Um paciente de 58 anos morreu no último dia 7 de dezembro por falta de material cirúrgico no Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes, da rede pública do Governo do Ceará. Há três meses, Maria das Dores e o filho chegaram em Fortaleza cheios de esperança de que o marido, Valcides Pereira, de 58 anos, fizesse um transplante.
Segundo familiares, ele tinha um problema sério no coração e em Santa Catarina, onde morava, não conseguiu fazer a cirurgia, por isso foi encaminhado para o Ceará. A família disse que Valcides ficou internado 47 dias e a família reforçou que nesse período surgiram quatro corações compatíveis para o transplante, mas a cirurgia não chegou a ser feita.
“Aparecia um coração, aquela expectativa: ai, hoje vai, amanhã já vai tá transplantado. Daqui a pouco, chegavam: olha não deu certo. Mas depois eu fiquei sabendo de fonte segura lá de dentro que realmente foi falta de material”, disse a comerciante Maria das Dores Deodato Pereira. “Eu fiquei sabendo que era a falta de um medicamento pra rejeição”, complementa.
“Não tem como aceitar e ainda tem mais gente lá esperando e ainda não tem”, afirmou o parente Israel Deodato Pereira.
Valcides não conseguiu esperar. Acabou morrendo no hospital do coração, que é pioneiro e referência em transplantes e cirurgias cardíacas no nordeste. O diretor do hospital, Frederico Augusto de Lima e Silva, confirma que os transplantes não estão acontecendo.
“Essa suspensão de transplante foi devido à falta de um material, de uma droga, de um remédio, que é imprescindível na realização desse procedimento e que a empresa não tem o insumo básico, então, ela não tá fabricando a tempo de nos entregar”
Falta de materiais básicos
As cirurgias no Hospital do Coração, em Fortaleza, começaram a ficar comprometidas no início do mês passado. Segundo médicos e funcionários que não querem se identificar, a ausência do medicamento citado pela direção do hospital não é o único motivo. Hoje, a lista de remédios e materiais em falta no centro cirúrgico é bem maior. Um documento de controle interno do hospital mostra a falta de quatro medicamentos, além de materiais, como cateter, compressas, dreno e fios de sutura.
“Algum fio de sutura inapropriado, às vezes, você, pelo tipo de agulha que vem diferente na compra, você tem que trocar, adiar a cirurgia enquanto troca, o que eu estou querendo dizer é que não há comprometimento, ou seja, eu desafio alguém que tenha chegado aqui, à exceção desse caso de transplante. Que tenha chegado com alguma urgência que não tenha sido operado”.
Em um vídeo feito por um acompanhante de um paciente mostra o hospital lotado, inclusive nos corredores. Muitos doentes a espera de cirurgia. O assistente administrativo Jonas Vidal diz que a mãe dele já está no hospital há dois meses e ainda não sabe quando vai sair.
“Ela está precisando de uma válvula no coração e de um stencil e por falta de material cirúrgico ela não está em condições de ser operada”, lamentou.
Segundo a Secretária de Saúde do Ceará, o fornecedor se comprometeu a enviar um primeiro lote do medicamento usado pelos pacientes que fazem transplante a partir da próxima semana. Outros lotes serão entregues em janeiro e fevereiro.
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