quarta-feira, 8 de julho de 2015

Um ano após guerra, Gaza sofre sem reconstrução e sem perspectiva

Ali Wahdan e seus filhos em abrigo na cidade de Beit Hanoun (Foto: Suhaib Salem/Reuters)Mais de 12 mil casas foram destruídas e 100 mil danificadas em Gaza.
Dezenas de milhares de pessoas ficaram desabrigadas.




Ali Wahdan, um professor de matemática de Gaza, perdeu a mulher, 11 membros de sua família e uma perna no bombardeio israelense sobre a cidade de Beit Hanoun, no norte da Faixa de Gaza, durante a guerra do ano passado entre Israel e o Hamas.
Quase 12 meses depois, os médicos decidiram amputar a outra perna. É um lembrete cruel de como ele pouco melhorou desde o fim da guerra de 50 dias. Em quase todos os aspectos, sua vida e perspectivas ruíram.
"A guerra terminou, mas a minha tragédia não", disse o homem de 36 anos, movendo-se em uma cadeira de rodas motorizada. "Passei o ano passado indo de um hospital a outro." Um ano atrás eu era um professor de pé diante de meus alunos. Hoje sou impotente para ajudar até mesmo os meus filhos."
A guerra de fato chegou ao fim. Mas, em ambos os lados, os que foram afetados pelo conflito ainda estão lutando para lidar com as consequências. Israel e Hamas também estão tentando descobrir se a trégua pactuada por eles é estável ou se a próxima guerra está logo depois da esquina.
'A guerra terminou, mas a minha tragédia não', disse Ali Wahdan, de 36 anos (Foto: Suhaib Salem/Reuters)'A guerra terminou, mas a minha tragédia não', disse Ali Wahdan, de 36 anos (Foto: Suhaib Salem/Reuters)
Em Gaza, o impacto do conflito está por toda parte. Mais de 12 mil casas destruídas e 100 mil danificadas, e nenhuma até agora reconstruída. Dezenas de milhares de pessoas ficaram desabrigadas. Dois terços do 1,8 milhão de habitantes são beneficiários de alguma forma de ajuda da ONU.
Mais de 500 crianças estavam entre os 2.100 palestinos, a maioria deles civis, que foram mortos. Setenta e três israelenses, quase todos os soldados, morreram.
"O desespero, a miséria, a negação da dignidade resultante da guerra do ano passado e o bloqueio são um fato da vida para as pessoas comuns em Gaza", disse Pierre Krahenbuh, chefe da Agência de Socorro e Obras da ONU, principal entidade fornecedora de ajuda a Gaza. "Essa situação representa uma bomba-relógio para a região."
O professor de matemática palestino Ali Wahdan passa em cadeira de rodas ao lado de ruínas de sua casa, destruída por bombardeio na guerra de 50 dias entre Gaza e Israel em 2014, em Beit Hanoun. Ele perdeu a mulher, 11 familiares e uma perna no bombardeio (Foto: Suhaib Salem/Reuters)Professor passa em cadeira de rodas ao lado de ruínas de sua casa (Foto: Suhaib Salem/Reuters)
Do outro lado da fronteira, em Israel, alvo de foguetes e projéteis de morteiros lançados de Gaza durante o conflito, o impacto é menos visível, mas não menos real.
Gadi Yarkoni dirigia uma fazenda coletiva perto da fronteira com Gaza. No último dia da guerra, ele foi atingido por um projétil de morteiro. Dois amigos morreram e ele perdeu as duas pernas. Cerca de 500 crianças na área ainda estão recebendo aconselhamento pós-guerra.

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