Não se sabe por que motivo o antigo arcebispo Józef Wesolowski , de 66 anos está hospitalizado
O primeiro julgamento por pedofilia da História do Vaticano foi adiado. Por "motivos de doença", o antigo arcebispo Józef Wesolowski não apareceu neste sábado no tribunal — foi internado na unidade de cuidados intensivos de um hospital de Roma.
O registo médico do antigo arcebispo diz que o internamento ocorreu na sexta-feira mas não especifica a doença, diz a AFP.
Wesolowski, que é polaco, era núncio (representante papal) na República Dominicana, onde está a ser investigado por crimes de pedofilia e posse de pornografia infantil, crimes que terão tido lugar entre 2008 e 2013. Nesse ano, e depois de denúncias no país onde estava colocado, o Vaticano chamou-o e, em Junho, foi afastado do sacerdócio pela Congregação da Doutrina da Fé.
Foi acusado de ter provocado "lesões graves" de ordem psicológica em adolescentes e de ter "mantido uma conduta que ofende os princípios da religião e a moral cristã". Ficou em prisão domiciliária em Setembro de 2014, num quarto no primeiro andar do palácio da justiça do Vaticano, enquanto aguardava julgamento. Porém, e por razões de saúde, em Dezembro foi-lhe concedida liberdade de movimentos dentro da cidade do Vaticano.
O advogado de Józef Wesolowski, Antonello Blasi, disse que só foi informado do internamento na manhã deste sábado e que, nos dias anteriores, o seu cliente "estava bem".
Josef Wesolowski pode ser condenado a seis anos de prisão — a cumprir nas prisões do Vaticano — e o processo pode durar um ano. Trata-se do primeiro caso por crime de pedofilia a ser julgado pelo tribunal da Santa Sé. O último caso mediático que ali foi julgado ocorreu em 2012, quando o antigo mordomo do Papa Bento XVI, Paolo Gabriele, foi condenado por ter passado à imprensa italiana documentos secretos.
Em Junho, a Santa Sé — que, diz uma análise da AFP, adoptou claramente uma linha mais dura em relação aos que, no seu seio, cometem crimes, em especial a pedofilia, que debilitou a confiança dos fiéis na Igreja Católica — criou uma nova instância eclesiástica para sancionar sacerdotes acusados de negligência (a cumplicidade noutros crimes cabe nesta categoria) perante a autoridade da Igreja. Neste local poderão ser julgados sacerdotes cúmplices dos crimes de pedofilia (por não os terem denunciado ou por terem protegido criminosos, por exemplo).
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