As principais críticas a Mercadante referem-se a decisões vistas como de confronto com o PMDB. O governo estimulou o lançamento da candidatura do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) contra Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que acabou eleito presidente da Câmara, em fevereiro.
Desde o início do mês, Levy já esteve no Congresso reunido com Renan Calheiros e Eduardo Cunha para discutir as medidas do pacote, assim como com a bancada do PT na Câmara, com a qual ele se reuniu na última terça-feira. A ausência de Mercadante no encontro com seu partido não passou despercebida aos participantes da reunião.
Protestos
Após as manifestações do dia 15 de março contra o governo Dilma, que levaram milhares de pessoas às ruas, outros nomes da articulação política vieram a público responder pelo Palácio do Planalto. Coube aos ministros da Justiça, José Eduardo Cardozo, e da Secretaria-Geral da Presidência, Miguel Rossetto, falar ainda no domingo sobre os protestos. O resultado da entrevista foi considerado "um desastre" por petistas e aliados, principalmente pelo tom de confronto adotado por Rossetto.
No dia seguinte, houve a troca dos porta-vozes do governo. Dessa vez, Cardozo fez dobradinha com o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga (PMDB). Ambos participaram de coletiva de imprensa no Palácio do Planalto para, numa nova tentativa, apresentar uma resposta do governo aos protestos. Mercadante, mais uma vez, esteve ausente.
O chefe da Casa Civil até participou do lançamento, no Palácio do Planalto, do pacote anticorrupção, na quarta-feira passada. Mas foi o ministro da Justiça quem voltou a ser o protagonista na apresentação feita aos líderes do Congresso. Foi Cardozo também quem comentou a queda na aprovação de Dilma, que chegou a 13%, e a reprovação, a 62%, segundo o Datafolha.
O chefe da Casa Civil teve ainda participação discreta na apresentação da medida provisória da renegociação das dívidas dos clubes, lançada por Dilma e pelo ministro do Esporte, George Hilton, na última quinta-feira.
Confiança
Embora o afastamento de Mercadante da coordenação política já tenha sido posto em prática, integrantes da cúpula do PT e de partidos aliados apostam que dificilmente Dilma irá tirá-lo da Casa Civil, por se tratar de um cargo de confiança da presidente. O ministro da Defesa, Jaques Wagner,muito próximo de Lula, é o mais lembrado para assumir o posto por ser considerado mais habilidoso na condução política.
A presidente preferiu, até o momento, ampliar o núcleo da articulação política, com a inclusão dos ministros da Ciência e Tecnologia, Aldo Rebelo (PCdoB), da Aviação Civil, Eliseu Padilha (PMDB), e de Gilberto Kassab.
Declaração de Dilma da semana passada, de que irá fazer mudanças "pontuais" em sua equipe, também foi interpretada por aliados como um sinal da indisposição da presidente em tirar Mercadante do Planalto.
Ele passou a ser o nome mais lembrado para voltar ao Ministério da Educação, em substituição a Cid Gomes, depois que um bate-boca com Eduardo Cunha no plenário da Câmara o levou à demissão. Mas já há, entre líderes políticos, quem aposte que Dilma irá optar por um "técnico" para tocar a pasta.
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