisão domiciliar, com tornozeleira eletrônica, depois que foi condenado na Operação Lava Jato. Carlinhos Cachoeira e os outros presos foram transferidos para a sede da PF no Rio de Janeiro.
Foi o Ministério Público Federal do Rio que investigou o esquema de lavagem de dinheiro. Os procuradores descobriram que, entre 2007 e 2012, a Delta faturou quase R$ 11 bilhões, só com verbas públicas, o que representa 96,3% de tudo que ganhou nesse período. Desse total, o MPF conseguiu comprovar que pelo menos R$ 370 milhões foram desviados.
Segundo a denúncia, o esquema da organização criminosa funcionou com a Delta repassando os valores para 18 empresas de fachada, fazendo contratos fictícios. Depois, tudo era sacado em dinheiro vivo para fazer pagamentos de propina a agentes públicos, inclusive políticos.
A denúncia cita casos já investigados como prova do desvio de dinheiro público. Entre eles, fraudes em licitações do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para obras em rodovias no Ceará e no Maranhão; a transposição de um rio que nunca aconteceu no estado do Rio; e a contratação da Delta sem licitação para obras no Parque Aquático Maria Lenk, construído para o Pan e que vai ser usado na Olimpíada.
O MP diz que além do empresário Fernando Cavendish, diretores e até funcionários administrativos participavam do esquema pelo lado da empreiteira e que as empresas e os contratos eram criados por Carlinhos Cachoeira e os operadores financeiros Adir Assad e Marcelo Abbud.
O Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou o uso de trechos da delação de executivos da Andrade Gutierrez. O MPF diz que não pode falar sobre o conteúdo, mas o Jornal Nacional mostrou no mês passado que os delatores contaram que o ex-governador Sérgio Cabral cobrou propina das empresas que faziam parte do consórcio que reformou o Maracanã. A cobrança teria sido de 5% do valor total do contrato. A obra custou R$ 1,2 bilhão, R$ 480 milhões além do valor previsto, que era de R$ 720 milhões.
As investigações sobre quem foi beneficiado e quanto recebeu no esquema de lavagem de dinheiro vão continuar. O MPF pediu a condenação de todos os envolvidos pela prática de lavagem de dinheiro e associação criminosa, além da reparação dos danos causados em duas vezes o valor desviado.
A defesa de Fernando Cavendish declarou que tomará as providências judiciais contra o que chamou de “ilegalidade”, e que, num inquérito que tramita há mais de três anos, Cavendish sempre atendeu às solicitações da autoridade policial.
O advogado do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu preferiu se pronunciar depois que tiver mais detalhes sobre as denúncias.
A Construtora Andrade Gutierrez declarou que mantém o compromisso de colaborar com as autoridades sobre os assuntos pertinentes à Lava Jato e que a empresa tem prestado todos os esclarecimentos devidos.
O ex-governador Sérgio Cabral disse que desconhece qualquer envolvimento do nome dele na Operação Saqueador e que jamais solicitou qualquer tipo de contribuição ilegal a qualquer empresa. Cabral disse ainda que o nome dele sequer foi citado na CPI de que decorre dessa investigação.
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