Após gerar revolta nas redes sociais, o programa Pânico na Band afirmou em resposta ao BuzzFeed que vai tirar o personagem "Africano" do ar.
“O Pânico em nenhum momento quis ofender ninguém, tanto que no quadro em que o personagem foi ao ar, o Pânico’s Chef, tem diversos outros personagens de diferentes etnias, japonês, nordestino, por exemplo, que preparam pratos típicos das regiões que moram, enfim, nenhum deles foi criado para ofender”.
Batizado de "Africano", o personagem é interpretado pelo humorista Eduardo Sterblitch, que é branco. De forma pejorativa, ele "recebe entidades", não se comunica de forma civilizada, e é tratado como um ser primitivo. Tanto que, na legenda de suas atribuições como cozinheiro quando fez parte da sátira de MasterChef, "planta e colhe" foram as descrições.
O programa ainda lançou o "Desafio ao Africano", um convite aos espectadores e fãs do programa para fazerem uma dança mais exótica que a do personagem e usar a hashtag #DesafioAoAfricano para divulgá-la nas redes sociais.
Assim que o vídeo acima foi publicado no Facebook, sugiram inúmeras críticas:
Mas também teve gente que achou "normal":
Como forma de se organizar contra o programa, o evento "Repúdio ao racismo do personagem Africano no Pânico na Band" foi criado e já conta com 1.600 membros.
"Repudiamos a maneira nojenta em que retratam os povos da África a fim de intensificar o mito de que tudo que vem da Africa e todo seu povo não tem educação e merece gargalhadas de escárnio. Nós exigimos o fim deste quadro que não tem outro objetivo a não ser humilhar um povo e raça", afirmam os organizadores da página em texto de abertura do evento.
O SeneWeb, jornal de Senegal, publicou neste domingo (9), a seguinte postagem seguida de um vídeo do personagem: “O Brasil é um país racista? Vejam como eles riem dos africanos!”
Segundo a filósofa e pesquisadora Djamila Ribeiro, do blog "Escritório Feminista", o chamado "blackface" surgiu por volta de 1830, quando homens brancos se pintavam de preto - de forma caricata - e se apresentavam para a aristocracia branca com o objetivo de satirizar a população negra.
Ela afirma que a prática ganhou popularidade nos cinemas e televisão, como ferramenta de entretenimento cultural. O blackface “serve tanto como estereótipo racista quanto como forma de exclusão, porque se no primeiro caso ridiculariza, no segundo nega papéis a artistas negros", afirma.
ATUALIZAÇÃO:
A Band pediu desculpas. Afirmou que uma das características do programa Pânico é criar personagens, sejam eles inspirados em personalidades, profissões ou diferentes culturas.
“O Africano, interpretado pelo humorista Eduardo Sterblitch, é uma das caracterizações presentes no quadro Pânico's Chef, sátira do programa de culinária MasterChef. Neste mesmo quadro há (...) mexicanos, chineses, árabes", diz a emissora em nota.
O humorista Eduardo Sterblitch também pediu desculpas em sua página do Facebook:
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