O ataque na zona xiita de al-Sadr já foi reivindicado pelo grupo jihadista autodenominado Estado Islâmico, que já antes atacou este bairro e outras zonas no Iraque em que a população é predominantemente xiita. Há apenas dois dias, dois bombistas suicidas explodiram os seus veículos nos arredores da cidade de Baquba, de maioria xiita, no nordeste da capital iraquiana. Morreram 57 pessoas e mais de 80 ficaram feridas. A explosão mais mortífera aconteceu também num mercado de rua.
Quinta-feira é um dos dias de maior movimento no mercado de al-Sadr. Muitas pessoas vêm de outros locais do país para fazer as suas compras. O camião com arca frigorífica explodiu pelas 6h da manhã, primeiras horas da madrugada em Portugal Continental, e deixou um cenário dantesco de dezenas de corpos no chão, entre os destroços carbonizados das placas de metal das bancas. A força da explosão lançou partes de corpos para o topo de edifícios nas proximidades, explicou à Reuters o polícia Muhsin al-Saedi.
Depois da explosão, muitas pessoas aos gritos – umas chamando pelos nomes de familiares e amigos que pudessem estar lá, outras a criticar o Governo. “O Governo é totalmente responsável”, disse Ahmed Ali Ahmed, uma das testemunhas do ataque. “Têm de mandar o exército e as milícias xiitas para postos de controlo na capital.”
O ataque desta quinta-feira é um dos maiores a atingir a capital iraquiana desde que o primeiro-ministro Haider al-Abadi tomou posse, há cerca de um ano. Os jihadistas do Estado Islâmico, sunitas que rejeitam qualquer outra interpretação do Islão, utilizam frequentemente grandes veículos com explosivos para realizar atentados suicidas ou até como táctica de combate.
Os extremistas publicaram nesta quinta-feira um comunicado na Internet no qual se referem ao mercado de al-Sadr como um centro do “exército charlatão” – forças militares iraquianas – e das milícias xiitas, que combatem por Bagdad. Ataques desta natureza tornaram-se comuns nos últimos meses. Durante o Ramadão, entre Junho e Julho, dois grandes camiões-bomba explodiram à porta de dois dos maiores hotéis de Bagdad.
Abadi tomou posse com a missão de reagrupar um exército que se desmoronou em face dos avanços dos combatentes do Estado Islâmico. Por enquanto, o exército iraquiano depende de milícias xiitas para defender várias cidades e recuperar parte do terreno aos jihadistas. Muitas destas milícias são financiadas pelo Irão.
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