Para David Baker, a Lua exerce um fascínio porque está ali visível todas as noites. "Uma viagem à Lua dura apenas três dias, e mandar astronautas para lá por um curto período de tempo é algo que exige poucos recursos. Um dos objetivos da China é colocar astronautas na Lua", afirma.
Já Monica Grady prevê que alguns grupos estabeleçam uma base semipermanente na Lua. "Não é uma colonização; o local servirá para lançar foguetes que explorarão o Sistema Solar no futuro", diz.
...mas (ainda) não vai a Marte
Para Pace, a questão das parcerias internacionais também foi afetada pela decisão dos Estados Unidos de se dedicar a uma missão para Marte. "Muitas outras agências espaciais disseram que se tratava de algo muito ambicioso. Estrategicamente, escolhemos uma direção que nos tirou das parcerias", diz.
Baker critica a ideia de ir a Marte como "drástica, perigosa e prematura". "A Orion só consegue manter sua autonomia no espaço por três semanas – não serve para abrigar seres humanos no caminho até Marte", explica. "A imagem que a Nasa passa para a opinião pública é muito diferente daquilo que ela tem capacidade para realizar."
"Estamos começando a assistir a uma corrida espacial entre a Índia e a China, e acho que isso tende a crescer nos próximos anos", aposta o ex-engenheiro David Baker.
Scott Pace discorda: "Não creio que se trata de uma corrida. Para a China, a conquista espacial é uma maneira de estimular o orgulho nacional e apoiar o Partido Comunista, assim como uma maneira de melhorar a qualidade industrial e atrair jovens para a área de ciência e tecnologia".
"Nos Estados Unidos e na Europa, cada vez que um novo governo assume o poder, muda as políticas espaciais. Essa descontinuidade gera uma enorme perda de tempo e de recursos", afirma Monica Grady. "A China leva vantagem nessa área ao ter um sistema político não democrático que pode fazer planos com bastante antecedência e que sabe que eles serão cumpridos".
O futuro da Estação Espacial é incerto
O analista Pace lembra que os Estados Unidos estão comprometidos com a EEI até 2024, mas questiona se os demais países permanecerão no projeto até lá, principalmente a Rússia.
"Isso vai depender do futuro das relações entre os dois países. Ambos dependem mutuamente do outro para que o projeto dê certo. Será preciso um grande esforço para isolar isso dos demais problemas nas relações entre russos e americanos", diz ele.
Já Baker acredita que a EEI será tirada da órbita terrestre, já que a Rússia não poderá seguir operando a base sozinha por não ser sua única dona. "Quando chegarmos em 2020, serão mais de 20 anos desde que os primeiros componentes da EEI foram lançados", lembra.
Pace prevê que em meados de 2020 a China terá uma estação espacial em órbita e afirma que a Europa já está em negociação com o país asiático para ter alguns astronautas a bordo.
As missões lançadas por empresas particulares, como a Virgin Galactic, a SpaceX e a XCOR, mas reconhecem que será um privilégio para pouquíssimas pessoas.
"Será algo para os super-ricos, da mesma maneira que os primeiros voos de avião também foram feitos por super-ricos", lembra Monica Grady.
Para David Baker, a iniciativa poderia ser uma maneira de enviar cientistas para experimentos em voos sub-orbitais. "Quando as empresas privadas se consolidarem como algo independente dos governos, teremos resultados surpreendentes", diz.
Já Pace vê com cautela o avanço das companhias particulares. "A falta de planos do governo americano para além da EEI é algo perigoso para o setor comercial espacial emergente. Sem uma demanda governamental clara, é difícil ver como essas empresas poderão se manter sozinhas. Hoje em dia, a Nasa injeta nelas bilhões de dólares para que desenvolvam projetos que atendam à própria Nasa", explica.
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