O relatório que trata do aluguel de maquinário agrícola analisou anotações e planilhas apreendidas nos desdobramentos da Cui Bono?. A documentação indica que a família do ex-ministro alugou mensalmente, durante 39 meses, entre 13 e 15 máquinas (tratores, esteiras e pás carregadeiras) e desembolsou por isso 6.343.863 reais. A locadora era sempre a JR Terraplanagens, propriedade de Valério Sampaio, apontado pela Polícia Federal como “funcionário informal” das fazendas de Geddel.
Embora os preços cobrados pelas locações estivessem dentro da média da região de Vitória da Conquista (BA), onde a JR está sediada, a PF analisou o horímetro dos equipamentos e concluiu que o número elevado de horas de trabalho por máquina indica que os valores dos alugueis podem ter sido falsificados para lavar dinheiro – os preços são calculados com base nas horas de trabalho de cada equipamento.
Um dos exemplos citados pelos investigadores no documento remetido ao STF é o de um trator que trabalhou 384 horas no mês de novembro de 2016, uma média de 13 horas em cada um dos dias – incluindo finais de semana e feriados – com custo de 70 reais por hora, um total de 26.880 reais no mês.
“É de notório conhecimento o vasto patrimônio que Geddel Vieira Lima possui em fazendas no interior da Bahia. São um total de 12 (doze) propriedades, que totalizam cerca de 9.000 (nove mil) hectares, com valor de mercado de cerca de R$ 67.000.000,00 (sessenta e sete milhões de reais). Apesar dessa alta quantidade, o aluguel de um número elevado de máquinas agrícolas, trabalhando muitas delas por mais de 12 horas diárias, ao longo de mais de três anos toma tal prestação de serviço suspeita à pratica de delitos”, sustenta o relatório da PF.
Geddel está preso desde setembro, depois que a PF encontrou 51 milhões de reais em dinheiro vivo em um apartamento ligado à família Vieira Lima em Salvador. O bunker milionário levou a Procuradoria-Geral da República (PGR) a denunciar o ex-ministro, o irmão dele, deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), e a mãe deles, Marluce Vieira Lima, pelos crimes de associação criminosa e lavagem de dinheiro. A Cui Bono? apura se Geddel e outros peemedebistas receberam propina em contratos e empréstimos da Caixa Econômica Federal enquanto ele foi vice-presidente de Pessoa Jurídica do banco estatal.
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