Hoje o nome de Jobim é mais forte porque ele tem interlocução com o PT e o PSDB. Ex-ministro da Defesa de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, a quem desprezava, o peemedebista é visto como a melhor figura de autoridade para esse momento de crise. Teria apoio do PSDB, já que ele foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, e influência no Supremo Tribunal Federal (STF), Corte que já presidiu e na qual tem aliados como os ministros Gilmar Mendes e Dias Toffoli.
Pesa contra Jobim o fato de ser sócio do BTG, banco investigado na Lava Jato, embora nada tenha surgido contra ele até aqui. O mesmo ocorre em relação às investigações da operação sobre a compra de submarinos franceses, maior negócio de sua gestão na Defesa, embora aqui a apuração ainda está incipiente e foi reforçada por um inquérito aberto na França.
Após a morte do criminalista Márcio Thomaz Bastos, em novembro de 2014, Jobim passou a trabalhar como consultor de grandes empreiteiras enroladas na Lava Jato. Informalmente, ele coordenava estratégia de defesa entre elas, até que cada uma decidiu seguir rumo próprio – acabaram no mesmo lugar, ao fim.
Já Tasso Jereissati, homem do setor privado com três passagens pelo governo do Ceará, é visto com bons olhos pelo empresariado e tem boa interlocução no Congresso. O principal problema contra si é o fato de que o PT não aceita seu nome na cabeça da chapa, pois um eventual sucesso numa transição automaticamente o cacifaria para disputar a Presidência em 2018.
Não que o PT seja tão determinante, mas tudo o que o eventual governo tampão não precisa é de mais atritos internos no Parlamento. Há dúvidas também sobre seu poder de sedução junto ao baixo clero da Câmara, talvez de 60% a 70% dos 594 eleitores indiretos.
Outro fator imponderável é a saúde de Tasso, que é cardíaco e carrega pontes de safena. Segundo interlocutores, ele está bem, mas poderia aceitar um compromisso de não postular o cargo no ano que vem em nome da estabilidade política. Assim, as negociações dos próximos dias poderão definir a ordem dos fatores na equação.
Outros nomes circulam, cada um com seus prós e contras. Henrique Meirelles (atual ministro Fazenda) hoje é visto mais como peça indispensável para ficar no governo e transmitir confiabilidade aos mercados. Rodrigo Maia (presidente da Câmara) é cortejado pois terá influência no baixo clero, mas caciques não o querem candidato. Cármen Lúcia (Supremo) e FHC dizem não desejar a indicação. O ex-presidente, aliás, é uma espécie de centro de gravidade das discussões do pós-Temer, ouvindo e sendo ouvido por todos os setores.
BASTIDORES
Saída honrosa. Para pessoas próximas de Temer, ganhou força a visão de que o processo de cassação da chapa Dilma-Temer no TSE é a saída honrosa que o peemedebista precisa para deixar o cargo.
Culpa. Parlamentares com trânsito no Palácio do Planalto têm avaliado que Temer resiste em renunciar apenas para que o ato não pareça uma admissão de culpa. Ele, no entanto, não pretenderia se manter no cargo a qualquer custo.
Renúncia. Surgiu, porém, a informação de que a cúpula do governo vem articulando uma estratégia que permita a renúncia dando garantias de que Temer não irá para a prisão. Ele teria concordado com a ideia, e alternativas como indulto (forma de extinção de pena) ou pedido de asilo chegaram a ser discutidas. O plano estaria sendo orquestrado pelos ex-presidentes José Sarney e FHC e pelos senadores Romero Jucá (PMDB-RR) e Renan Calheiros (PMDB-AL).
OPÇÃO VIÁVEL
Lula diz que apoio só se for nome de centro
BRASÍLIA. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu ordem para que o PT insista na defesa das eleições diretas visto que, na avaliação do petista, um nome de centro não será incluído pela base de Michel Temer no processo de eleições indiretas caso o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) casse o presidente peemedebista.
Segundo a reportagem apurou, Lula disse a aliados que, como oposição, o PT não conseguiria influenciar no processo de sucessão de Michel Temer, muito menos no novo governo, e que só seria possível entrar no debate por eleições indiretas caso um nome considerado de centro aparecesse como opção viável.
Na avaliação de dirigentes petistas, porém, a ventilação de perfis como o do ex-ministro da Justiça e da Defesa Nelson Jobim, que tem a simpatia de Lula, só tem o objetivo de adoçar a boca do PT e fazer com que o partido não atrapalhe a articulação por eleições indiretas caso Temer deixe a Presidência.
O ex-presidente, por sua vez, acredita que o acordo que está sendo costurado pela trinca que sustenta o governo Temer, formada por PMDB, PSDB e DEM, não prevê, de fato, Nelson Jobim e trabalha por perfis conservadores, que deem continuidade à agenda reformista do peemedebista.
Com o discurso das diretas, o objetivo de Lula é manter o partido próximo a movimentos sociais e à militância do partido. Presidente nacional do PT, Rui Falcão afirmou que conversou esta semana com o senador João Capiberibe (PSB-AP) sobre a formação de uma frente, com PCdoB, PDT, Rede, PSOL, PSB e PT na defesa das diretas. O objetivo é que o movimento ganhe ares além dos partidos, com intelectuais, artistas, etc.
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