O significado da palavra dengue tem origem espanhola e quer dizer
"melindre", "manha". O nome faz referência ao estado de moleza e
prostração em que fica a pessoa quando infectada pelo vírus.
Também conhecida em algumas regiões como febre de dengue ou
quebra-ossos, a forma clássica da dengue se caracteriza por febre alta
de início súbito, dores de cabeça, musculares, nos ossos e articulações,
erupções na pele, coceira, prostração, vômitos, náuseas, diarreia,
dores atrás dos olhos além de outros sintomas menos frequentes. Às vezes
aparecem manchas vermelhas no corpo e em alguns poucos pacientes podem
ocorrer hemorragias discretas na boca, na urina ou no nariz. Raramente
há complicações nessa forma clínica e, cinco a sete dias depois, no
máximo em 10 dias, a pessoa fica curada, porém uma parte desses
pacientes pode apresentar a forma hemorrágica da dengue, que é grave e
caracteriza-se, além da febre alta, por sangramentos em vários órgãos,
e, com frequência, acompanhada por aumento do fígado, cortejo
sintomático que pode lavar a óbito de 12 a 24 horas se não tratada
adequadamente.
Apesar dos sintomas serem alarmantes e orientadores da doença, em cerca
de 30% dos casos o paciente não apresenta sintoma nenhum. Essas pessoas
só conseguem descobrir que já tiveram dengue quando são infectadas pela
segunda vez e manifestam uma forma mais grave.
A doença, que é infecciosa, é causada por um vírus e somente é
transmitida pela picada, durante o dia, das fêmeas do mosquito Aedes
aegypti e as epidemias geralmente ocorrem no verão, durante ou
imediatamente após períodos chuvosos.
Quanto ao tratamento, não existe um específico, ou seja, ainda não foi
descoberto um remédio ou vacina capazes de reduzir a presença do vírus
no sangue, apesar dos estudos avançados do Centro de Engenharia Genética
e Biotecnologia de Cuba, do NIH (Instituto Nacional de Saúde dos
Estados Unidos) e do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) no Brasil.
Hoje apenas dispomos de tratamentos que aliviam os sintomas. A
orientação é que se deve imediatamente procurar auxilio médico na
Atenção Básica de Saúde e, na ausência de assistência, dirigir-se
prontamente para o hospital mais próximo ante os sintomas sugestivos.
A distribuição da doença é alarmante. Mais de 1,3 bilhões de pessoas
estão em risco constante de infecção. Segundo a estimativa da
Organização Mundial da Saúde (OMS) existem cerca de 80 milhões de
pessoas infectadas por ano, 550 mil doentes necessitam de internação
hospitalar e 20 mil morrem em consequência da doença.
Os primeiros casos de dengue foram registrados no estado de Sergipe em
1996, o que culminou com a primeira grande epidemia em 1998, com a
notificação dos 35.596 casos e a confirmação de 25.596, e com o registro
de 59 óbitos. Já em 2008 o estado de Sergipe registrou 419 casos
graves, resultando 21 óbitos por febre hemorrágica da dengue.
Atualmente, num comparativo realizado pela Secretaria de Estado da
Saúde de Sergipe (SES) de janeiro a abril de 2014 e 2015, atentemos que
os dados deste ano ainda são parciais, e demonstram um aumento
significativo no número de casos de dengue no Estado. O Núcleo de
Endemias da Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que de janeiro a
abril de 2015 já foram notificados 2.789 casos e 759 confirmados,
sendo que, no mesmo período do ano passado, foram 919 notificações e 405
confirmações. Ainda segundo o Núcleo de Endemias da Secretaria de
Estado da Saúde (SES) os 10 municípios que mais notificaram e
confirmaram foram: Aracaju (1405 notificações/ 488 confirmações),
Itabaianinha (176/04), Itabaiana (147/28), Estância (125/28), Neópolis
(119/81), Carira (111/00), Lagarto (70/52), Itaporanga D’Ajuda (64/52),
São Cristóvão (55/09) e Barra dos Coqueiros (54/10).
O panorama atual não é bom. O Brasil registra 220 novos casos de dengue
por hora e, de acordo com o Ministério da Saúde, foi registrado, até 28
de março, 460,5 mil casos de dengue no país. O aumento é de 240,1%,
comparado ao mesmo período do ano passado, quando foram registrados
135,3 mil casos da doença. Portanto, ante tal situação, em apenas quatro
meses, o Ministério da Saúde já acordou e executou o montante de R$ 8,1
milhões, ou seja, 60% dos R$ 13,7 milhões previstos no orçamento da
Coordenação Geral do Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD) para
2015. O valor representa um crescimento de 37% em comparação com 2014,
quando foram executados R$ 5,9 milhões. Esses recursos destinam-se,
entre outras finalidades, ao financiamento de estudos e pesquisas sobre a
doença, porém ainda não são suficientes, e não somente pelo seu aporte,
mas, sim por falta de aplicação destes. A prova é que um levantamento
da ONG Contas Abertas mostra quanto foi gasto no ano passado para
prevenir e controlar a dengue: O governo tinha R$ 10 milhões para
aplicar no plano de prevenção e combate da doença e usou apenas a
metade, R$ 5 milhões.
É importante observar que, devido à crise hídrica no sudeste do Brasil,
o número de casos aumentou na região, constituindo um fator de impacto.
A população começou a armazenar água de maneira inadequada e sem tampa,
local propício para o desenvolvimento de larvas do mosquito transmissor
da enfermidade.
Por fim, a dengue mata. A melhor forma de se evitar a doença é combater
os focos de acúmulo de água, locais propícios para a criação do
mosquito transmissor da enfermidade. Para isso, é importante não
acumular água em latas, embalagens, copos plásticos, tampinhas de
refrigerantes, pneus velhos, vasinhos de plantas, jarros de flores,
garrafas, caixas d´água, tambores, latões, cisternas, sacos plásticos e
lixeiras, entre outros e, por outro lado, as secretarias de saúde do
Brasil devem se planejar bem, treinar mais, executar melhor e fazer
agir. A melhor maneira de dizer um não a dengue, é fazer!
Nenhum comentário:
Postar um comentário