quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Governo romeno resolve descriminalizar abuso de poder e população vai às ruas em massa

Resultado de imagem para protesto romeniaMais de 250 mil pessoas protestaram nas ruas da Romênia nesta quarta-feira (1) contra um decreto do governo que pode descriminalizar alguns crimes de corrupção, incluindo certos casos de abuso de poder, medida vista como o maior retrocesso nas reformas que o país tem feito desde que aderiu à União Europeia em 2007.
O principal órgão de fiscalização judicial da Romênia, o Conselho Superior de Magistrados (CSM), no início do dia, apresentou um recurso constitucional ao decreto apresentado pelo novo governo social-democrata do primeiro-ministro Sorin Grindeanu.
O número de manifestantes atingiu entre 130 mil e 150 mil fora do edifício do gabinete de Grindeanu em Bucareste. Outros 100 mil a 150 mil fizeram demonstrações em 55 outras cidades, segundo a polícia.
O decreto foi aprovado pelo gabinete na terça-feira à noite.
"Revoguem e depois vão embora", gritavam os manifestantes. Outros chamavam os políticos apenas de "ladrões". "Nossas chances são pequenas, mas é importante lutar", disse Gabriela Constantin, uma arquiteta de 36 anos.

Até R$ 150 mil

Se for aplicada como planejado, dentro de 10 dias, o decreto, entre outras coisas, descriminalizaria ofensas de abuso de poder nas quais as somas envolvidas são menos de 200.000 lei -- cerca de R$ 150 mil.
Isso acabaria com o julgamento atual do líder do partido social-democrata Liviu Dragnea, acusado de usar sua influência política para garantir salários do governo para duas pessoas que trabalharam na sede do seu partido entre 2006 e 2013. Dezenas de outras figuras políticas de todos os partidos podem se beneficiar do decreto."Não entendo por que os manifestantes estão chateados", disse Dragnea a jornalistas na terça-feira. Dois partidos da oposição, os Liberais centristas e a União para Salvar a Romênia (USR), apresentaram nesta quarta-feira uma moção de censura contra o governo que tem poucas chances de sucesso.
Quando o parlamento se abriu para sua primeira sessão regular do ano, os legisladores da USR desfilaram bandeiras com os dizeres "Vergonha" e outros deputados da oposição gritaram "Renúncia" e "Ladrões".
Seis países ocidentais, incluindo a Alemanha e os Estados Unidos, emitiram uma declaração conjunta alertando que o movimento do governo prejudicaria a reputação e a posição internacional da Romênia na União Europeia e na OTAN.
O decreto se aplicaria a investigações e julgamentos em andamento, bem como a novos casos.

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