O adoçante artificial aspartame será removido da composição da Diet Pepsi nos Estados Unidos, em meio à pressão de consumidores quanto ao uso da substância.
O produto sem aspartame estará à venda nos EUA a partir de agosto, usando como substituto outro adoçante, a sucralose, misturado com acessulfame-k (acessulfame potássio).
Segundo a PepsiCo, trata-se de uma decisão comercial. "Consumidores nos EUA nos disseram que queriam uma Diet Pepsi livre de aspartame, e estamos lhes entregando", disse nesta segunda-feira em comunicado Seth Kaufman, vice-presidente sênior da Pepsi.
As vendas de Diet Pepsi caíram mais de 5% no mercado americano no ano passado; as da Coca Diet, que também contém aspartame, caíram em índices semelhantes, em torno de 6%.
Executivos dessas empresas atribuem o declínio à percepção de que o adoçante não é seguro à saúde.
Segundo Kaufman, "o aspartame é a causa número um pela qual os consumidores estão abandonando refrigerantes diet".
A mudança ficará restrita aos EUA e se estenderá às demais variedades de Diet Pepsi, como a versão sem cafeína e a Wild Cherry (produto com sabor de cereja).
Kaufman afirmou que, nos testes, as pessoas continuaram reconhecendo o gosto da Diet Pepsi, mas que a bebida pode ter "uma sensação na boca levemente diferente".
Mais doce
O aspartame, também conhecido como E951, é cerca de 200 vezes mais doce do que o açúcar, mas contém muito poucas calorias.
A substância está presente em milhares de alimentos processados e bebidas ao redor do mundo ─ incluindo cereais matinais e chicletes ─, como um substituto do açúcar.
A FDA, agência que regula alimentos e bebidas nos EUA, diz que o aspartame é "uma das substâncias mais exaustivamente estudadas na história do suprimento alimentar humano, com mais de 100 estudos confirmando sua segurança".
Mas a substância desperta polêmica desde os anos 1980 (quando teve seu uso aprovado), por conta de relatos a respeito de possíveis efeitos colaterais.
Uma pesquisa publicada em 2005 na Itália alegava que ratos poderiam desenvolver tumores após ingerir doses de aspartame equivalentes às consumidas por humanos. Mas reguladores europeus disseram que o estudo não era convincente e concluíram que o aspartame poderia continuar a ser usado.
Giovana de Lucca, nutricionista funcional pela Unifesp (Universidade Federal do Estado de São Paulo), explica que o aspartame é agressivo às paredes das células e que muitos estudos apontam que ele pode ser cancerígeno. A especialista também afirma que a maioria dos produtos industrializados consumidos no Brasil contêm esse adoçante.
Agências reguladoras dos EUA e da Europa concordam que o produto não deve ser consumido em excesso, mas afirmam que um adulto teria de beber 14 latas de bebidas diet por dia para ultrapassar esse limite seguro.
O problema, diz De Lucca, "é que consumindo de pouquinho em pouquinho em vários produtos industrializados e como adoçante, acaba-se consumindo muito".
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