"Uma vez que seja comprovado que houve ilicitude, é óbvio que terá que se retirar do governo. Mas, por enquanto, é uma investigação".
Mourão afirmou ainda que ao menos parte da articulação política do governo poderá ficar sob o comando de militares.O vice de Bolsonaro que ele mesmo poderá participar, assim como o futuro secretário de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz. A questão é também uma divergência com Lorenzoni, que chegou a afirmar, nesta semana, que a função caberá à Casa Civil. O futuro ministro disse, inclusive, que Bolsonaro já havia "batido o martelo" em relação ao assunto.
Hoje, na capital mineira, onde esteve para participar de encontro com empresários, Mourão disse, porém, que a responsabilidade pelas articulações depende do que for determinado pelo presidente. "A questão da coordenação política, da ligação com o Congresso, o presidente vai definir se vai ficar com o ministro Onyx, ou se terá parcela dela nas mãos do general Santos Cruz (futuro ministro-chefe da Secretaria de Governo), e, talvez, se o presidente determinar pra mim, que determinadas ligações sejam feitas, eu o farei. Então, por enquanto, não há nenhum aceno neste sentido", disse.
Além disso, o general afirmou também que existe disposição das Forças Armadas de contribuir para a reforma da Previdência. "O que já foi colocado, e que é a contribuição que as forças consideram que devem dar a esse processo de reorganização do sistema previdenciário, é o aumento do tempo de permanência, que hoje é de 30 anos, que passe a ser de 35 anos, e que, também, as nossas pensionistas também contribuam para a pensão militar. Hoje, depois que o militar falece e a pensionista passa a receber, ela deixa de ter aquela contribuição".
Ainda sobre suas atribuições como vice, Mourão brincou sobre o destino que será dado à Fundação Nacional do Índio (Funai), hoje vinculada ao Ministério da Justiça. Bolsonaro chegou a afirmar que a fundação poderia ir para a pasta da Cidadania. "A Funai tá aquela história ali, né? No final das contas eu até proponho: deixa comigo, eu cuido dos índios", disse.
Caixa dois
De acordo com o depoimento de delatores da J&F, Onyx teria sido favorecido com o pagamento de R$ 100 mil em 2012 e R$ 200 mil em 2014. Na manifestação enviada pela PGR ao Supremo na semana passada, Raquel Dodge pediu a separação dos trechos das delações da J&F sobre caixa 2 específicos sobre dez autoridades que eram deputados e senadores à época dos fatos narrados e que seguirão com prerrogativa de foro em 2019. Eles serão alvo de procedimentos semelhantes, que podem resultar na abertura de inquérito ou em formulação de denúncia.
Além de Onyx, estão na lista cinco deputados federais: Paulo Teixeira (PT-SP), Alceu Moreira (MDB-RS), Jeronimo Goergen (PP-RS), Zé Silva (SD-MG) e Marcelo Castro (MDB-PI), e quatro senadores: Ciro Nogueira (PP-PI), Renan Calheiros (MDB-AL), Welington Fagundes (PR-MT) e Eduardo Braga (MDB-AM). A delação da J&F aponta caixa 2 no ano de 2014 em relação a todos eles, menos Paulo Teixeira, a quem a referência é de que a prática teria ocorrido em 2010.
O futuro ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, chamou de “bênção” a abertura de uma investigação, autorizada pelo ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), para apurar denúncias de pagamentos de caixa dois da JBS a ele, nas campanhas de 2012 e 2014.
“Para mim é uma bênção porque vai permitir que tudo se esclareça”, disse Onyx nesta terça-feira, 4, após deixar uma reunião com a bancada do PSDB na Câmara. “Não tenho nenhum problema com isso. Ao contrário, é a chance de resolver.” Mais tarde, após se encontrar com deputados do PSD e também pedir apoio ao governo de Jair Bolsonaro , Onyx disse ter “preocupação zero” com as apurações. “Já resolvi minha questão espiritual. Entre carregar mancha e ter uma cicatriz, fico com a cicatriz. Sempre fui um combatente contra a corrupção e vou continuar sendo”, emendou ele.
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