Pré-candidato a presidente da República pelo PDT, o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (CE) criticou duramente o juiz federal Sérgio Moro por causa da condução coercitiva do blogueiro Eduardo Guimarães, do Blog da Cidadania.
“Hoje (último dia 21) esse Moro resolveu prender um blogueiro, ele que mande me prender. Eu recebo a turma dele na bala”, afirmou Ciro, em vídeo que circula nos WhatsApps dos advogados.A ação da PF investiga o suposto vazamento de informações da 24ª fase da operação Lava Jato, iniciada em março de 2016, que tinha como alvos o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua família e assessores.
A condução coercitiva recebeu repúdio da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), entidade máxima do jornalistas, e do Sindicatos de Jornalistas. Em nota, as entidades afirmaram que, além da arbitrariedade da condução coercitiva, a PF "devassa dados pessoais e desrespeita o sigilo de fonte garantido pela Constituição Federal em seu Artigo 5º", parágrafo XIV, em que define que “é assegurado a todos o acesso à informação e resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao exercício profissional”.
"A Polícia Federal ataca, ainda, a liberdade de imprensa e de expressão do blogueiro – a mesma PF que tem vazado informações seletivamente de acordo com os próprios interesses, sem levar em consideração os interesses da sociedade", diz a nota.
A ONG Repórter Sem Fronteiras, uma das principais instituições de defesa do jornalismo no mundo, com sede em Paris, a “clara tentativa de quebra do sigilo da fonte” do blogueiro Eduardo Guimarães, do “Blog da Cidadania”, representa “um grave atentado à liberdade de imprensa e à Constituição brasileira, que garante esse direito”, disse à BBC Brasil Artur Romeo, coordenador de comunicação da organização no Brasil. “A condução coercitiva desse jornalista já é por si só um abuso, já que ele não havia sido convocado para depor nem se negado a fazê-lo”, acrescentou Romeo, da RSF. “É um recurso abrupto para forçar o depoimento”, disse.
Jornalistas da imprensa nacional também se manifestaram contra a decisão de Moro, dentre eles está Reinaldo Azevedo, que, apesar de ter uma posição ideológica oposta a de Guimarães, afirmou que o blogueiro foi alvo de uma arbitrariedade determinada por Moro. "Se a razão da condução foi o tal vazamento, trata-se de algo inaceitável. E não falo só por ele, mas também por mim e por todo mundo. Se aceito que se cometa uma arbitrariedade contra quem não gosto, ponho, é inevitável, uma corda no meu próprio pescoço", disse ele Reinaldo.
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