Alunos e professores deram um abraço simbólico na Universidade de Brasília em protesto contra o corte de recursos. O reitor da federal do Piauí disse que a universidade pode fechar até o fim do ano. “Se não houver o desbloqueio, vai ficar inviável a universidade funcionar até o final do ano. Não haverá recursos suficientes para honrar todos os compromissos orçamentários até o final do ano”, disse o reitor da UFPI, Arimateia Lopes.
No exterior, mais de mil intelectuais de universidades do Brasil, dos Estados Unidos e da Europa assinaram um manifesto criticando outra decisão do governo: a de reduzir investimentos em cursos como filosofia e sociologia.
No Congresso, o clima de críticas não foi diferente. Na audiência pública, o ministro da Educação foi muito cobrado pelo bloqueio de verbas das universidades. Abraham Weintraub disse que não foi corte e afirmou que com a aprovação da reforma da Previdência, o dinheiro pode voltar.
“Não há corte. Foi um contingenciamento que foi, não imposto, a gente precisa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. É básico aqui, se não, estoura o país. Até descumpre a lei, tem que cumprir. A economia impôs esse contingenciamento diante da arrecadação mais fraca e nós obedecemos. Eu tenho que obedecer às leis. Se a gente conseguir passar a Previdência e voltar a arrecadação, volta o orçamento”, explicou o ministro.
Os senadores também perguntaram sobre a autonomia das universidades e citaram a justificativa dada por Weintraub, semana passada, para o bloqueio no orçamento de três universidades, segundo ele, porque as universidades promoviam balbúrdia.
“Sou 100% a favor da autonomia universitária, para mim mais liberdade para as universidades, mas autonomia universitária não é soberania universitária. Eles não são um estado soberano. Os campi que têm no Brasil não pode ter consumo de drogas ilícitas dentro dos campi, porque a lei não permite no território nacional o consumo. Por que a polícia não pode entrar dentro de um campus de uma escola? É um país autônomo? Tem uma violência acontecendo lá dentro, o que pode fazer? Nada? Temos que bater palma? Está errado isso",
“Nós estamos muito atrás de países da América Latina, nós estamos ganhando de quase ninguém. Então o ensino está muito mal. Então ele traz o diagnóstico e aponta soluções. Eu entendo que o ministério na mão dele aponta para soluções com as quais eu concordo”, afirmou o senador Márcio Bittar (MDB-AC).
“Não é com ideologia. Nós é que dizemos que não é com ideologia que vai se resolver o problema da educação brasileira. O ensino superior brasileiro é responsável por 90% da produção científica nacional, e o ministro demonstrou concretamente que desconhece essa realidade”, disse o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder do partido.
O ministro também foi questionado sobre as prioridades do ministério e voltou a dizer que o foco principal é na educação básica.
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