O promotor que retomou a acusação de suposto acobertamento contra a presidente argentina, Cristina Kirchner, depois da morte suspeita do autor da denúncia, Alberto Nisman, recusou-se a ir ao Congresso para expor seus argumentos, informou uma fonte judicial nesta sexta-feira.
O promotor Gerardo Pollicita tinha sido convidado a comparecer na segunda-feira pela bancada governista Frente para a Vitória (FPV), que queria conhecer as provas do caso.
Nisman, o primeiro promotor que apresentou a denúncia, em 14 de janeiro, foi encontrado morto com um tiro na cabeça em seu apartamento.
Ele morreu na véspera do dia em que era aguardado no Congresso, citado pela oposição para apresentar provas contra Kirchner, o chanceler Héctor Timerman, e pessoas próximas ao governo, acusadas de acobertar ex-governantes iranianos pelo atentado antissemita de 1994, que deixou 85 mortos.
Pollicita retomou a denúncia e a apresentou ao juiz Daniel Rafecas, que ainda não se pronunciou se dará curso à investigação.
"Para nós, era importante que fosse explicar os argumentos, mas era um convite, não é obrigado a ir", disse ao Canal23 o deputado Pablo Kosiner, que condenou os argumentos dos deputados da oposição que acusam o governo de atrapalhar as investigações.
Kosiner lembrou que foi a oposição quem convocou Nisman para ir ao Congresso e reforçou que "o debate no Congresso é positivo, seja qual for a força que o convoque".
Na quarta-feira, uma multidão foi às ruas de Buenos Aires, em um ato convocado por seus promotores opositores ao governo um mês após a morte de Nisman. O governo qualificou a marcha como uma manifestação opositora que visa à desestabilização.
A presidente ignorou publicamente o tamanho da marcha e na quinta-feira publicou, em sua conta no Twitter, as mensagens que recebeu por ocasião de seu 62º aniversário, entre elas dos presidentes da China, Xi Jinping, e do Equador, Rafael Correa.
Em tom de brincadeira, a presidente lembrou de uma anedota ocorrida em sua recente viagem a Pequim.
"No horóscopo chinês sou a serpente. Quando, no jantar, na China, comentei ao presidente Xi Jinping e sua esposa, ele me disse que era serpente e Mao Tse Tung também (por favor, se abstenham de dizer que quero me comparar a Mao). Obrigada", escreveu.
Kirchner celebrou um ato pela ampliação de uma usina nuclear ao norte de Buenos Aires horas antes da marcha e depois se recolheu na residência de verão de Chapadmalal, 300 km ao sul da capital argentina.
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