Em uma curiosa contradição, os Estados Unidos parecem ser, ao mesmo tempo, o país mais conservador e mais libertário do planeta. Se por um lado são capazes de transformar uma figura como Donald Trump, com seu discurso xenófobo e misógino, em potencial presidente do país, por outra superam sua própria homofobia ao escolherem um homossexual assumido para chefiar uma de suas mais importantes e mais simbolicamente masculinas instituições: o exército americano.
O presidente Barack Obama já havia anunciado a nomeação de Eric Fanning, então vice-secretário de Defesa, como Secretário do Exército em setembro passado, mas só agora Eric de fato assumiu o cargo. Saudado tanto por veteranos, militares, senadores e pelo Pentágono como o mais indicado para o cargo, Fanning comandará 470.000 tropas ativas.A nomeação de Fanning é um passo contundente para revogar a política de “não pergunte, não diga” que imperava até então nas forças armadas de lá, pela qual os homossexuais só poderiam adentrar a instituição se não ostentassem em nada sua sexualidade. Obama diz estar “confiante de que ele vai ajudar os soldados americanos com distinção. Estou ansioso para trabalhar com Eric e manter nosso Exército como o melhor do planeta. Eric traz muitos anos de experiência e liderança excepcional para esse novo posto.”
Se ainda espanta que a orientação sexual de alguém e o gênero de quem essa pessoa ama sejam sequer uma pauta para se avaliar essa pessoa, a realidade importa mais do que qualquer idealização, e portanto, a nomeação de Fanning é uma conquista simbólica importante – um grande passo, tanto para ele quanto para a humanidade. Talvez na tal contradição já citada resida a essência de uma nação como os EUA. Que seu lado progressista também seja exportado para o mundo todo.
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