As primeiras conversas de paz oficiais entre o Talibã e o governo do Afeganistão terminaram com um acordo para a realização de um novo encontro após o mês muçulmano do Ramadã, disseram autoridades nesta quarta-feira (8).
O Paquistão sediou a reunião em uma tentativa de colaborar pelo fim de mais de 13 anos de guerra no vizinho Afeganistão, onde o Talibã vem tentando reestabelecer seu regime islâmico extremista, após ser derrubado por uma intervenção militar liderada pelos Estados Unidos em 2001.
A próxima rodada da conversas está planejada para 15 e 16 de agosto em Doha, capital do Qatar, de acordo com fontes próximas os participantes. O encontro desta terça-feira (7) foi saudado como um "avanço" pelo premiê do Paquistão, Nawaz Sharif.
Mas estava longe de ficar claro se o processo de paz poderia terminar com um conflito crescente que mata centenas de afegãos a cada mês. A liderança talibã está dividida sobre o processo de paz, e diversos comandantes desertaram para seguir o rival jihadista Estado Islâmico.
"As delegações tinham o respaldo total de seus superiores, embora algumas facções dos talibãs tenham se distanciado da reunião. O encontro se desenvolveu em uma atmosfera cordial e ambas as partes concordaram em dar sequência às conversas", disse à Agência Efe o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Paquistão, Qazi Khalil Ullah.
Na reunião, na qual estiveram presentes observadores dos governos dos Estados Unidos, China e do próprio país anfitrião, os participantes "expressaram seu desejo coletivo de levar a paz ao Afeganistão", disse o Ministério das Relações Exteriores do Paquistão em nota.
Para isso, as duas partes "intercambiaram diferentes pontos de vista sobre como estabelecer a paz e a reconciliação" e concordaram que o processo só terá êxito se for encarado com "sinceridade e um compromisso total", completou o comunicado.
O presidente do Afeganistão, Ashraf Ghani, antecipou através do Twitter a viagem de uma delegação do Alto Conselho de Paz do país para negociar com os talibãs. O vice-ministro das Relações Exteriores, Hekmat Khalil Kazar, fazia parte da delegação, explicou à Efe uma fonte do ministério que preferiu manter o anonimato.
Essa é a primeira vez que o governo afegão confirma sua participação em negociações de paz desde que Ghani assumiu a presidência em setembro do ano passado, apesar de membros do Alto Conselho já terem reconhecido que se reuniram de maneira informal com os insurgentes no Catar, no início de maio.
No encontro anterior, os talibãs reivindicaram uma revisão da Constituição, a abertura de um escritório insurgente e a saída das tropas estrangeiras do país como condições para iniciar um diálogo que permita pôr fim ao conflito.
O Alto Conselho, criado pelo último governo afegão para intermediar as negociações, afirmou então que tinha começado a negociar da ONU para que elimine de sua lista negra os talibãs que participem dos processos de paz, uma das condições estabelecidas.
Ghani destacou no fim de fevereiro que as bases para o diálogo se encontram no melhor momento em três décadas. Depois, em março, anunciou que seu governo tinha finalizado o documento de trabalho que guiará o processo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário