quinta-feira, 5 de março de 2015

Presidente da Câmara quer votar proibição de adoção por casais homoafetivos e Dia do Orgulho Hetero

O deputado Eduardo Cunha, do PDMB, eleito presidente da Câmara, além do seu histórico em escândalos de corrupção e do apoio a pautas arcaicas que ferem o respeito aos direitos humanos, como visto aqui tem se mostrado cada vez mais empenhado em defender os interesses da ala conservadora do Congresso – que nas últimas eleições cresceu mais que qualquer outra -, composta sobretudo por parlamentares da bancada evangélica, da qual ele faz parte.
Depois de arquivada no Senado a Lei que criminaliza a homofobia, o próximo passo agora rumo ‘Indonesização’ – país onde homossexualidade é crime passível de morte – do Brasil é a criação do dia do Orgulho Hétero. A campanha contra os ‘PTralhas’ está cegando os olhos do Brasil para onde realmente o perigo mora – sem desmerecer os grandes erros já cometidos pelo partido, claro. O câncer do governo brasileiro reside sobretudo no PMDB, que além de lotear os ministérios, espalhando incompetência e corrupção, preside mal as duas Casas e atrapalha o desenvolvimento de uma democracia real. O PT mesmo com uma atrapalhada atrás da outra, vem tentando colocar em votação na Câmara por meio de sua bancada alguns projetos que criminalizem a homofobia e façam valer algumas palavras de Dilma em sua campanha.
Já Cunha desarquivou todas as suas propostas que haviam sido ignoradas pela Câmara e agora quer acelerar a votação de projetos de lei como os que visam criminalizar a heterofobia, criar o dia do Orgulho Hétero e o estabelecimento do conceito de núcleo familiar apenas aquele composto por um homem e uma mulher, o que daria poderes à Justiça de proibir a adoção por casais homoafetivos, uma vez que estes não constituiriam mais um núcleo familiar.
Criar o dia do Orgulho Hétero é atitude nada mais que esperada, num país que é o responsável por 40% dos assassinatos de transexuais e travestis registrados em todo o mundo? Fazendo uma analogia bem grosseira, seria o mesmo que criar em Israel o Dia do Orgulho Nazista. Obviamente, não é porque existe uma data comemorativa ao orgulho hétero que as pessoas se sentirão mais respaldadas para assassinar homossexuais. Contudo, num país com destaque mundial em crimes com cunho homofóbico, a criação da lei que criminaliza a heterofobia, enquanto a criminalização da homofobia é ignorada, seria um ultraje sem precedentes e um atestado de conivência com a brutalidade.
Convenhamos, não há dados de cidadãos mortos por serem heterossexuais. As pautas sugeridas pelo deputado contra o que ele chama de ‘ideologia’ gay, são nada mais que o abuso de seu poder para fazer prevalecer suas opiniões pessoais e de uma minoria conservadora que não representa os anseios da população e tampouco a laicidade do Estado Brasileiro – suscitam também propostas de inclusão do criacionismo na educação básica. Enquanto há reformas urgentes a serem votadas como a política e a tributária, nossos representantes gastam seu tempo e o nosso dinheiro – que os paga muito bem – para ficarem se preocupando com quem o vizinho do lado está dormindo.
O retrocesso nos direitos de constituição de família adquirido a duras pedras pela população homossexual, são um crime contra a cidadania. Cidadãos que votam, contribuem com o seu suor para a arrecadação de impostos altíssimos e que representam cerca de 10% da população não podem ter seus direitos ceifados devido à uma minoria tirana que permanece no poder. Enquanto Cunhas fortalecem seu orgulho hétero, há milhares de crianças abandonadas esperando por uma família, que homo ou heteroafetiva, esteja pronta para oferecer amor e cuidados.

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