quinta-feira, 10 de março de 2016

Papa cria novas regras para controlar gastos de canonização


RIO - O Papa Francisco criou novas regras para o rito de canonização pelo Vaticano, depois de denúncias dando conta de abusos no processo. Livros recentes escritos por jornalistas italianos deram conta de que funcionários da Santa Sé receberam fortunas para investigar o histórico de candidatos a santo, sem nenhum controle sobre como o dinheiro foi gasto.

 O decreto divulgado nesta quarta-feira estabelece formas de monitorar os custos. Reunir provas para transformar uma pessoa em santo e os honorários advocatícios pagos no processo podem atingir centenas de milhares de dólares, além de levar décadas.


Acusações têm sido feitas, citando a má administração de recursos e até de corrupção. Além disso, o sistema favorece candidatos de países ricos e cujos apoiadores têm dinheiro o bastante para arcar com os gastos necessários.
No livro "Mercadores no templo" (tradução livre), de 2015, o autor Gianluigi Nuzzi escreve que uma comissão, enquanto investigava as finanças do Vaticano, descobriu que o escritório de canonização da Igreja tinha pouca ou nenhuma documentação de verba usada para o procedimento.

Nuzzi, que agora está sendo processando por vazar documentos da Santa Sé, escreveu que cerca de 1 milhão de euros (R$ 4,5 milhões) em fundos suspeitos no banco do Vaticano estavam congelados em 2014. Ele também afirmou que um único processo de santificação custou 750 mil euros ( mais de R$ 3 milhões).
O novo decreto, com 21 artigos, define que contribuições de fieis e grupos em geral para qualquer processo de canonização devem ser depositados numa conta e gerenciados por um administrador. Este administrador deve "escrupulosamente respeitar as intenções" dos contribuintes, manter documentação detalhada e apresentar relatório de custos a um superior. As normas também criam um "fundo solidário" para ajudar candidatos a santo de áreas pobres.

O objetivo de Francisco é impor mais vigilância sobre os gastos em cada etapa do processo, que normalmente começa em uma diocese local depois de uma investigação preliminar. A Igreja concede o título de santo a pessoas que, em vida, foram sagradas e que, após a morte, podem interceder junto a Deus para a realização de milagres.
Se o Vaticano concorda que alguém é um candidato, anos de investigação têm início. Se um milagre, normalmente a cura inexplicável de uma pessoa doente, é atribuído ao candidato, ele ou ela pode ser beatificado. Etapa final, a canonização pede um segundo milagre.


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