Pelas contas da oposição, cerca de 260 pessoas, no máximo, devem endossar o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), que rejeita a continuidade das investigações. É o suficiente para impedir a continuidade do processo, mas demonstra enfraquecimento do Planalto. Da primeira vez que Temer foi denunciado, em julho, o presidente fechou a conta com 263 parlamentares. “Hoje ele não vai ter essa deferência, até porque muito do que foi prometido da primeira vez, quando se falava de corrupção passiva, não foi cumprido. O que vai ajudar o Executivo a sair dessa é o apoio dos ministros”, comentou um deputado opositor.
Ao contrário do que fez na primeira denúncia, Temer manteve-se afastado das articulações no período que antecede a nova votação. Passou o sábado no Mato Grosso do Sul e, embora não tenha marcado nenhum encontro oficial para ontem, recebeu políticos no Palácio do Jaburu. “Ministros são assessores do presidente. Desta vez, eles fizeram o dever de casa e entraram nessa história para valer. Especialmente o Eliseu e o Moreira”.
Segundo o vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, deputado Beto Mansur (PRB-SP), “os ministros estão ajudando o governo agora, mas também ajudaram antes”. Além de tentar negociar os votos dos parlamentares, alguns ministros de Estado (oito, no total) pediram exoneração dos cargos que ocupavam para retomar seu assento no plenário e votar a favor do presidente. “A desincompatibilização foi outro sinal de apoio. A oposição pode falar o que quiser, mas, pelas nossas contas, vamos ter uma votação tranquila e poderemos encerrar esse assunto de vez”, acrescentou.
Arquivo
Como o fatiamento da denúncia em três partes (uma para cada um dos denunciados) — proposta do deputado Alessandro Molon (Rede-RJ) — não foi aprovado na CCJ, os ministros tiveram de se empenhar de maneira que houvesse benefício à coletividade. “O fato de ser apenas uma denúncia em vez das três fez com que Temer garantisse mais engajamento dos ministros”, acredita Antonio Augusto de Queiroz, diretor de documentação do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap).
Segundo Toninho,“além do esforço pessoal, o presidente conta com dois operadores-chave na máquina do governo. Eles poderiam estar 30% dispostos a salvar Michel Temer, mas estão 100% dispostos a salvar a própria pele”, explicou. “Ter todo mundo no mesmo pacote facilitou a vida do presidente.” Para garantir o posicionamento favorável ao arquivamento da segunda denúncia, Padilha e Moreira intervieram em outras pastas, lembrou. “Os ministros avançaram em quem não deu resposta rápida e resolveram. Uma coisa que facilita é que a Casa Civil (sob comando de Padilha, um dos denunciados pela PGR) coordena os demais ministérios, pode tomar decisões setoriais”, disse.
A avaliação de Toninho é que, enquanto Temer teria condições de barrar a segunda denúncia mesmo se estivesse sozinho no barco, como da primeira vez, os ministros teriam muito mais dificuldade em angariar os votos necessários. Por isso esse engajamento. O mais vulnerável, nesse cenário, seria Moreira Franco, visto como “arrogante” por alguns congressistas.
Depois do cachorro, as crianças
Parte da campanha “Agora é Avançar”, que deve ser iniciada oficialmente pelo Palácio do Planalto nas próximas semanas, duas postagens do presidente Michel Temer rodeado de crianças no município de Miranda (MS), onde ele esteve no último sábado para resolver questões ambientais, mostram um esforço do peemedebista para tentar diminuir a rejeição à imagem. Em conta no Twitter, o peemedebista escreveu: “Fui recebido com muito carinho pelos filhos de trabalhadores rurais que participam de projeto de educação socioambiental. Na sequência, Temer complementou o texto: “Final de semana gratificante. É isso que me motiva a continuar as transformações que estão colocando o País no rumo certo”. No fim de semana passado, Temer tirou foto ao lado de um cachorro no Palácio do Jaburu.
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