Regime de Teodoro Obiang terá contribuído com três milhões de euros para desfile inspirado na Guiné Equatorial. Responsáveis da Beija-Flor desmentem montante e origem do patrocínio.
A escola de samba Beija-Flor foi a grande vencedora do desfile de Carnaval do Rio de 2015, com um enredo que prestou homenagem à Guiné Equatorial e que terá sido inteiramente patrocinado pela própria nação africana. A Guiné Equatorial é presidida por Teodoro Obiang, um dos homens mais ricos de África que chegou ao poder em 1979, depois de um golpe de Estado, mantendo desde então um regime ditatorial que tem sido acusado de desrespeitar os direitos humanos: apesar de 20 anos de produção de petróleo, a grande maioria dos habitantes do país vive na pobreza.
A Amnistia Internacional foi das primeiras organizações a pronunciar-se, pedindo transparência e sublinhando, segundo a BBC, que um dos desfiles de Carnaval mais famosos do mundo não pode ser patrocinado por um homem acusado de corrupção e violação dos direitos humanos.
Segundo a imprensa internacional, a Beija-Flor terá recebido um apoio de 10 milhões de reais, cerca de três milhões de euros, do Governo da Guiné Equatorial. Mas os responsáveis da escola já vieram desmentir o patrocínio, dizendo que a verba recebida foi fornecida por construtoras brasileiras que operam na Guiné Equatorial. O próprio embaixador da Guiné Equatorial no Brasil, Benigno Tang, negou que o governo do seu país tenha financiado o desfile da escola carioca, referindo que os financiadores "foram culturais"" e que o regime de Obiang nada teve a ver com isso. "Somente pessoas do meio cultural", sublinhou, acrescentando que o valor divulgado pela imprensa era "uma soma excessiva".
Já o presidente da Beija-Flor, Farid Abraão, admitiu ter recebido verbas da Guiné Equatorial mas não precisou o valor, afirmando que a ideia foi fazer um enredo para "falar de um país africano, que até então muita gente não conhecia. Nossa questão aqui é Carnaval. O regime não nos compete", disse em entrevista ao G1.
Esta quinta-feira, em comunicado, o governo da Guiné Equatorial declarou que a homenagem ao país durante o Carnaval no Rio de Janeiro foi uma iniciativa de empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial e não do executivo ou da presidência, coincidindo com a versão que já tinha sido avançada por responsáveis da Beija-Flor. "Esta iniciativa partiu das empresas brasileiras que operam na Guiné Equatorial, em conjunto com a escola Beija-Flor. Uma iniciativa que apoiámos (...), com material para o espetáculo e informação sobre o país, a sua arte e cultura. Também participou, juntamente com a escola de samba Beija-Flor, a companhia de bailado da Guiné Equatorial, Ceiba", refere o comunicado de Teobaldo Nchaso Matomba, ministro da Informação, Imprensa e Rádio e porta-voz do Governo.
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