Jair Bolsonaro agiu rápido para esvaziar o trabalho do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Com a criação de um comitê de crise nesta segunda, o presidente tirou o chefe da Saúde da linha de frente da estratégia de combate ao avanço do coronavírus.
Até esta segunda, Mandetta era a voz do governo para o assunto. A partir de agora, a emergência não será gerida pelo médico Mandetta e seus técnicos da pasta. O trabalho ficará nas mãos do general Walter Braga Netto.
Mandetta será um simples membro do gabinete, que tem outras 15 pastas do governo. Oficialmente, vai tocar medidas relacionadas apenas a sua área, a saúde. Todo o resto — procedimentos em portos, aeroportos, fronteiras e outros setores do governo — ficará na Casa Civil.
Bolsonaro cobrou Mandetta na noite desta segunda por ter participado da reunião de Dias Toffoli no STF. Para o presidente, Mandetta passou a imagem de que falava por todo o governo, o que ampliou a sensação de que o próprio Planalto estava parado na crise — o que é verdade, afinal, Bolsonaro trabalhou como poucos nos últimos dias para desmoralizar a gravidade do coronavírus.
O fato de Mandetta ter figurado como representante do Executivo numa reunião de chefes dos poderes deixou em Bolsonaro o sentimento de que o ministro não teria percebido que estava sendo usado para atacar a imagem do presidente. “Ele deveria ter se recusado a participar, quando percebeu que a conversa era ampliada para chefes de poder”, diz um auxiliar de Bolsonaro.
Bolsonaro fez questão de demonstrar a contrariedade com a atuação do ministro ao convocá-lo para a reunião no Planalto no meio do encontro no STF.
Nesta segunda, o Radar mostrou que Bolsonaro estava incomodado com a atuação de Mandetta. Além de ter capturado o protagonismo do trabalho, o ministro entrou na lista negra de Bolsonaro por atuar ao lado de São Paulo e do Rio — estados comandados por “inimigos” o presidente –, epicentro do coronavírus no país.
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