Segundo a assessoria de imprensa, a transmissão não foi o motivo oficial para a demissão de Lessa, que foi colocado no cargo por Cunha.
Maranhão já pensava em substituí-lo por outros acontecimentos que teriam gerado um desgaste entre eles. O ex-diretor da TV retornou de férias na segunda-feira (20) e foi comunicado da demissão nesta terça.Maranhão disse que estava apenas aguardando Lessa voltar das férias. "Essa questão já estava decidida, estava apenas aguardando o retorno das férias. As pessoas passam e as instituições ficam. Trata-se de um bom profissional que cumpriu a sua missão com zelo e responsabilidade", afirmou.
A entrevista de Eduardo Cunha foi transmitida ao vivo em um dos canais secundários da TV Câmara, acessível apenas para quem tem TV digital em Brasília, pelo site da Câmara e através da página da instituição no YouTube. Além disso, uma equipe da TV se deslocou até o local onde Cunha fez o seu pronunciamento, o Hotel Nacional, para acompanhar a entrevista coletiva.A justificativa da TV Câmara foi que a transmissão seguiu um critério jornalístico já que poderia haver algum anúncio por parte do presidente afastado, como a sua renúncia, e que poderia ter impacto direto na Casa.
A transmissão foi alvo de questionamentos de deputados que protestaram contra o fato de a estrutura da TV ter sido usada para veicular a entrevista dada por Cunha, que está com o mandato suspenso, em um hotel de Brasília.
Representação
A deputada Maria do Rosário (PT-RS) chegou a entrar com uma representação na Mesa Diretora da Câmara pedindo que Cunha devolva à Casa o dinheiro gasto com o pronunciamento. A petista afirmou que a transmissão foi irregular, já que Cunha é alvo de um processo de cassação, aprovado pelo Conselho de Ética da Casa.
"É muito contraditório alguém que está sendo processado pela Câmara utilizar a própria estrutura da Casa em um pronunciamento. Isso demonstra a força que ele tem dentro da Casa e deve deixar de ter. O gasto com a transmissão se refere a um interesse privado. Foi um uso pessoal da estrutura da Câmara por um parlamentar que está afastado por decisão do Supremo", disse a parlamentar.
O presidente do Conselho de Ética, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), também criticou a transmissão da entrevista. Ele argumentou que, como não se referiu a pautas legislativas, não poderia ter sido veiculada pela TV Câmara.
“Hoje vocês viram, ele está afastado como deputado. Ele reivindicou e a Câmara foi exatamente no hotel que ele estava para cobrir toda a sua reportagem, e o STF precisa se pronunciar quanto a isso”, disse Araújo.
O deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais aliados de Cunha, defendeu a transmissão da coletiva pela TV Câmara. Ele argumentou que o tema da entrevista desperta o interesse da população e dos próprios deputados.
"Acho justa a cobertura da TV Câmara, uma emissora que também compete por audiência. A TV agiu corretamente, prestou seu dever de informar ao transmitir uma entrevista de interesse público", afirmou Marun.
Outro defensor do peemedebista, o deputado Laerte Bessa (PR-DF) admitiu que a situação do presidente afastado é "indefensável", mas ponderou que ele continua sendo um parlamentar. "Não foi uso indevido porque o Eduardo Cunha é deputado federal ainda. O assunto era de interesse da Câmara. Não vejo arbitrariedade, irregularidade da transmissão", disse Bessa.
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