Em julho deste ano, o GLOBO esteve no “hospital espiritual” de João. Ele entregou um papel com sua rubrica à repórter. Voluntários explicaram que o papel deveria ser entregue na farmácia para comprar remédios. Foram cobrados R$ 100 por duas caixas de passiflora com 80 cápsulas cada uma. Segundo a orientação impressa na embalagem, o paciente deveria tomar o remédio duas vezes ao dia. No depoimento, João afirmou que não havia entrega de receitas escritas e que o preço seria de R$ 50 por uma embalagem com 10 comprimidos.
Ainda no depoimento, João afirma que não tem responsabilidade pelo que faz nos atendimentos espirituais. Ele diz que “as orientações são repassadas pelo espírito”. Questionado se faz tratamento com cirurgias incisivas, ele nega e diz que “Deus que faz”. As notas taquigráficas do depoimento mostram a explicação dada pelo médium:
“No atendimento não é repassada receita, as orientações são repassadas pelo espírito, ou seja, não é de maneira escrita. Esclarece que apenas atende e orienta. Informa ainda que alguns frequentadores já adquirem os produtos, mesmo sem o encaminhamento do espírito, pois são frequentadores do local há muitos anos e acreditam na eficiência do produto.”
João negou, também, ter chamado “qualquer pessoa para se submeter a um atendimento individualizado”. Segundo seu depoimento, “são as pessoas que o procuram em busca de um atendimento individualizado, vez que são os frequentadores quem solicitam tal atendimento e não o interrogado”. As vítimas, por sua vez, contam terem sido orientadas pelo próprio médium, durante a sessão coletiva, a encontrarem com ele após o atendimento geral para uma reunião.
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