O estudo apontava que as pessoas negras tinham menos acesso ao consumo de frutas e hortaliças que as pessoas brancas (29,5 vs 39,1%), que os negros tinham maior tendência ao consumo abusivo de bebidas alcoólicas (19,2 vs 16,6%) e avaliavam de maneira mais negativa o sistema de saúde do que os brancos (5,2% vs 4,0%). Por outro lado, a pesquisa também indicava que a população negra apresentava frequências maiores do que a população branca na prática de atividade física (15,3% vs 13,3%) e conduzia com menor frequência veículos após o consumo de bebida alcoólica (4,7% vs 6,3%).
O estudo chamado “Vigitel Brasil 2018 População Negra: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico” foi desenvolvido em 2018 e estava no ar desde julho do ano passado na página da Secretaria de Vigilância em Saúde. A área é a mesma que sofreu uma intervenção da gestão Bolsonaro na semana passada para a alteração do cálculo dos casos e mortes por Covid-19 no país. Em maio, os dados dos infectados e mortos pelo novo coronavírus com recorte de cor/raça também deixaram de ser publicados após indicarem que a doença era mais letal entre a população negra.
De acordo com servidores do Ministério da Saúde ouvidos pela coluna de Rubens Valente no Uol, sob a condição de não terem seus nomes publicados, a retirada do estudo sobre a população negra da página na internet faz parte de uma estratégia do governo Bolsonaro de implementar um discurso “de que não há diferenças entre as populações negra e branca” e “de que não existem mais políticas identitárias”.
Procurado pela coluna do Uol, o Ministério da Saúde encaminhou um link que leva ao estudo sobre a população negra em uma biblioteca virtual, mas não à página da Secretaria de Vigilância em Saúde, onde o levantamento foi originalmente colocado. Questionado sobre o por que de o estudo continuar fora da página, o Ministério não se posicionou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário