O sírio que aparece em um vídeo com o filho no colo levando uma rasteira de uma cinegrafista húngara começa nesta quinta-feira uma nova vida na Espanha.
Osama Abdul Mohsen foi contratado por uma escola de técnicos de futebol em um subúrbio de Madri, onde está com os dois filhos: Zaid, o mais novo, de sete anos, e Mohamed, de 18, que fez a travessia por barco até a Itália e com quem ele se encontrou em Munique, na Alemanha, após o incidente.
"Minha sensação foi de surpresa. E, depois, de dor, quando eu vi o medo e o pânico no rosto de meu filho. Zaid chorou por duas horas", disse Mohsen ao jornal espanhol El Mundo, comentando a agressão sofrida pela cinegrafista. Ele acrescentou que foi, posteriormente, ameaçado de prisão por autoridades húngaras.
"Graças a Deus, Osama, Zaid e Mohamed estão agora dormindo em seu novo apartamento em Getafe. Agora, podem finalmente começar uma vida nova", disse à BBC um representante da escola de técnicos de futebol que contratou Osama.
"Quando assistimos ao que aconteceu em um jornal espanhol, vimos que Osama era um técnico de futebol na Síria. Com ajuda do repórter (do jornal El Mundo), entramos em contato com Osama para oferecer a ele uma nova vida na Espanha. O prefeito da cidade ofereceu a acomodação e todo o possível para esse recomeço", disse à BBC David Morano, porta-voz da entidade.
"Ele trabalhava para a primeira divisão na Síria. O nível pode não ser equivalente ao da Espanha, e ele terá que trabalhar duro, aprender espanhol", acrescentou.
A Espanha ofereceu receber 17 mil refugiados da Guerra na Síria.
A esposa de Mohsen ficou para trás com outros dois filhos em um campo de refugiados na Turquia. O diretor da escola, Miguel Galan, disse que fará o possível para que o resto da família possa se juntar a eles em Madri.
A autora da agressão contra Osama e o filho, Petra Lazlo, trabalhava para o canal N1TV na cobertura dos enfrentamentos entre refugiados e a polícia na cidade húngara de Roszke no dia 9 de setembro. Ela foi demitida e, posteriormente, pediu desculpas.
O canal para o qual trabalhava a cinegrafista tem ligações com o partido de extrema-direita Jobbik, fundado em 2003 e que atualmente é a terceira maior legenda no Parlamento húngaro.
Mas a postura intolerante não é exclusividade do Jobbik.
O premiê húngaro, Viktor Orban, tem sido alvo de críticas pelo discurso inflamado contra a entrada de imigrantes estrangeiros e por ordenar a construção de uma cerca ao longo da fronteira com a Sérvia para tentar conter o fluxo de migrantes e refugiados que tentam atravessar a Hungria para chegar à Áustria e a Alemanha.
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