A circulação do boato, entretanto, coincide com um fato real. A polícia de Angra, de fato, investiga a intoxicação de duas crianças e um adulto que consumiram balas encontradas na praia no dia 20 de fevereiro. As crianças tiveram de ser socorridas por uma equipe do Samu e levadas de barco para uma unidade de pronto atendimento. A enfermeira do Samu que atendeu as vítimas e também o pai da criança, que não vê nenhuma relação entre o boato e o fato real.
A mensagem que circula pelo WhatsApp aponta para duas embalagens: uma de uma bala de morango Popping Candy Bonbons Pettillants e outra com o pirulito Blong Energy. A empresa que produz o pirulito divulgou um comunicado no qual afirma que "os pirulitos e chicles Blong Energy não possuem nenhum ingrediente energético, estimulante ou alcoólico em sua composição". Já a embalagem da Popping Candy tem circulado junto de outros boatos envolvendo balas na web - ou seja, não é a primeira vez que a foto é usada para ilustrar uma notícia falsa.
Veja o texto da mensagem falsa
Re, divulga no colégio no grupo do colégio do Ruan. Já é a terceira criança que atendemos na emergência com intoxicação por esse pirulito que contém energético. Hoje eu atendi uma criança de 10 anos apresentando falta de ar, vômitos, queda da pressão, aumento da frequência cardíaca, tosse incessante. Acredito que por ser uma criança com peso de adulto não causou efeitos colaterais piores. Semana passada atendemos uma criança de 5 anos com sangramento nasal, alteração neurologica (andar, fala, movimentos) que tinha sido exposta a esse pirulito. Então me faz esse favor. Por favor estou divulgando em outros grupos também !!! Obrigada. Aqui em Angra teve duas crianças que foram para o hospital com parada cardíaca. Por favor, mostre isso aos seus filhos e avise-os que não é doce. É extase!!! Por favor, para todos que você conhece !!!
Veja a nota do fabricante do pirulito
"Os pirulitos e chicles Blong Energy não possuem nenhum ingrediente energético, estimulante ou alcoólico em sua composição, podendo ser consumido por pessoas de todas as idades. O sabor é caracterizado pela combinação de aromas artificiais de framboesa com abacaxi, como pode ser conferido na lista de ingredientes. A soma desses aromas remete exatamente à lembrança dos energéticos, o que foi caracterizado pela marca Energy"
Agora, veja o caso real
O pai da criança diz que nenhuma das embalagens que circulam no WhatsApp corresponde à embalagem da bala que seu filho consumiu. Ele diz que a embalagem encontrada com seu filho e com seu sobrinho é de uma outra marca. Mas, segundo ele, a embalagem estava aberta e colada com fita adesiva. Ele suspeita que a embalagem tenha sido usada apenas para guardar as balas "batizadas" que estavam dentro. "Possivelmente algum turista estrangeiro a usou para despistar." A polícia apreendeu o invólucro.
O incidente envolvendo as crianças ocorreu no dia 20 de fevereiro na praia de Dois Rios. Segundo o pai, as crianças de 5 e de 7 anos, seu filho e seu sobrinho, respectivamente, estavam na praia e encontraram as balas dentro de uma bolsa pequena.
"Essas 'jujubas' deviam conter algum alucinógeno ou algum remédio. Talvez sejam drogas mesmo. Quando encontramos as crianças, elas já haviam comido as balas. Ainda passou um amigo da família, que comeu outras quatro 'balinhas' dadas por elas. Então não foi possível identificar a substância."
As crianças foram levadas de carro para o posto de saúde do bairro Abraão. Depois, acabaram transferidas de lancha da Defesa Civil para Angra. De lá, foram para a UPA pediátrica da Japuíba, onde ficaram de observação até o dia seguinte. Já o amigo da família não precisou ser transferido e só recebeu os primeiros socorros.
Segundo o pai, as crianças não apresentaram os sintomas relatados no boato, como sangramento nasal, tosse incessante, vômitos. "Eles ficaram com as pupilas dilatadas e tiveram alucinações."
A enfermeira do Samu Beatriz Bessa conta como encontrou as crianças. "Eu fui junto com a Defesa Civil buscar as crianças na lancha. O Samu foi acionado pelo médico do pronto atendimento do Abraão. As crianças tinham sinais de intoxicação por alguma droga ilícita, estavam apresentando sinais de alucinações, não estavam conseguindo falar, não estavam conseguindo nem ficar em pé. Estavam bem intoxicadas mesmo. Retiramos em maca porque elas não tinham condição de andar", diz.
Ela conta que o saquinho de balas encontrado com as crianças não é brasileiro e tinha inscrições em inglês. "As crianças relataram para os pais, quando ficaram bem, que era uma bala tipo jujuba", afirma. A polícia apura o caso.
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