
“Hoje (último dia 21) esse Moro resolveu prender um blogueiro, ele que mande me prender. Eu recebo a turma dele na bala”, afirmou Ciro, em vídeo que circula nos WhatsApps dos advogados.A ação da PF investiga o suposto vazamento de informações da 24ª fase da operação Lava Jato, iniciada em março de 2016, que tinha como alvos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua família e assessores.
A condução coercitiva recebeu repúdio da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entidade máxima do jornalistas, e do Sindicatos de Jornalistas. Em nota, as entidades afirmaram que, além da arbitrariedade da condução coercitiva, a PF "devassa dados pessoais e desrespeita o sigilo de fonte garantido pela Constituição Federal em seu Artigo 5º", parágrafo XIV, em que define que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
"A Polícia Federal ataca, ainda, a liberdade de imprensa e de expressão do blogueiro – a mesma PF que tem vazado informações seletivamente de acordo com os próprios interesses, sem levar em consideração os interesses da sociedade", diz a nota.
A ONG Repórter Sem Fronteiras, uma das principais instituições de defesa do jornalismo no mundo, com sede em Paris, a “clara tentativa de quebra do sigilo da fonte” do blogueiro Eduardo Guimarães, do “Blog da Cidadania”, representa “um grave atentado à liberdade de imprensa e à Constituição brasileira, que garante esse direito”, disse à BBC Brasil Artur Romeo, coordenador de comunicação da organização no Brasil. “A condução coercitiva desse jornalista já é por si só um abuso, já que ele não havia sido convocado para depor nem se negado a fazê-lo”, acrescentou Romeo, da RSF. “É um recurso abrupto para forçar o depoimento”, disse.
Jornalistas da imprensa nacional também se manifestaram contra a decisão de Moro, dentre eles está Reinaldo Azevedo, que, apesar de ter uma posição ideológica oposta a de Guimarães, afirmou que o blogueiro foi alvo de uma arbitrariedade determinada por Moro. "Se a razão da condução foi o tal vazamento, trata-se de algo inaceitável. E não falo só por ele, mas também por mim e por todo mundo. Se aceito que se cometa uma arbitrariedade contra quem não gosto, ponho, é inevitável, uma corda no meu próprio pescoço", disse ele Reinaldo.
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