A Polícia Federal dissolveu o grupo de delegados que se dedicava exclusivamente à Operação Lava Jato, em Curitiba. Procuradores que integram a força-tarefa criticaram duramente a decisão anunciada nesta quinta-feira (6).
Os quatro delegados que atuavam só na Lava Jato em Curitiba passam agora a também integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas - um setor que faz parte da estrutura da PF. Ou seja, eles deixam de investigar exclusivamente casos ligados à operação.
O procurador da Lava Jato Carlos Fernando dos Santos Lima disse na quarta (5) nas redes sociais que a força-tarefa da Polícia na Operação Lava Jato deixou de existir e que não há verbas para trazer delegados.
Em uma entrevista coletiva nesta quinta (6), o coordenador da Lava Jato na Polícia Federal em Curitiba negou que seja o fim da operação, mas admitiu o fim da exclusividade de policiais nas investigações da Lava Jato.
A Polícia Federal afirmou que agora outros 70 policiais da delegacia poderão trabalhar na Lava Jato, além de 14 peritos.
“A ideia do procedimento não foi, em momento algum, prejudicar a investigação, pelo contrário. Na prática, nós temos um recurso pessoal hoje que é inimaginável se você comparar com outras unidades que estão trabalhando na Lava Jato também. O Rio de Janeiro não tem nem perto disso aqui, Brasília não tem perto disso aqui, São Paulo não tem. Esse aqui é o maior grupo de investigação que tem hoje atuando no Brasil”, disse o delegado da PF Igor Romário de Paula.
A PF afirma que as mudanças foram feitas porque o volume de trabalho em Curitiba diminuiu e a Lava Jato se espalhou pelo país. Há investigações em andamento em 16 estados e no Distrito Federal. Depois da coletiva, os procuradores que integram a força-tarefa da Lava-Jato divulgaram uma nota em que fizeram duras críticas à decisão anunciada nesta quinta-feira.
A nota afirma que a dissolução do Grupo de Trabalho da Lava Jato na Polícia Federal prejudica as investigações e lembra que a operação apura uma corrupção bilionária praticada por centenas de pessoas incluindo ocupantes atuais e pretéritos de altos postos do Governo Federal.
A força-tarefa também afirma que a integração na Polícia Federal do Grupo de Trabalho da Lava-Jato à Delegacia de Combate à Corrupção, depois da redução do número de delegados a menos da metade, prejudica as investigações da Lava Jato e dificulta que elas prossigam com a eficiência com que se desenvolveram até recentemente.
Segundo os procuradores, o efetivo da Polícia Federal na Lava Jato não é adequado à demanda e a distribuição das investigações e a ausência de exclusividade prejudicam a especialização do conhecimento e da atividade, o desenvolvimento de uma visão do todo e a descoberta de interconexões entre as centenas de pessoas investigadas.
O Ministério Público declara que a medida anunciada nesta quinta (6) pela Polícia Federal é um retrocesso.
O Ministério da Justiça não respondeu ao contato do Jornal Nacional e a Polícia Federal no Paraná não quis se manifestar.
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