O nome “cara da casa de vidro”, uma suposta referência ao Palácio do Planalto, teria sido utilizado em ligação no dia 9 de fevereiro de 2020, durante a noite, entre dois investigados. O contato foi feito horas depois da morte de Adriano da Nóbrega, ex-policial do Bope que, segundo escutas reveladas em fevereiro, dizia-se “amigo do presidente”.
Quem usou a expressão foi Ronaldo Cesar, o Grande, identificado como elo entre negócios legais e ilegais de Adriano da Nóbrega, segundo a reportagem. Ele disse, a uma mulher não identificada, que telefonaria para o “cara da casa de vidro”. Além disso, demonstrou preocupação com Adriano da Nóbrega e que alertou que “iria acontecer algo ruim”.
“Grande diz que alertou a Adriano que iria acontecer alguma coisa ruim. Grande diz que Adriano era sinistro. Grande diz que vai ligar pro cara da casa de vidro, quer saber como vai ser o mês que vem e diz que a parte do cara tem que ir. Diz que não sabe que o outro lá vai continuar pagando”, descreve o relatório.
Em 13 de fevereiro de 2020, quatro dias depois da morte de Adriano da Nóbrega, Grande fala com um homem não identificado (HNI), descrito em maiúscula como “PRESIDENTE”.
“Grande fala sobre que está tendo problemas com a família devido às divisões dos bens. HNI se coloca à disposição de Grande caso venha a ter algum problema futuro”, diz o documento.
Na mesma data, o nome “Jair” aparece em conversas de outros colegas de Adriano da Nóbrega, como o pecuarista Leandro Abreu Guimarães e a esposa Ana Gabriela Nunes. O casal escondeu Adriano da Nóbrega numa fazenda da família nos arredores de Esplanada, na Bahia, em 31 de janeiro de 2020, após ele escapar do cerco policial.
A reportagem é baseada em escutas que o Ministério Público realizou enquanto investigava Adriano da Nóbrega, mas o processo foi paralisado, destaca o Intercept. O miliciano, suspeito de envolvimento com o “Escritório do Crime”, no Rio de Janeiro, estava foragido quando foi morto.
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